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Governo demite Chefe do Estado-Maior da Armada. Gouveia e Melo provável sucessor

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Tiago Petinga / Lusa

O Chefe de Estado-Maior da Armada, Almirante António Mendes Calado

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, vai propor ao Presidente da República a demissão do Chefe do Estado-Maior da Armada, confirmaram esta quarta-feira à Lusa fontes ligadas à Defesa.

O Governo propôs ao Presidente da República a exoneração do Chefe de Estado-Maior da Armada, o Almirante António Mendes Calado.

De acordo com fontes ligadas à área da Defesa, citadas pela Lusa, o atual Chefe do Estado-Maior da Armada deverá, por proposta do Ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, sair do cargo, que ocupa desde 2018.

Segundo prevê a lei orgânica das Forças Armadas, os chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo, a qual deve ser precedida da audição, através do ministro da Defesa Nacional, do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

De acordo com o Diário de Notícias, o Vice-Almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force nacional para a vacinação contra a covid-19, é o provável sucessor de Mendes Calado.

Segundo o Expresso, o Chefe do Estado-Maior da Armada estava de férias quando foi chamado por João Gomes Cravinho para uma reunião às 18h desta terça-feira, onde foi informado de que ia ser proposta a sua saída de funções.

O CEMA terá recebido uma carta com o nome proposto para o substituir, diz o mesmo jornal, que deverá ser aberta na reunião das chefias da Armada — que terá que se pronunciar sobre o oficial-general designado pelo Presidente da República para o cargo.

Entretanto, o jornal Público avança que terá sido a polémica lei que reforça os poderes do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA) a motivar o afastamento de Mendes Calado. O Governo terá alegado falta de lealdade.

Mendes Calado, de 64 anos, foi nomeado Chefe do Estado-Maior da Armada em março de 2018, sucedendo na altura a António Silva Ribeiro, atual Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas. Em fevereiro, Mendes Calado tinha sido reconduzido “por um período máximo de dois anos” — agora encurtado com a demissão proposta por Cravinho.

A notícia da exoneração do Almirante Mendes Calado surge no mesmo dia em que chegou ao fim a “missão espinhosa coroada de sucesso” da task force, que dará o seu lugar a um núcleo de coordenação da vacinação contra a covid-19.

Em reunião, esta terça-feira, com o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Saúde, Marta Temido, e o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, para assinalar a extinção da task force, Gouveia e Melo vincou o êxito da operação de vacinação.

Estamos em 84 e qualquer coisa de segundas doses. Já podíamos ter atingido os 85% de vacinação completa, mas vamos relembrar algumas pessoas e dentro de semana ou semana e meia, senhor primeiro-ministro, terá os 85%”, assegurou o vice-almirante, indicando também que 500 mil jovens já foram vacinados.

Mal-estar de vários meses culmina em demissão

A lei que reforça os poderes do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA) é o centro de uma polémica que dura já há vários meses. Os três Chefes de Estado-maior chegaram a enviar à tutela um documento conjunto onde criticam a nova lei e foram também ouvidos à porta fechada na Assembleia da República.

Em público, vários ex-chefes de Estado-Maior também criticaram a reforma. Aliás, no Conselho de Estado, os ex-Presidentes Cavaco Silva e Ramalho Eanes chegaram também a manifestar a sua oposição.

De acordo com o Público, a tensão acaba de ganhar um novo capítulo – em que apenas o Chefe de Estado-maior da Armada (CEMA) é demitido – por causa do conflito na nomeação do comandante naval.

Mendes Calado enviou para o ministro da Defesa a proposta de nomeação de Oliveira e Silva para comandante naval (na sequência da passagem à reserva do anterior) antes de as novas regras da LOBOFA entrarem em vigor.

Cravinho esperou até as novas regras que obrigam a um parecer do CEMGFA entrarem em vigor. O parecer acabou por ser dado e foi negativo.

Junto de fontes militares, o diário apurou que o facto de Oliveira e Costa ter sido chefe de gabinete de Mendes Calado esteve na base desse parecer: o EMGFA duvidou da capacidade de o futuro comandante naval cumprir uma lei que tanto criticara em solidariedade com o Almirante Mendes Calado.

Na sequência desta situação, Mendes Calado pediu uma audiência ao Presidente da República, no início deste mês.

Citado pelo Público, o ex-chefe de Estado-maior da Armada, almirante Melo Gomes, lamenta “o processo de propositura mal gerido” e que pode prejudicar o sucessor na Armada, que “começa com o pé esquerdo”.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. O governo a ser igual a si mesmo…
    Que jogadas fazem entre eles que nós, o povo, ficamos apenas a olhar…
    Nada é o que parece, e o que parece também não é…
    Os mistérios da governação ( de qualquer uma) :/

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  2. Isto é tudo vergonhoso. O PS a querer controlar tudo e todos. Se o Gouveia Melo aceita isto, então revela também uma face vergonhosa, que até aqui ninguém lhe conhecia.

  3. Costa queria correr com Mendes Calado por este se ter oposto ao projeto do PS para alteração hierárquica militar. Chegou a mandar Cravinho dar a má notícia a Calado.
    Costa na sua soberba e arrogância , esqueceu-se que quem manda nas nomeações e exonerações militares é o PR.
    Marcelo não gostou e já desfez a vontade de Costa. Fica tudo como está.
    Mais uma burrada e borrada de Costa. Não acerta uma !!

  4. Mais um ato arrogante de Costa imaginando-se ser dono disto tudo e a meter a pata na poça frequentemente, agora com o resultado eleitoral penso que começará a ficar cada vez mais descontrolado, levou o não do Presidente da República e espero que daqui para a frente este esteja mais atento às suas manobras.

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