Justiça proíbe cremação do corpo de suspeito da morte de Marielle Franco

midianinja / Flickr

A vereadora brasileira Marielle Franco

A justiça brasileira proibiu a cremação do corpo do alegado líder de uma milícia suspeita de ter orquestrado o assassinato de Marielle Franco, ativista e vereadora do Rio de Janeiro morta a tiro em 2018.

A juíza Maria Izabel Pena Pieranti rejeitou o pedido de cremação do corpo de Adriano Magalhães da Nóbrega, morto pela polícia no estado da Bahia, nordeste do Brasil, no último domingo, devido à falta de documentos necessários, segundo a decisão judicial.

A magistrada referiu que “a cremação impediria a polícia” de exigir uma autópsia mais completa, observando que o suspeito não morreu de causas naturais e que, segundo consta na sua certidão de óbito, sofreu “anemia aguda” e “politraumatismo” causado por “instrumento de perfuro contundente”.

A mãe e as irmãs do suspeito pediram a autorização judicial, essencial para qualquer cremação quando a causa da morte não é natural. A cremação estava prevista para esta quarta-feira, no Rio de Janeiro.

Conhecido como “Capitão Adriano”, o chefe da milícia, que estava em fuga desde 2019, era acusado de liderar o chamado “Escritório do Crime”, um alegado grupo de assassinos de elite suspeito de estar envolvido na morte de Marielle Franco, em março de 2018, e do seu motorista, Anderson Gomes.

Até ao momento, os dois presumíveis autores materiais do crime foram presos: os ex-polícias Élcio Queiroz e Ronnie Leça. Desconhecem-se, até à data, os autores morais.

Segundo a imprensa local, Nóbrega, antigo capitão do Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (BOPE), tinha dito ao seu advogado que temia ser morto para “eliminação de provas”.

A Secretária de Segurança Pública da Bahia adiantou que Nóbrega, de 43 anos, foi localizado pelas autoridades na manhã de domingo numa casa situada numa zona rural do município de Esplanada. Quando os agentes tentaram executar a ordem de prisão, o líder da milícia apresentou resistência e respondeu com tiros.

Na operação policial, as autoridades apreenderam várias armas que estavam distribuídas por vários locais da casa.

“A intenção era executar a prisão, mas preferiu reagir com disparos”, afirmou o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, citado num comunicado.

Nóbrega chegou a ser homenageado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pelo atualmente senador e então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Marielle Franco, nascida e criada na favela da Maré e eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade, vinha de um encontro com mulheres e ativistas negras quando foi assassinada. A brasileira, de 38 anos, era uma estrela política em ascensão, pré-candidata a vice-governadora e dada como eventual prefeita do Rio de Janeiro ou como deputada federal em Brasília.

ZAP // Lusa

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