Rússia anuncia controlo de Mariupol, mas ainda há um último bastião de resistência: uma siderúrgica

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(h) Mariupol City Council

Azovstal

A Rússia tomou controlo de Mariupol, disse o ministro da Defesa russo a Vladimir Putin. Ainda assim, há cerca de 2.000 resistentes ucranianos dentro de uma siderúrgica, sendo que 1.478 já se renderam.

Vladimir Putin diz que os combatentes ucranianos que ainda estão na fábrica Azovstal serão poupados e tratados com respeito. Além disso, o líder russo quer as instalações sejam bloqueadas para que “nem uma mosca” passe despercebida.

O Presidente russo disse também que “a conclusão do trabalho de combate para libertar Mariupol é um sucesso”.

“Parabéns. Envie os seus agradecimentos às tropas. Por favor, envie propostas para premiar os nossos ilustres soldados para prémios estatais. É claro que nesses casos não pode ser de outra forma, são prémios diferentes, mas quero que todos saibam: no nosso entendimento, todos são heróis, no entendimento de toda a Rússia. São todos heróis”, disse Putin ao ministro da Defesa, citado no site do Kremlin.

“Em alguns casos, precisamos de pensar em perpetuar a memória daqueles nossos camaradas que realmente mostraram heroísmo e sacrificaram as suas vidas pela vida pacífica do nosso povo no Donbass e para garantir a vida e a existência pacíficas da própria Rússia, a existência pacífica do nosso país”, acrescentou.

Desde o início da invasão, pela sua importância estratégica, a cidade portuária de Mariupol era um dos alvos do Presidente russo. Mariupol oferece uma ponte terrestre entre a Crimeia e a região separatista do Donbass, especificamente Donetsk e Lugansk.

Agora que os russos estão sob controlo, a retirada de civis de Mariupol deverá prosseguir esta quinta-feira. A Rússia diz ainda que retirou mais de 142 mil civis de Mariupol e ainda esta quarta-feira saíram mais quatro autocarros com civis.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, exigiu à Rússia um corredor humanitário para retirar civis e soldados feridos da Azovstal.

“Há agora cerca de 1.000 civis e 500 soldados feridos. Todos precisam de ser retirados da Azovstal hoje”, escreveu Vereshchuk no Telegram.

Serhiy Volyna, comandante refugiado na siderurgia, emitiu um pedido de ajuda: “Apelamos e pedimos a todos os líderes mundiais que nos ajudem. Pedimos-lhes que usem o procedimento de extração e nos levem para o território de um estado terceiro”.

Os seus fuzileiros estão “a enfrentar talvez os últimos dias, se não horas”, acrescentou o comandante da 36.ª Brigada de Fuzileiros. “O inimigo supera-nos em dez para um”.

O corredor humanitário que foi aberto parece não ter funcionado. “Devido à ausência e controlo do seu próprio exército no terreno, os ocupantes não conseguiram assegurar um cessar-fogo apropriado”, explicou o comandante ucraniano.

Uma semana e três ultimatos depois, as tropas ucranianas no Azovstal finalmente mostram sinais de cedência neste que é o última bastião de resistência em Mariupol.

A Azovstal é um complexo industrial no sudoeste da cidade que se estende ao longo de 11 quilómetros quadrados. Os russos estão a enfrentar dificuldades em tomar a siderúrgica devido à sua complexa rede de navios, ferrovias e túneis subterrâneos.

O analista militar Oleh Zhdanov disse à Reuters que este é um “espaço tão grande com tantos prédios que os russos simplesmente não conseguirão encontrar [as tropas ucranianas]”.

Daniel Costa, ZAP //

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