Rui Rio admite não saber quem foi o culpado do caso da substituição do chefe do Estado-Maior da Armada, mas sugere que talvez o Presidente da República já tenha essa informação.
Rui Rio pediu a demissão do responsável por tornar pública a substituição do chefe do Estado-Maior da Armada António Mendes Calado. Em declarações feitas esta manhã, após a reunião da bancada parlamentar, o líder do PSD considerou “desprestigiante” para as Forças Armadas a forma como o tema foi abordado na praça pública e “injusto” para o vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da task-force da vacinação contra a covid-19.
“As Forças Armadas não mereciam que o assunto fosse tratado assim na praça pública. Prestou um mau serviço a Gouveia e Melo, que não merece isto. Quem colocou isto na praça pública, uma vez percebido quem foi, esse tem de se demitir”, afirmou Rio, esclarecendo que não sabe quem foi o responsável mas admitindo que Marcelo Rebelo de Sousa talvez já o saiba.
Questionado pelos jornalistas se estava a pedir a demissão do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, Rio reiterou não saber quem foi o responsável pela antecipação da notícia. “Se foi o ministro da Defesa que colocou… Se não foi o ministro da Defesa que colocou, estou a pedir a demissão de quem colocou. Quem o fez é inadmissível“, respondeu. “Dá-se a imagem que se quer tirar um para pôr outro.”
Rio abordou ainda a situação da CP, empresa que viu o seu presidente demitir-se na última semana, gerando gerou mau-estar dentro do Governo face a uma declaração de Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que teve como destinatário João Leão, ministro das Finanças. Para o líder dos sociais-democratas os acontecimentos mais recentes são indicativos de uma “degradação do Governo já bastante acentuada“. O PSD vai ainda chamar os três protagonistas da polémica ao Parlamento para ouvir mais esclarecimentos sobre a questão.
“Chamaremos os ministros em causa e o administrador da CP para se tentar perceber: uma coisa é haver situações que é preciso diluir entre membros do Governo. Outra coisa é ser feito na praça pública, demonstra uma degradação ao nível do funcionamento no Governo já bastante acentuada quando há um membro do Governo que vem criticar publicamente outro e atribuir-lhe responsabilidade pela demissão de um gestor que considera muito competente”, atirou.
Por outro lado, Rio disse ser necessário perceber, se o presidente da CP estava “a desempenhar tão bom trabalho”, as razões da sua saída. “Acima de tudo, o que precisamos é alguém a gerir bem as empresas públicas e logo a CP que tem um passivo enorme“, disse. Na terça-feira, o ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou que a CP perdeu o melhor presidente que “já teve em toda a sua história“.