Com redução do IRC, o praticamente impossível deixa de ser superável

Filipe Amorim / Lusa

O presidente do PS, Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do PS considerou esta sexta-feira errada a política económica do Governo e avisou que a estratégia fiscal proposta, designadamente com a projetada descida do IRC, afasta cada vez mais os socialistas em matéria orçamental.

Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos em Paço de Arcos, em declarações aos jornalistas, depois de ter visitado a Almadesign, empresa com soluções nas áreas da mobilidade, saúde e equipamentos industriais.

Questionado sobre o programa económico apresentado na quinta-feira em Conselho de Ministros, o líder socialista criticou o caminho seguido pelo executivo PSD/CDS-PP.

“Aquilo que o Governo tem feito nestes últimos meses afasta muito o PS. Os anúncios são de medidas erradas, que não só custam muito ao erário público, como não vão resolver os problemas dos portugueses”, declarou, numa alusão à projetada redução progressiva do IRC para 15% até 2027.

Para Pedro Nuno Santos, entre as medidas que têm sido aprovadas pelo executivo, “não se vislumbra qualquer transformação da economia portuguesa”.

Entre as 60 medidas para a economia anunciadas pelo governo esta quinta-feira, encontram-se a redução gradual do IRC dos 21% para os 15% em apenas três anos, um regime de compensação no IVA, um mecanismo de tributação mínima de 15% para grupos multinacionais e nacionais, e uma obrigação de estado de pagar a fornecedores em 30 dias.

A estratégia fiscal do Governo afasta-nos, porque é errada dos pontos de vista orçamental, da justiça social e do estímulo à transformação da economia, o que, obviamente, gera dificuldades de entendimento” ao nível político, advertiu Pedro Nuno Santos, antes de se referir ao debate que se fará a partir de outubro em torno na proposta de Orçamento do Estado para 2025.

A responsabilidade é do Governo, que não tem maioria absoluta no parlamento, porque os portugueses não lhe quiseram dar. Por isso, o Governo tem de fazer um esforço muito grande para garantir a sustentabilidade da sua governação”, acrescentou.

“O PS não se põe de fora da resolução dos problemas do país, mas isso passa por denunciar o que está errado e não por viabilizar o que é errado. O que tem acontecido nos últimos meses não ajuda nada”, salientou o líder dos socialistas.

Na quarta-feira, questionado sobre a disponibilidade do PS para viabilizar o Orçamento, durante o Grande Entrevista, da RTP, Pedro Nuno Santos admitiu que, com atenção e conversa é possível que o “praticamente impossível se torne superável”, mas que “se o PS for ignorado aí vamos ter um problema“.

“Não podemos ser ignorados e ficar à espera que o PS levante o braço. O PS não está de corpo presente”, afirmou Pedro Nuno Santos, que explicou que a expressão “praticamente impossível” que usou várias vezes sobre o Orçamento de Estado se deve à “distância que existe entre socialistas e Governo“.

Essa distância acaba de aumentar.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.