Rússia quer chegar até à Transnístria. Moldávia acelera adesão à UE

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Um comandante russo revelou que o plano da Rússia é ocupar todo o sul da Ucrânia até à Transnístria. Em reação, a Moldávia acelerou o processo de adesão à União Europeia.

Nos últimos dias, a Rússia anunciou que assumiu o controlo de Mariupol, e a região do Donbass está em destaque, com relatos de que é o principal alvo dos russos.

No entanto, um alto comandante militar russo adianta que o plano de Moscovo prevê a ocupação de todo o sul do território ucraniano até à Transnístria, uma região separatista moldava.

O objetivo, conta Rustam Minnekaiev, comandante do distrito central militar, é ligar a Transnístria à Crimeia e deixar Kiev sem acesso ao mar.

“O controlo do sul da Ucrânia também inclui um corredor em direção à Transnístria, onde também se registam casos de opressão da população russófona”, disse o comandante russo, citado pelo The Guardian.

Minnekaiev falou da importância de estabelecer “um corredor terrestre” entre a Crimeia e a Transnístria, ao mesmo tempo que “se afetam objetos vitais da economia ucraniana, os portos do Mar Negro, através dos quais os produtos agrícolas e metalúrgicos são exportados”.

Estas declarações suscitaram inquietação entre as autoridades moldavas, por ter sido este um dos argumentos que Moscovo esgrimiu para justificar a sua invasão da Ucrânia, ao também acusar o Governo de Kiev de perseguição às populações russófonas.

A Moldávia exprimiu “profunda preocupação” junto do embaixador devido às declarações do general russo, indicou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros moldavo.

A Moldávia “considera estas declarações como infundadas e contraditórias com o apoio da Rússia à soberania e integridade territorial do nosso país”, prosseguiu o ministério. “A Moldávia é um país neutral” e apela a Moscovo que “respeite esse princípio”, acrescentou.

Em reação, o país do leste europeu assinou o primeiro questionário para entrar na União Europeia, escreve o Observador. O feito foi anunciado no Twitter por Nicu Popescu, o ministro dos Negócios Estrangeiros do país.

“Sempre disse, em discussões com líderes europeus, que o nosso país é um Estado europeu. Temos um passado europeu, a nossa língua romena é uma das línguas oficiais da UE”, afirmou o ministro à agência moldava IPN, garantindo que “o lugar da Moldávia é na União Europeia”.

As complexas relações entre a Rússia e a Moldávia, uma ex-república soviética de 2,6 milhões de habitantes situada entre a Roménia e a Ucrânia, agravaram-se após a eleição em 2020 de Maia Sandu, uma Presidente pró-europeia.

A Transnístria, que declarou a secessão da Moldávia após uma curta guerra civil no decurso da desintegração da União Soviética, possui cerca de 500.000 habitantes e é apoiada económica e militarmente por Moscovo. Nesta região está instalada uma base militar russa.

Este território, atravessado pelo rio Dniestre, não é reconhecido como Estado pelas instâncias internacionais.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

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