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Relatório secreto revela que os McCann esconderam informação da polícia

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Mario Cruz / Lusa

Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie

Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie

Um relatório elaborado pelo Ministério do Interior britânico detalha a “relação turbulenta” entre Kate e Gerry McCann e as autoridades portuguesas e britânicas, no âmbito do desaparecimento da filha Maddie, no Algarve.

Este relatório considerado secreto, e que é divulgado agora pela Sky News, avança que o casal britânico que, desde cedo se considerou “mal tratado” pela polícia portuguesa, acabou também por se desentender com a polícia britânica.

Uma das principais conclusões do relatório é que os McCann “não partilharam com a polícia informação recolhida pelos seus detectives privados” que investigaram o desaparecimento da filha de um resort da Praia da Luz, no Algarve, a 3 de Maio de 2007.

O relatório terá sido solicitado pelo então Secretário de Estado Alan Johnson, segundo frisa a Sky News, notando que este “queria saber se valia a pena envolver a Scotland Yard depois de as autoridades portuguesas terem encerrado a sua primeira investigação” ao desaparecimento.

Assim, o documento redigido pela Agência de Protecção da Criança britânica apurou que os McCann consideravam que havia “uma falta de clareza e de comunicação da parte da polícia portuguesa” e que lamentavam que, “foram levados, em mais do que uma ocasião, para a esquadra de polícia e deixados à espera, durante horas, para falar com alguém que nunca se materializou”.

“Claramente, os McCann tiveram uma relação turbulenta, tanto com as autoridades portuguesas como com as do Reino Unido”, refere o relatório, notando a “distinta falta de confiança entre todas as partes”.

O documento ainda evidencia que “é imperativo” que o casal McCann seja “encorajado e persuadido a partilhar” a “grande quantidade de informação” recolhida pelos detectives privados que contrataram.

Investigação só avançou graças a manchete do The Sun

A conclusão final do relatório indicava que a Scotland Yard fizesse uma revisão da investigação portuguesa, mas o dossier ficou na gaveta, durante vários meses, conforme revela o ex-director da Agência de Protecção da Criança, Jim Gamble, à BBC, num documentário do programa “Panorama” sobre o caso Maddie.

A BBC repara que a Scotland Yard só se dedicou ao caso depois de uma manchete do jornal The Sun, em 2011, com uma carta dos McCann endereçada ao então primeiro-ministro, David Cameron, a pedir a revisão do caso.

Jornalista diz que foi aliciado para ser espião dos McCann

Neste mesmo documentário da BBC, num especial sobre o 10.º aniversário do seu desaparecimento, o jornalista que lidera a investigação, Richard Bilton, assume que alguém dentro do seio dos McCann lhe propôs um acordo para que agisse como “espião” dentro dos elementos da imprensa que cobriam o caso.

“Ofereceram-me acesso exclusivo a todos os novos desenvolvimentos no caso, uma pista interna para quaisquer novos avanços. Mas havia um preço. Esperava-se que agisse como espião dentro do grupo da imprensa“, destaca Bilton no documentário.

O jornalista cita os advogados dos McCann a garantirem que estes “não tomarem parte em nenhuma forma de intimidação ou de segmentação” e que “não tinham conhecimento” desse tal acordo.

Bilton faz esta revelação, em primeira mão, a Robert Murat, enquanto entrevista, no documentário, o britânico que começou por ajudar a polícia no caso, como tradutor, mas que acabou por se tornar suspeito do desaparecimento de Maddie.

“Disseram-me que me dariam acesso a linhas da investigação, histórias novas, se eu lhes reportasse o que o grupo de imprensa andava a dizer sobre si“, conta o jornalista a Murat que diz que fica “incrivelmente zangado” com a revelação.

“Retiraram o foco de tentar chegar ao fundo disto, de descobrir realmente o que aconteceu, e puseram os holofotes em outra pessoa. Fico incrédulo, deixa-me simplesmente atordoado”, acrescenta Murat no programa da BBC.

PJ ofereceu acordo a Kate para confessar

No documentário da BBC, fica ainda a revelação do porta-voz dos McCann, Clarence Mitchell, que garante que, quando o casal foi constituído arguido pela justiça portuguesa, e depois de Kate se ter recusado a responder às perguntas da PJ, esta propôs-lhe um acordo.

A PJ terá garantido a Kate que se confessasse a responsabilidade pela morte acidental de Maddie, teria uma sentença mais leve e Gerry poderia voltar ao Reino Unido com os filhos gémeos, segundo Mitchell.

A PJ acreditaria, na altura, que Maddie teria morrido devido à administração de medicação, por parte de Kate, que era anestesista, e que o casal teria escondido o cadáver da criança, congelando-o e cremando-o de seguida.

O programa da BBC inclui ainda declarações do director-adjunto da Polícia Judiciária, Pedro do Carmo, do ex-presidente do sindicato dos oficiais da polícia, Carlos Anjos, do ex-Chefe de Alojamento do resort da Praia da Luz, Vítor dos Santos, da jornalista Sandra Felgueiras, da RTP, que entrevistou os McCann, e até de José Sócrates.

O ex-primeiro-ministro português é entrevistado no âmbito de declarações de Gonçalo Amaral, ex-inspector da PJ responsável pelo caso, que diz que foi afastado do mesmo devido a “pressões políticas” do Reino Unido.

Confrontado pela BBC se recebeu um ultimato do ex-primeiro-ministro Gordon Brown, para afastar Amaral, Sócrates assegura que “não é verdade” e que o ex-PJ “considera-se a si próprio em alto nível”.

SV, ZAP //

12 Comments

  1. “Todo o ser se decompõe após a morte. Mas alguns optam por antecipar a decomposição permitindo o apodrecimento em vida”. Refiro-me aos pais desta menina que continuam a fazer acreditar a sua inocência, quando deveriam ter a coragem de assumir a sua culpa.

  2. Quem pensam que são estes ordinários? Tudo isto tem sido um regabofe para eles. Apontam culpas a tudo e todos, não respondem ás questões que lhes são colocadas pela PJ, queixam-se de serem “mal tratados”, não partilham informação, fazem-se de vitimas em todo o processo (quando foram para jantarada e copos e deixaram os filhos sozinhos), ganharam milhões em donativos aos peditórios, etc.

  3. Estranho esta necessidade de apontar os pais como culpados, quando não existem quaisquer provas, senão já estariam presos.

  4. E se, no princípio disto tudo, estivesse uma questão: suponhamos que a menina não era filha de Gerry MacCann, uma vez que praticavam Swing. Que ele ao tentar ter “outro filho” terá descoberto que era infértil, portanto, não podia ser o pai de Maddy e desde logo se recusasse a criar e educar uma pessoa que não era do seu sangue. Para ter filhos bastava recorrer a um banco de esperma; é muito comum nestes casos nascerem gémeos e trigémeos, etc.. Talvez esta fosse uma boa oportunidade de se livrar da criança “intrusa”. Portugal, país visto como insignificante, não seria difícil convencer a Justiça com um caso do acaso, acidente, etc. Tiveram azar: o inspetor da PJ era demasiado competente e subverteu o esquema que tinham imaginado. Aqui começou a turbulência. Até o detetive particular que contrataram para que indagasse o que se sabia na Justiça portuguesa acerca das suas pessoas, também não foi totalmente cooperante e denunciou o que lhe foi exigido quer à polícia inglesa, quer à portuguesa. Foi providencial, embora estranho, terem consigo a chave da igreja de Tavira. Convém lembrar que o caso só foi participado às autoridades mais de duas horas depois. Muita coisa se pode fazer em duas horas! E alguém sabe o que foi Gerry fazer a Espanha na segunda feira seguinte? Os jornais noticiaram e isto muita coisa de que a maioria das pessoas já não se lembra. Há muita coisa estranha nesta novela!

  5. Porquê mais especulações?
    Gonçalo Amaral, não precisou de muito tempo, para deslindar o intrincado caso. A Polícia Judiciária é uma das melhores Polícias de Investigação do Mundo.
    Gonçalo Amaral, só teve um problema, que foi! A menina era inglesa e filha de gente muito influenta, o que permitiu alimentar esta tramóia, que se tornou muito rentável para o principais protagonistas “”os pais””.
    É lamentável, que não se tenha tanto empenho, em casos similares mas, filhos de portugueses anónimos.

  6. Gonçalo Amaral, tirou uma conclusão rápida e acertada, isto, em meu enteder.
    O seu problema foi que, a menina não era filha, de um português anónimo, mas sim, de subditos de Sua Magestade. A nossa P.J. é incontestávelmente uma das melhores Polícias de Investigação do Mundo.
    É lamentável, que o seu empenho, não vá tão longe, quando casos semelhantes, acontecem com nacionais.

  7. Eu tenho que me rir com alguns comentarios aqui, há pessoas que falam com a certeza absoluta! estas pessoas julgam-se deus, elas garantem que os pais sao culpados. È hilariante, os senhores e senhoras devem ter vidas muito tristes para quererem á força toda que o casal seja culpado e vá preso. Quem ver mais desgraça para se sentiram melhor com as vossas vidas miseráveis. Vão ao psiquiatra.

  8. Contra fatos não ha argumento. Eu acredito nos cães que identificaram cheiro de cadáver e de sangue no AP e no carro do distinto casal. Esta deveria ser uma base solida para a investigação policial.

  9. É que estamos a esquecer-nos que os cães usados tiveram que vir do Reino Unido, por exigência da polícia inglesa e, provavelmente, a expensas do estado português. O faro dos nossos não era de confiança! E quanto à culpa dos pais ela existe sim! Quem é que deixa três bebés sozinhos, num país estrangeiro, numa casa estranha cuja chave eles sabiam que não estava só nas suas mãos ?! Como é que estas crianças adormecem as três, às 6 horas, em Maio quando os dias são enormes, para os pais irem para a farra até às 10? Além disso, existia no espaço um serviço de baby sitting, onde tinham deixado os filhos, à tarde, e à noite prescindiram dele!! Porquê? Há e houve influência política no caso, por certo. Não façam de nós parvos e indemnizem-nos pelos danos causados por tamanha irresponsabilidade! Muitos casais portugueses, emigrantes no Reino Unido, ficaram sem os filhos por muito menos!!!!!

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