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“Aquilo não é um jardim-escola.” Rio não pediu explicações a Morais Sarmento (que nega ilegalidades)

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José Sena Goulão / Lusa

Nuno Morais Sarmento

Nuno Morais Sarmento, vice-presidente do PSD, negou ter cometido qualquer ilegalidade, explicando que o recurso a uma sociedade offshore se destinou a agilizar um projeto de investimento em Moçambique.

Esta quarta-feira, em entrevista à TVI24, Nuno Morais Sarmento negou ter cometido qualquer ilegalidade e explicou ter-se limitado a cumprir o objetivo de fazer um investimento direto em Moçambique, rejeitando que as informações sobre esse negócio correspondam a qualquer indício de violação da lei ou da prática de algum ilícito.

O recurso a uma offshore destinou-se, segundo o vice-presidente do PSD, a evitar as dificuldades que a legislação moçambicana colocava a projetos de investimento em imóveis protagonizados por não residentes no país, em meados da década de 2000.

Morais Sarmento foi beneficiário da companhia offshore Magalia International Limited, registada em 2006 nas Ilhas Virgens Britânicas e que serviu para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique. Mais tarde, a empresa passou para as mãos da Eurofin Services, que está ligada ao Grupo Espírito Santo.

Contactado pelo Expresso, Morais Sarmento justificou-se dizendo que, em 2006, recorreu a um “empréstimo hipotecário” sobre a sua casa em Lisboa e participou “conjuntamente com alguns amigos” portugueses e moçambicanos num pequeno investimento naquele país”, concretizando assim “o sonho de estar ligado ao mergulho”.

“Eu fiz um investimento direto em Moçambique, em meu nome, pedi dinheiro ao banco com hipoteca sobre a minha casa“, afirmou Nuno Morais Sarmento, citado pelo Expresso, acrescentando ter transferido diretamente a verba obtida com o empréstimo, cerca de 450 mil euros, para o país africano.

“A única coisa que eu fiz foi colocar a participação nessa sociedade“, uma posição que, entretanto, foi transferida para a sua titularidade.

“Não houve nenhuma circulação de dinheiro por offshores. Se tivesse feito o investimento em meu nome, três anos depois” ainda não teria concluído o processo, devido aos obstáculos colocados, na altura, pela legislação de Moçambique.

Questionado sobre se declarou o negócio ao Tribunal Constitucional (TC), Morais Sarmento disse que o fez no início de mandato. Já sobre o PSD, referiu que Rui Rio não lhe pediu qualquer esclarecimento. “Aquilo não é um jardim-escola”, atirou.

Apesar de ter admitido ainda não ter falado com o líder do partido sobre o assunto, adiantou que é “fácil” ter uma “conversa privada” para abordar a questão. O advogado e vice-presidente do PSD garantiu, contudo, que não fala com Rui Rio desde sexta-feira.

A par com o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-deputado socialista Vitalino Canas, Nuno Morais Sarmento é um dos três portugueses encontrados nos Pandora Papers, uma nova investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas sobre paraísos fiscais.

ZAP //

7 Comments

  1. O curioso, é a chusma de comentadores (inclusive aqui), que face a este tipo de casos, ainda acredita que estes “chicos espertos”, só existem na facção politica dos outros (seja ela qual for)…

  2. Toda a gente sabe que em Moçambique os obstáculos burocráticos são facilmente removíveis. Untando as mãos, que é como quem diz ,com um subornozinho…

  3. Mas o homem disse alguma mentira?! Ele disse que aquilo não é um jardim-escola. E que eu saiba não é. E até fico mais descansado que não seja.

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