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Rússia vai reforçar presença naval no Atlântico e Mediterrâneo

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Paul A. Vise / Wikimedia

O porta-aviões Kuznetsov, navio-almirante da frota da Rússia no Atlântico norte, em 1991, escoltado pelo contratorpedeiro norte-americano USS Deyo.

O porta-aviões Kuznetsov, navio-almirante da frota da Rússia no Atlântico norte, escoltado pelo contratorpedeiro norte-americano USS Deyo.

Reforçar as posições estratégicas da marinha no Mar Negro e manter uma presença no Atlântico e no Mediterrâneo são as principais orientações da nova “doutrina naval” da Rússia, atualizada devido à “inadmissível expansão” da NATO até às suas fronteiras.

Publicado na página do Kremlin na Internet, o documento foi tornado público alguns meses depois de ter sido definida também uma nova doutrina militar que reagia já ao reforço dos meios da Aliança Atlântica na Europa Central, num contexto de tensões inéditas desde o fim da Guerra Fria entre Moscovo e o Ocidente, devido à crise ucraniana.

A sua vertente naval, com 46 páginas, sublinha igualmente “o caráter inadmissível para a Rússia dos projetos de deslocação de infraestruturas militares da Aliança para as suas fronteiras“.

O texto determina, nomeadamente, o objetivo de “aumentar as infraestruturas” da Frota do Mar Negro na Crimeia, península ucraniana anexada em 2014 pela Rússia.

Ainda para a região do Mar Negro, a nova doutrina prevê “a reconstituição acelerada e completa das posições estratégicas da Rússia, o apoio à paz e à estabilidade”.

O vice-primeiro-ministro, Dmitri Rogozin, salientou “a tónica colocada no Atlântico e no Ártico“.

“A atenção que damos ao Atlântico é justificada pelo alargamento da NATO ao leste“, declarou às agências de notícias russas.

Precisamente no Atlântico, a nova doutrina visa “garantir uma presença militar naval suficiente da Rússia na região”. O mesmo objetivo é traçado para o Mediterrâneo, com um destacamento de meios “de forma permanente”.

Para o Ártico, onde as autoridades russas contam com a produção de hidrocarbonetos, trata-se de “reduzir as ameaças sobre a segurança nacional e garantir a estabilidade estratégica”.

O documento prevê “aumentar as forças da Frota do Norte“.

“Estas alterações mostram que a Rússia presta particular atenção ao reforço do seu potencial naval no Ártico e no Atlântico para combater a NATO”, comentou o especialista militar Alexandre Golts na rádio Ecos de Moscovo.

Mas “sem um reforço decisivo dos meios da Frota, tudo isto não faz sentido”, acrescentou, contudo.

A NATO, que acusa Moscovo de ter enviado soldados para o leste da Ucrânia, decidiu em fevereiro consolidar a defesa do seu flanco oriental, criando uma nova força de 5.000 homens rapidamente mobilizável, batizada como “Ponta de Lança”, e seis centros de comando e de controlo na Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia.

/Lusa

5 Comments

  1. …depois do e.i. aí está o expansionismo soviético… Apesar de embargados por alguns.
    Os ucranianos é que anseiam pela sua integridade territorial nas barbas da Europa.
    Note-se que se desconhece a resposta do constitucional Russo solicitado pelo ex-kgb quanto à “legalidade jurídica” das independências dos ex-estados da “grande rússia” isto, para além das “pontes” abertas e planos secretos pelos revolucionários de caviar do Syriza… Para serem enchotados da união monetária!

  2. Pois que se passeiem por aí e para alimentar tudo isto os russos terão de pagar a fatura e apertar ainda mais o cinto disso não restarão dúvidas, quando estes se aperceberem de que estão a andar como o caranguejo logo aparecerão as contestações, a repressão e as prisões em massa.

  3. “… Crimeia, península ucraniana anexada em 2014 pela Rússia.” diz a notícia. E a história da anexação é esta: Em 1921 a República Socialista Soviética Autónoma da Crimeia foi criada como parte da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, que se tornou então parte da União Soviética. Em 1954, para comemorar os 300 anos da integração da Ucrânia no Império Russo, Nikita Khrushchev, ucraniano, transferiu a Crimeia para a Ucrânia, por decreto do Soviete Supremo da União Soviética, como “oferta simbólica”. Em 2014 realizou-se um referendo em que 95,5% dos votos foram a favor da anexação do território à Rússia. Na Crimeia 60% da população é russa e 25% é ucraniana.

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