A Rússia está a intensificar a sua ofensiva na região do Donbass. Enquanto isso, teme-se a repetição de um massacre ao estilo de Bucha em Izyum.
Esta segunda-feira, Volodymyr Zelenskyy anunciou que a Rússia tinha lançado uma grande ofensiva no leste da Ucrânia. “Agora podemos dizer que as tropas russas começaram a batalha por Donbass, para a qual se estiveram a preparar durante muito tempo. Uma grande parte de todo o exército russo está agora dedicado a esta ofensiva”, disse o Presidente ucraniano através do Telegram.
Já esta segunda-feira, confirmou-se o avanço russo no Donbass. Em Lugansk, o chefe da administração militar regional, Serhii Haidai, disse que há “múltiplas intensificações de bombardeamentos com todos os tipos de armas, tentativas de invadir as cidades”.
O Ministério da Defesa ucraniano garante que as forças russas completaram o reagrupamento de tropas para lançar uma ofensiva no leste da Ucrânia. Esta ação militar acontece depois de o ataque a Kiev ter-se revelado inconsequente.
Forças de mísseis e artilharia russas atingiram 1.260 alvos na Ucrânia durante a última noite, segundo indicou o Ministério da Defesa russo.
Em Lviv, bombardeamentos durante a noite fizeram pelo menos sete mortos. Entre as mortes, pela primeira vez, houve ontem baixas civis após um ataque a uma oficina de reparação automóvel.
“O que vimos hoje é genocídio”, acusou Andriy Sadovyi, presidente da câmara de Lviv. “É uma ação deliberada para matar civis pacíficos. Todas as nossas cidades e aldeias estão na mesma situação”.
“Ataques em Lviv e outras cidades no oeste da Ucrânia mostram que não há nenhuma parte do país que esteja livre dos ataques sem sentido do Kremlin”, afirmou Josep Borrell, o alto represente diplomático da Comissão Europeia.
Além disso, teme-se que se repita em Izyum um novo episódio semelhante a Bucha, onde houve um massacre indiscriminado de centenas de civis. A cidade é um ponto estratégico, já que serve porta de acesso ao Donbass e ao Mar Negro.
Estima-se que entre 10 a 15 mil civis ficaram presos em Izyum. Numa eventual retirada das tropas russas, muitos receiam que se repita um massacre, já que há relatos de que em Izyum as tropas russas têm listas de alvos a abater.
“Bucha e Izyum são muito parecidas”, realçou Valerii Marchenko, presidente da Câmara de Izyum, ao The Guardian.
Os habitantes da cidade estiveram durante semanas escondidos em caves, sem água ou luz. “Se os encontrarem, são conduzidos para uma localização desconhecida e nunca mais se sabe deles”, denunciou o autarca.
Kharkiv, Dnipro e Mariupol também foram atacadas durante a última noite. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, informou que Kiev e Moscovo não chegaram a acordo para a abertura de corredores humanitários para retirar civis. É o terceiro dia consecutivo que isto acontece.