Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de rebater, ponto por ponto, os equívocos que entendeu estarem na origem das notícias mais recentes, as quais classificou como “especulações”.
O Presidente da República afastou a hipótese de ocorrerem mudanças na liderança do Estado-Maior da Armada, na sequência de inúmeras notícias que davam conta da exoneração do almirante António Mendes Calado por decisão e intervenção do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. Marcelo Rebelo de Sousa, comandante supremo das Forças Armadas, aproveitou a sua visita à Casa do Artista para esclarecer aquilo que considera ser um conjunto de “equívocos” — os quais enumerou e refutou um a um.
Marcelo começou por destacar que a declaração seria uma “exceção” dado o teor do tema e que tinha como objetivo colocar “um ponto final” na especulação.
O primeiro equívoco, explicou, tem que ver com a duração do atual mandato de António Mendes Calado, o qual se iniciou em 2018 e que, como tem sido regra, é renovado de dois em dois anos. No entanto, aquando da última renovação, em março deste ano, o almirante terá mostrado, segundo o Presidente da República, “disponibilidade, com elegância pessoal e institucional, para prescindir de parte do tempo para permitir que pudesse aceder à sua cessação camaradas seus antes de deixarem atividade, de deixarem o ativo” — um cenário no qual o vice-almirante Gouveia e Melo, responsável pela taks force de vacinação contra a covid-19, se enquadra.
Nessa altura — em março deste ano — “foi acertado um determinado momento para isso ocorrer”, um momento que, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, não é o atual. Há, por isso, “um equívoco acerca do momento da cessação de funções do senhor Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada”.
O segundo equívoco, prosseguiu, diz respeito à “fundamentação para a cessação de funções” do almirante António Mendes Calado.
Marcelo diz ter visto “alegado como razão para a cessação de funções a intervenção” que o almirante fez, em sede de Conselho Superior de Defesa Nacional, a propósito da elaboração de uma lei [Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas], tal como, acrescentou o Presidente da República, fizeram os “senhores generais Chefe do Estado-Maior do Exército e Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, expondo o ponto de vista dos ramos e, em particular, dos oficiais generais”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, as intervenções foram feitas “como é direito e dever” dos generais que, a partir do momento em que a lei foi votada, a “acataram e respeitaram”, o que constitui “um exemplo de lealdade institucional“.
No que respeita ao terceiro equívoco, o equívoco da substituição, classificou o chefe de Estado, “não faz sentido” falar dela atualmente. “Só faz sentido falar em substituição depois de terminado o exercício de funções [de António Mendes Caldado]. Não sendo esse o caso, em momento adequado — que não é este—, quando se colocar essa questão, será também colocada a questão da substituição.”
Finalmente, o Presidente da República fez questão de lembrar que quando for o momento da saída do almirante António Mendes Calado e de dar posse ao novo Chefe do Estado-Maior da Armada, a decisão será sua. “A palavra final é do Presidente”, atirou, relembrando ainda que é necessário evitar a “perceção de atropelamento” das figuras envolvidas, também para “salvaguardar” a sua “reputação”.
Aparentemente já ninguém quer saber o que o Costa diz. Perder Lisboa e outras capitais de distrito levou o Costa para um patamar que não estava habituado. No partido já andam todos à bulha pela sucessão. O PR acaba de mandar um estaladão em público nas ambições de manietar as forças armadas. E seguem-se novos episódios para breve.