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Em rota de colisão com Bolsonaro, Sergio Moro vai demitir-se com discurso “contundente”

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Marcelo Camargo / Abr

O ministro da Justiça e da Segurança Pública do Brasil, Sergio Moro, vai fazer um discurso “contundente” ao pedir a demissão do governo de Jair Bolsonaro.

A informação é avançada por assessores do ministro citados pela imprensa brasileira.

Em causa está a colisão entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro, Presidente brasileiro, a exoneração de Maurício Valeixo, diretor-geral da polícia federal.

Sergio Moro chegou a pedir, na quinta-feira, a demissão do governo de Bolsonaro, depois de ser informado que o presidente tinha intenção de aceitar a saída do diretor-geral da polícia federal. Como Bolsonaro aceitou mantê-lo ou escolher alguém da confiança do ministro para o lugar, Moro, que ouviu também pedidos da ala militar do governo para continuar, acabou por recuar na sua decisão. Porém, esta sexta-feira, a saída de Valeixo estava oficializado no Diário Oficial da União.

De acordo com o jornal brasileiro A Folha de São Paulo, a demissão do diretor-geral da Polícia Federal foi publicada no Diário Oficial da União com as assinaturas eletrónicas de Bolsonaro e Moro, mas o juiz não só não terá assinado formalmente, como não foi informado sobre a publicação da decisão.

A demissão do diretor-geral da Polícia Federal tornou-se numa questão de honra para Moro, numa altura em que aquele órgão investiga casos em torno de Jair Bolsonaro, dos filhos do Presidente e de pessoas da sua confiança, como é o caso de uma campanha de notícias falsas propositadamente dirigidas contra juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e das manifestações realizadas no domingo onde foram feitos apelos a uma intervenção militar ao fim do confinamento.

Valeixo, que teria um cargo diplomático em Portugal à sua espera, tem sido questionado por Bolsonaro desde meados do ano passado. O presidente não tem gostado da ação do diretor da polícia em casos judiciais que lhe dizem respeito, nomeadamente na investigação ao seu filho, senador Flávio Bolsonaro, acusado de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Noutro caso de polícia, o da execução da vereadora Marielle Franco, a ação de Valeixo também é mal vista pelo Palácio do Planalto.

Sergio Moro tornou-se famoso no Brasil e internacionalmente, a partir de 2014, quando passou a comandar uma força que desvendou esquemas de corrupção milionários na empresa estatal petrolífera Petrobras e noutros órgão públicos do Governo brasileiro, tornando-se uma espécie de herói nacional e expoente máximo da Operação Lava Jato.

A Lava Jato tornou-se um símbolo de combate à corrupção por ter levado para a prisão empresários poderosos, como o herdeiro da construtora Odebrecht, políticos como o antigo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e ex-funcionários da alta cúpula da Petrobras.

Na semana passada, Bolsonaro demitiu outro ministro popular, Luiz Henrique Mandetta, o titular da saúde, que estava em destaque no combate ao coronavírus mas defendia o isolamento social, chocando com o presidente. Após essa demissão, segundo fontes do governo, “Bolsonaro sentiu-se empoderado”.

ZAP //

 

 

 

 

2 Comments

  1. Enfim! Sai mal tal como entrou. Nunca teve a verticalidade de sair de um governo de corruptos iguais àqueles que combateu enquanto juiz. Sai corrido por quem o convidou. Nunca entendeu os verdadeiros motivos de ter sido convidado ou, simplesmente, não quis entender porque a sua vaidade e a sua conta bancária se sentiam bem no cargo. Homem de espinha mole.

  2. muito mal vai o barco quando os ratos fundadores o abandonam. o que irá ele plantar agora para apanhar o próximo barco? um pé de feijão que o eleve até ao planalto, mantenha-se o crápula sob vigilância permanente.

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