Recuperar a Ucrânia vai custar quase 500 mil milhões de euros – e Kiev tem solução

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Sergey Dolzhenko / EPA

O custo da recuperação da Ucrânia está quase nos 500 mil milhões de euros. Kiev pediu o uso dos ativos russos congelados no estrangeiro.

A última Avaliação dos Danos e das Necessidades da Ucrânia refere que o custo total para a recuperação aumentou para 486 mil milhões de dólares – mais de 450 mil milhões de euros.

“Verificamos que as necessidades de reconstrução continuaram a aumentar no último ano. O principal recurso para a recuperação da Ucrânia deve ser a confiscação dos ativos russos congelados no Ocidente. Precisamos de iniciar o processo este ano”, refere o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, no documento.

Mas não é só: “Ao mesmo tempo, o Governo ucraniano está a criar condições para atrair investimentos privados, o que vai acelerar o processo de reconstrução e vai transformar o país no caminho para a União Europeia”, acrescentou.

Quase dois anos depois da invasão russa à Ucrânia, foi publicada – pelo governo da Ucrânia, Banco Mundial, Comissão Europeia e Nações Unidas – a atualização da Avaliação Rápida dos Danos e das Necessidades (Rapid Damage and Needs Assessment – RDNA3)

O documento menciona os danos ocorridos durante um período de quase dois anos após a invasão da Ucrânia – de 24 de fevereiro de 2022 até 31 de dezembro de 2023 – e conclui que os danos diretos atingiram quase 152 mil milhões de dólares, particularmente nos setores da habitação, transportes, comércio, indústria, energia e agricultura.

Conclusão: Ao fim de quase dois anos de guerra, “o custo total da reconstrução e recuperação da Ucrânia” corresponde a 486 mil milhões de dólares na próxima década, acima dos 411 mil milhões de dólares estimados há um ano.

Ucrânia precisa de 15 mil milhões agora

As autoridades ucranianas indicam que o país vai necessitar este ano de cerca de 15 mil milhões de dólares para as prioridades de reconstrução e recuperação (incluindo o setor privado), recuperação da habitação, infraestruturas, serviços, energia e transportes.

As regiões de Donetsk, Kharkivska, Luhanska, Zaporizka, Khersonska e Kyivska são as mais afetadas.

“Em todo o país, 10% das habitações foram atingidas ou destruídas, provocando a deslocação dos ucranianos das comunidades onde viviam. A destruição da barragem de Kakhovka, em junho de 2023, teve como resultado impactos negativos no ambiente e na agricultura e exacerbou as necessidades já enfrentadas pelas pessoas que lutam para ter acesso a casas, água, alimentos e serviços de saúde”, frisa o relatório.

As conclusões do RDNA3 complementam as prioridades previstas na agenda de reformas e investimentos do “Plano para a Ucrânia”, que vai estabelecer o quadro para a execução dos pagamentos ao abrigo do Mecanismo de Apoio nos próximos quatro anos pela União Europeia.

“Numa altura em que a Ucrânia se prepara para processo de adesão à União Europeia, as reformas e os investimentos apoiam uma melhor reconstrução”, indica o relatório.

Recuperar a habitação é urgente

O documento menciona que desde a última avaliação (RDNA2), o Governo da Ucrânia, com o apoio de parceiros, deu resposta a algumas das necessidades “mais urgentes” no setor da habitação.

De acordo com dados do governo de Kiev, em 2023 foram desembolsados quase mil milhões de euros para a recuperação do setor da habitação, sendo a maior parte dedicada à reparação e reconstrução de edifícios.

O documento aponta que foram realizadas reparações de emergência em autoestradas, vias rápidas e outras estradas nacionais (cerca de dois mil quilómetros).

No setor da educação, as autoridades locais dizem que reconstruiram cerca de 500 instituições de ensino sendo que, desde janeiro de 2023, “a percentagem de instituições de escolas com abrigos antiaéreos aumentou de 68% para 80%”.

Finalmente, a avaliação reforça que os “custos globais (486 mil milhões de dólares) para a recuperação – num período de 10 anos – incluem as medidas necessárias para a reconstrução.

Assim, segundo o documento, as necessidades de recuperação e reconstrução mais elevadas são as da habitação (17% do total), seguidas dos transportes (15%), comércio e indústria (14%), agricultura (12%) e energia (10%), proteção social e meios de subsistência (9%) e gestão dos riscos de explosão (7%).

Em todos os setores, o custo da remoção dos escombros ou demolição atingiu quase 11 mil milhões de dólares.

ZAP // Lusa

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