Nem lampreia, o seu prato favorito, nem ovos cozidos, a única coisa que sabe fazer na cozinha. Rui Rio assegura que não vai mostrar os seus dotes culinários no “Programa da Cristina” na SIC, numa farpa a António Costa e a Assunção Cristas que foram ao formato matinal apresentado por Cristina Ferreira cozinhar uma cataplana de peixe e um arroz de atum, respectivamente.
“Não me vai ver a cozinhar porque eu estou na política e não me estou a propor para cozinheiro, mas para primeiro-ministro”. As palavras são de Rui Rio numa entrevista à Rádio Antena 1, onde o líder do PSD quis lançar uma farpa aos rivais do PS e do CDS que foram convidados do “Programa da Cristina”, onde mostraram os seus dotes na cozinha.
Na antecâmara da campanha eleitoral para as europeias de Maio, Rio faz questão de se descolar dos rivais, vincando que não pretende ir ao programa cozinhar, até porque diz que só sabe cozer uns ovos.
Numa ronda de perguntas rápidas, Rio confessou ainda que poupa o dinheiro que pode há mais de 40 anos, ajustando as despesas às receitas para o poder fazer. “Quando o saldo é excessivo, aplico a taxas miseráveis”, refere, assumindo que a única altura em que não conseguiu poupar foi nos anos da intervenção da troika, quando houve cortes na Câmara do Porto, no seu último mandato como presidente.
E sobre esse período enquanto autarca na Invicta, Rio refere que convidou o FC Porto para ser recebido nos Paços do Concelho, em 2003, depois de se sagrar campeão nacional. “O convite foi recusado. Eu não fechei as portas ao FC Porto, não quis foi um arraial dentro da Câmara”, atira.
Rio também confessou que é mais difícil “ser líder da oposição” do que presidente de Câmara, mas recusou dizer se continuará a presidir ao PSD se perder as eleições legislativas porque “não perde tempo com hipóteses”.
“Há muitas formas de ganhar e perder, há razões para sair e razões para ficar e um tempo de reflexão”, considera. “Era inteligente e politicamente correcto responder que não admito perder, mas não o vou fazer”, concluiu.
Quanto a metas para as legislativas de Outubro, o objectivo do PSD deve ser “tentar afastar o Bloco e o PCP da esfera do poder” porque estes dois partidos apenas “distribuem o que têm”, sem apostar em políticas de investimento.
Mas à ideia de um Bloco Central entre PSD e PS, Rio esquivou-se, apontando que o mais importante é se há ou não uma “reforma estrutural a sério”.
Para as europeias de Maio, “um bom resultado será subir substancialmente”, enquanto que perder um deputado “é um mau resultado”.
Rio também criticou de novo o Governo pela medida de redução dos passes sociais, não apenas por considerar que é eleitoralista, mas porque não abrange de igual forma todo o território nacional.
Segundo as contas do líder do PSD, cada utente de Lisboa recebe em média 26,7 euros para o passe, enquanto que no Porto recebe 8,4 euros e em Trás-os-Montes apenas 1,4 euros. “Os votos estão em Lisboa”, atira, frisando que a medida deveria ser “equitativa e justa para Portugal todo”.
Outra vez a “ceia de Natal”…
Já à entrada de uma reunião, à porta fechada, com militantes do distrito de Viana do Castelo, Rio voltou a falar das relações familiares no Governo socialista, notando que “o mal é que o presidente do PS entende que isso é normal”, numa referência à resposta do líder parlamentar socialista, Carlos César, às críticas do Bloco de Esquerda sobre os laços de parentesco no Executivo.
“Um primo aqui, um irmão e a mulher acolá. Mesmo o Conselho de Ministros parece uma ceia de Natal”, reforçou na repetição de uma analogia que já tinha usado em referência ao mesmo assunto.
Para Rui Rio, o Governo de Costa “põe à frente, em muitas circunstâncias, as relações pessoais e não exactamente a competência”.
ZAP // Lusa