O presidente do PSD e recandidato ao cargo afirmou, esta segunda-feira, que “é dificílimo” algum partido conseguir maioria absoluta nas legislativas de 30 de janeiro, pelo que todos os partidos têm de garantir a governabilidade do país.
Rui Rio falava aos jornalistas depois de ter sido recebido na residência oficial do presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, num encontro que durou cerca de uma hora.
Questionado sobre o que significa “a nova maioria sem linhas vermelhas” que consta da sua moção de estratégia, entregue hoje pelo diretor de campanha Salvador Malheiro ao Conselho de Jurisdição Nacional do partido, o atual líder laranja sublinhou que, “tendo em vista que em Portugal hoje é dificílimo algum partido conseguir uma maioria absoluta, todos os partidos têm a responsabilidade de garantir ou de procurar garantir a governabilidade do país”.
“O PSD tem de estar disponível para garantir a governabilidade do país, ganhando ou perdendo. Porque se o PSD ganhar e não tiver maioria absoluta também tem de encontrar entendimentos para governar”, reforçou.
“Sob pena depois de começarmos a andar de seis em seis meses em eleições”, argumentou o recandidato à liderança do PSD, insistindo que assume a responsabilidade “de estar colaborante e dialogante para encontrar a governabilidade para o país”.
Rio ressalvou, porém, que um acordo com o PCP ou com o BE “é muito difícil, como é evidente”.
Já sobre um acordo com o Chega, o presidente do PSD referiu que concordou com a coligação nos Açores, que incluía um deputado do partido de extrema-direita, uma vez que “não há nenhum membro do Chega dentro do Governo dos Açores”.
No caso nacional, lembrou o presidente do PSD, o Chega exige integração de membros no Governo. “E isso eu sempre disse que não”, reiterou.
Rui Rio salientou também que a crise no Governo Regional dos Açores demonstra que o povo português tem de olhar para as eleições e perceber que “quanto mais fragmentado for o voto, mais isso vai acontecer”.
“E, portanto, quando a estabilidade depende de partidos muito pequeninos, que têm um deputado, dois deputados, três deputados, a instabilidade é muito grande“, defendeu, alertando também para o risco desses eleitos “poderem chantagear fortemente”.
Sobre a posição do seu opositor interno Paulo Rangel, de que é necessário mudar de líder no partido para mudar Portugal, Rio declarou que o eurodeputado tem elogiado o seu trabalho ao afirmar que “o PSD está em condições de ter maioria absoluta” nas próximas eleições legislativas.
“Se ele acha que o PSD está em condições de ter uma maioria absoluta é porque eu terei feito um trabalho de tal ordem positivo que o PSD chega a este momento em condições de ter uma maioria absoluta”, considerou.
“Portanto, o que ele tem repetido é um grande elogio. É mais elogioso para mim que eu próprio, que tenho dito que gostaria de ter, mas sei que não é fácil ter maioria”, reiterou.
Sobre a visita de dois dias à Madeira, hoje iniciada, lembrou que não tem feito campanha interna, mas decidiu abrir uma exceção para a Madeira uma vez que não marcou presença na região na campanha para as últimas autárquicas, realizadas em 26 de setembro. O candidato referiu ainda estar confiante na vitória, mas rejeita dá-la por garantida.
Relativamente ao processo de recuperação por parte do Governo da República dos benefícios fiscais concedidos indevidamente a cerca de 300 empresas da Zona Franca da Madeira (ZFM), que ascendem a cerca de mil milhões de euros, Rio disse “que não é nada definitivo” e defendeu que é necessário “esperar pelo recurso”.
O social-democrata assumiu também que não abdicará do Centro de Negócios da Madeira, justificando que “não faz sentido” prejudicar “o próprio território” e fazer com que essas empresas vão “para outro centro de negócios situado noutro sítio qualquer do globo”.
// Lusa