Libertação do “perigoso” suspeito no caso Maddie causa alarme na Alemanha

Filip Singer / EPA

Christian Bruckner, principal suspeito no caso Maddie, esteve presente em tribunal esta sexta-feira.

As autoridades alemãs manifestaram preocupação com a iminente libertação de Christian Brueckner, temendo que o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, ocorrido em 2007 no Algarve, e descrito como “perigoso”, fuja do país.

Os procuradores alemães acreditam que Christian Brueckner, de 48 anos, matou a a britânica Madeleine McCann, de três anos, no resort turístico português, num caso que há quase duas décadas intriga o mundo e continua sem solução.

Contudo, por falta de provas suficientes para formalizar uma acusação, nada podem fazer para impedir que Brueckner, que tem antecedentes de crimes sexuais violentos, saia em liberdade da prisão alemã em que se encontra detido até 17 de Setembro.

Brueckner sempre negou qualquer envolvimento no caso Maddie. Segundo a France 24, o seu advogado de defesa não respondeu esta semana aos pedidos de comentário da Agência France-Presse.

O procurador responsável pelo processo, Christian Wolters, afirmou acreditar que o homem, identificado pelas autoridades alemãs apenas como Christian B., continua a ser “fundamentalmente perigoso”. Um perito psiquiátrico que o avaliou recentemente concluiu que “é de esperar a prática de novos crimes sexuais”.

Não fez qualquer terapia ou tratamento semelhante na prisão, o que significa que, do nosso ponto de vista, temos de assumir que voltará a reincidir”, declarou Wolters.

O Ministério Público solicitou que a libertação seja acompanhada de medidas como o uso de pulseira eletrónica e a obrigação de comunicar a sua residência. Ainda assim, mesmo que essas condições sejam aplicadas, Brueckner será “basicamente um homem livre”, sublinhou o procurador.

Presumo que deixará a Alemanha. Por causa de toda a atenção mediática, para não ter de lidar com isso constantemente”, acrescentou Wolters.

Madeleine desapareceu do apartamento de férias da família, na Praia da Luz, no Algarve, em Maio de 2007, enquanto os pais jantavam num restaurante nas proximidades.

Apesar de uma vasta operação internacional de busca, de inúmeras pistas que não levaram a lado nenhum e de anos de intensa atenção mediática, nunca foi encontrado qualquer vestígio da criança.

Em 2020, num anúncio que causou enorme impacto, os procuradores alemães identificaram Brueckner, que se sabe frequentava a região na altura, como principal suspeito.

Os procuradores alegam possuir “provas concretas” não especificadas, mas admitem que não são suficientes para assegurar uma condenação, razão pela qual nunca avançaram com acusações formais relativas à morte de Maddie.

Brueckner cumpre atualmente pena na Alemanha pela violenta violação de uma norte-americana de 72 anos, na mesma zona do Algarve onde desapareceu Madeleine.

Em Outubro de 2022, foi ainda acusado de cinco crimes separados de violação e abuso sexual de menores, alegadamente cometidos entre 2000 e 2017, mas foi absolvido dessas acusações no início deste ano.

O Ministério Público de Braunschweig, onde decorreu esse julgamento, apresentou recurso e pediu a repetição do processo noutro tribunal. No entanto, uma decisão não deverá ser conhecida antes do próximo ano.

“Só esperamos que, se precisarmos dele novamente, seja possível localizá-lo”, afirmou Wolters. “Solicitámos que informe previamente o tribunal caso pretenda viajar para o estrangeiro… Mas, claro, em princípio não se pode proibir um homem livre de se deslocar de um país para outro.”

O procurador acrescentou que a investigação ao caso McCann continua em curso.

“Posso apenas afirmar que, em cinco anos de investigação, não encontrámos nada que refutasse de forma alguma a suspeita contra Christian B.”, frisou o procurador. “Ou seja, não encontrámos nenhuma prova que o inocente, nenhum álibi, nenhum indício de que não pudesse estar naquele local.

Para nós, Christian B. é responsável pela morte de Madeleine – e é o único responsável”, conclui o procurador.

ZAP //

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