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Um caso secreto, uma mensagem atrevida apanhada no telemóvel, talvez uma despesa de hotel fora de horas, alguma coisa que não batia certo… era fácil perceber que a cara metade estava a dar uma facadinha na relação. E agora? Trocar mensagens eróticas com um chatbot de IA, conta?
Arruinar uma relação por causa de um caso secreto é coisa do passado. Isto é, do ano passado. Em 2025, uma troca de mensagens provocantes com um chatbot de Inteligência Artificial já é uma intolerável traição — suficiente para deitar a perder um relacionamento.
As relações com a IA já não são vistas como algo inferior ou de segunda categoria. Para um número crescente de pessoas, a experiência emocional é suficientemente real para ameaçar uma relação verdadeira, nota a Vice.
Num estudo conduzido pelo Kinsey Institute para o DatingAdvice, 32% dos inquiridos consideraram que trocar mensagens de teor sexual com um chatbot é uma traição, e 29% dos participantes dizem que manter uma relação com uma IA é trair. Não é “mais ou menos”, nem “talvez” — é trair, ponto final.
No mesmo inquérito, 72% disseram que trocar mensagens com uma pessoa real seria um motivo de rutura — o que ainda coloca os bots abaixo dos humanos nos níveis de perigo para uma relação.
“As pessoas reconhecem que estas tecnologias podem trazer benefícios reais, incluindo intimidade e apoio”, explica Amanda Gesselman, investigadora do Kinsey Institute, que liderou o estudo.
O estudo identificou também uma mudança na forma como se define a chamada “intimidade digital”.
Interações que até agora eram vistas como fantasias inofensivas, como subscrever uma conta de OnlyFans, conversar com uma modelo por webcam, trocar mensagens privadas com desconhecidos — estão agora a ser classificadas como infidelidade.
Quase metade dos inquiridos (45%) consideram que enviar dinheiro para uma modelo de webcam conta como traição. Subscrever uma conta no OnlyFans é uma facadinha para 33% dos participantes no estudo.
DatingAdvice.com
O que conta como traição digital
Apenas 1/5 dos inquiridos consideram que ver pornografia é uma infidelidade; já fazer um like num post de uma pessoa é aparentemente inofensivo: só 13% acabam tudo por causa de um coraçãozinho atrevido colocado na foto errada.
A tecnologia não está apenas a tornar os relacionamentos mais fáceis ou difíceis, conclui a Vice; está a redefinir o que são.
Apoio emocional de um chatbot, textos eróticos trocados com uma IA, confissões de amor num ecrã… não é um episódio de Black Mirror; é a terça-feira à noite de alguém… talvez com o companheiro na divisão ao lado.
