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“Boris Costa.” Para Rangel, Costa é “perigosamente populista”

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A aula de história, dada por Paulo Rangel esta sexta-feira de manhã na Universidade de Verão que decorre até domingo em Castelo de Vide, serviu para chegar à conclusão que, tal como Boris ou Salvini, também António Costa tem um discurso “perigosamente populista”.

A democracia nasceu na Grécia Antiga, quando cerca de 10 mil cidadãos se reuniam diariamente na Ágora para tomarem as decisões que regiam a sociedade, através do debate, do voto direto e de leis. A democracia direta transformou-se, depois, em democracia representativa.

“A demagogia era a perversão da democracia. A demagogia era o regime em que a vontade do povo servia como grande pretexto para que uma pessoa ou uma classe governasse em nome de interesses próprios e não do bem comum. O bem comum era apenas o pretexto”, explicou Paulo Rangel no palco da Universidade de Verão do PSD, citado pelo Observador.

“Percebeu-se rapidamente que a democracia podia degenerar facilmente para a demagogia, e como é isso se contrariava? Com a criação da democracia representativa. Porque na democracia representativa há um mandato para as pessoas tomarem decisões em nome de todos. E porque é que isso é bom? Porque cria uma certa distância, uma mediação, uma capacidade de ponderação e de reflexão em nome dos interesses do coletivo”, continuou.

No entender de Rangel, o grande problema da Europa nos dias de hoje “é o conflito entre a democracia representativa e a democracia direta” ou, por outras palavras, a ideia que cresceu na opinião pública de que há “a vontade do povo” e depois há “a vontade dos políticos”, e ambos não são compatíveis.

“A grande tragédia de hoje é a ascensão daqueles que criam nas pessoas a ilusão da democracia”, afirmou, dando o exemplo de Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico que decidiu suspender o Parlamento por ser um obstáculo à decisão da maioria de sair da União Europeia, ou Matteo Salvini, que bateu com a porta em Itália para pedir novas eleições.

“Claro que não são todos iguais. Mas há um traço comum a Viktor Orbán, Boris Johnson ou Matteo Salvini: é que todos invocam a vontade do povo, só eles sabem o que o povo quer, e criam no povo a ideia de que está a ser traído pelas elites políticas”. Isto, explicou, é o “populismo” ou a demagogia temida na Grécia Antiga.

Mas não é só lá fora que o populismo se faz sentir. Também em Portugal os sinais existem. “Não podemos compará-los a todos da mesma forma [Costa a Boris ou Boris a Orbán], mas alguns líderes que se julgam mais espertos do que os outros veem como certas coisas estão a pegar e aproveitam para engrossar a sua base de apoio”, disse Rangel.

É aqui que entra o “Boris Costa”, a “Sereia Costa” ou o também chamado de “presidente da câmara de Portugal”: sereia por causa dos seus cantos e Boris por causa da sua tentativa de “manipulação”.

“Enquanto decorria a discussão sobre a escassez ou não de combustíveis, não se falava de mais nada, e isto é populismo. Enquanto em Londres se suspende um Parlamento, em Lisboa quer-se extinguir um sindicato – não pode ser, pode agradar às massas, pode ser popular e populista, mas não é bom para o sistema democrático”, resumiu Rangel.

Por oposição a primeiro-ministro, surge então o “presidente da câmara de Portugal“: “Costa olha para o país como uma autarquia, onde conhece os vizinhos, faz uma festa de vez em quando, faz um drama com isto ou aquilo de vez em quando, trata da recolha do lixo, e de resto? Que desígnio tem para Portugal?”

Aquilo que queremos para Portugal é um Boris Costa? Uma espécie de sociedade de controlo sem desígnio, sem visão, sem projeto para o país?”, questionou Paulo Rangel à plateia de jovens.

“Não cedam ao populismo”, avisou. “Se fizermos isso teremos uma democracia madura e teremos condições de não sermos anestesiados nem adormecidos por este discurso, que é um discurso perigosamente populista.”

ZAP //

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1 Comment

  1. Diz o roto ao nu porque não te vestes tu, como se no PPD não fossem também eles uns populistas, falarem o que faziam diferente e como nem uma palavra quando não se tem ideias qualquer merda serve para dizerem que estão a fazer política vão todos os políticos dar banho ao cão.

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