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Santarém reentra na discussão para o novo aeroporto de Lisboa

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Aeroporto Humberto Delgado, Lisboa

A Comissão Técnica Independente (CTI) entregou esta segunda-feira o relatório final sobre as opções de localização do novo aeroporto de Lisboa. A solução única em Alcochete ou Vendas Novas continua a ser a mais favorável, mas a opção de Santarém – como “complementar” – foi recuperada e ganhou força.

O relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto foi apresentado ao Governo, esta segunda-feira.

A CTI manteve a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas, mas apontou que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”, depois desta opção ter sido descartada no relatório preliminar.

Nesta solução, a comissão refere Santarém como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”, mas “teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”.

Os promotores do aeroporto em Santarém consideram que a inclusão do projeto no relatório final da comissão técnica é o “reconhecimento da qualidade do projeto”, mas discordaram que funcione apenas como aeroporto complementar ao de Lisboa.

“A inclusão do projeto do aeroporto de Santarém no relatório final da comissão técnica independente é sobretudo um reconhecimento da qualidade do projeto, mas obviamente que não concordamos que seja apenas enquanto aeroporto complementar”, disse à Lusa o porta-voz do projeto, Carlos Brazão.

Carlos Brazão considerou que a CTI “não deu a devida atenção ao trabalho desenvolvido sobretudo entre dezembro e janeiro com a NAV”, que, segundo os promotores, resultou num conjunto de soluções que permitem resolver os problemas de navegabilidade aérea pela proximidade à base aérea de Monte Real, apontados no relatório preliminar.

“O trabalho desenvolvido e consensuado com a NAV e que está na nossa pronúncia já define a estratégia para permitir essa escalabilidade futura para, se necessário, vir a ser um grande ‘hub’ [centro de conexão]”, vincou Carlos Brazão.

O porta-voz do projeto realçou que o projeto é economicamente sustentável nos dois cenários (aeroporto complementar ou único) e que, caso Santarém seja escolhido pelo Governo, vão avançar com o projeto mesmo enquanto complemento ao Aeroporto Humberto Delgado.

“A vantagem e, se quiser, a beleza do nosso projeto é que esse cenários são todos possíveis e dá uma grande margem de liberdade para os futuros decisores decidirem a melhor estratégia e, sobretudo, para que nunca mais tenhamos que falar em aeroportos”, referiu.

CTI rejeita aeroporto único

Esta terça-feira, em declarações à agência Lusa, a coordenadora da CTI explicou que o projeto de Santarém “nunca foi descartado”, mas, segundo informações da NAV e da Força Aérea, não pode ser centro de conexão (‘hub’) intercontinental.

“Santarém nunca foi descartado, porque Santarém faz parte das opções estratégicas que constam da Resolução do Conselho de Ministros e, portanto, tinha de se manter na avaliação até ao final, o que acontece foi que nós, no relatório preliminar, quando considerámos Santarém inviável, era inviável para se constituir como um ‘hub’ intercontinental”, apontou Rosário Partidário.

“Temos no relatório ambiental, um ofício do Estado Maior da Força Aérea onde está muito claro que não pode haver cedência da área do bloco de Monte Real, temos também um esclarecimento adicional da NAV onde refere justamente que, por causa dessa limitação, Santarém não tem capacidade de movimentos para se constituir como um ‘hub’ intercontinental. Essa situação mantém-se”, assegurou ainda a coordenadora da CTI.

Rosário Partidário explicou que a CTI decidiu diferenciar no relatório final uma solução “potencialmente de mais curto prazo”, de acordo com os tempos apresentados pelos promotores do projeto, em que Santarém tem uma pista que pode ajudar a descongestionar o Aeroporto Humberto Delgado, mas com um menor número de movimentos do que Lisboa.

O relatório final será formalmente entregue ao Governo a 22 de março, juntamente com o parecer da Comissão de Acompanhamento, presidida por Carlos Mineiro Aires.

ZAP // Lusa

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