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CIP queixa-se ao Governo. Até agora chegaram “zero apoios”

Pedro Nunes / Lusa

António Saraiva, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal

O primeiro-ministro esteve reunido, esta quarta-feira, com as confederações patronais em São Bento, em Lisboa, para discutir as condições para o relançamento da economia portuguesa.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o presidente da Confederação do Comércio Português (CCP), João Vieira Lopes, considerou essencial que a progressiva retoma da atividade económica, a partir de maio, seja acompanhada pela existência de material de proteção e serviço eficaz de transportes públicos.

“Durante o mês de maio, deve haver condições para existir retoma da atividade económica. Na nossa opinião, essa retoma deve obedecer a algumas condições”, disse.

Segundo o presidente da CCP, para haver condições de segurança nessa reabertura da atividade, “o Governo tem de garantir que exista no mercado máscaras, luvas e material de desinfeção”.

“Tem de haver também um sistema de transportes públicos em condições adequadas ao atual momento”, completou.

Do ponto de vista económico, João Vieira Lopes advertiu também que, “para haver público consumidor, tem de haver uma retoma progressiva de confiança“, dizendo em seguida que há exemplos que Portugal pode seguir nesta fase pós-crise sanitária, como a Suécia, a República Checa e a Áustria.

CIP queixa-se que até agora chegaram “zero” apoios

Por sua vez, o presidente da CIP, António Saraiva, criticou o Governo por ter anunciado cerca de 13 mil milhões de euros de apoios destinados às empresas, mas até agora terem chegado “zero”, advertindo que há uma urgência de liquidez.

“Lamentavelmente, têm sido anunciados apoios na ordem dos 13 mil milhões de euros, mas para as empresas zero. Até a este momento, para as empresas, zero de apoios. Obviamente, quanto mais o tempo passa, mais a situação é dramática”, declarou.

António Saraiva referiu depois que as empresas “necessitam urgentemente de liquidez, de ajuda”. “Há aqui atrasos que não se entendem. É preciso rapidez e eficácia. Foi isso que disse ao senhor primeiro-ministro”, acrescentou.

O presidente da CIP defendeu que, em primeiro lugar, deve ser acautelada a saúde pública e, em seguida, proceder-se a uma retoma da atividade económica “inteligente, fatiada e assimétrica, quer em termos regionais, quer em termos da população”.

Nesse processo de retoma da atividade, Saraiva advertiu que é necessário “logística” ao nível dos transportes públicos e “desfasamento de horários”.

Presidente da CTP “muito preocupado” com o verão

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, manifestou-se “muito preocupado” com o que poderá acontecer neste verão em termos de consequências económicas para o setor.

“Em março, praticamente, tivemos quebras de 50% em toda a atividade. Em abril e maio, mais de 90% das nossas empresas vão ter vendas zero”, declarou.

Francisco Calheiros lamentou não dispor “de uma bola de cristal” para saber quando se pode ultrapassar esta crise. “Já tivemos o problema da Páscoa, mas estamos bastante preocupados com o que pode acontecer no verão”, declarou.

De acordo com o presidente da confederação que representa o setor do turismo, se os atuais números referentes ao combate à pandemia de covid-19 se confirmarem no final deste mês, “com calma e com segurança — com disponibilidade de equipamentos de proteção —, devemos reabrir a atividade”.

“No turismo devemos ser criativos. Por exemplo, admite-se que só seja ocupada uma parte da capacidade instalada e, por outro lado, que se recorra ao serviço de quarto nos pequenos-almoços e não numa sala comum”, acrescentou.

Governo “mostrou abertura” para apoiar agricultores

Pela parte da Confederação da Agricultura de Portugal (CAP), foi transmitido aos jornalistas que o Governo demonstrou “abertura” para apoiar o setor, na “eventual importação” de mais trabalhadores, tendo em vista fazer face às necessidades das colheitas, seja acompanhada por garantias de segurança em termos de saúde pública.

“Aproxima-se a época da primavera e do verão, nas quais as colheitas vão ser muito intensificadas. A questão da mão-de-obra e da contratação de mais trabalhadores para fazer face a essa necessidade foi o assunto que foi debatido”, disse o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa.

“Houve uma abertura, ficamos comprometidos a fazer um levantamento sobre as necessidades dessa mão-de-obra, havendo da parte do Governo abertura para que sejam criadas condições, não só para acomodar esses trabalhadores, mas também para serem criadas as condições sanitárias para que a sua estadia esteja assegurada”.

ZAP // Lusa

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