Rahaf Mohammed Al Qunun, a jovem que se refugiou no Canadá depois de fugir da sua família, quer dedicar-se à luta pela libertação das mulheres em todo o mundo.
Numa aparição pública em Toronto, e em frente à bandeira canadiana na sede da Costi (a ONG de apoio a refugiados e que se encarregou de a acomodar), a jovem saudita declarou que “hoje e nos próximos anos, vou trabalhar em apoio à libertação das mulheres no mundo, pela mesma liberdade que senti ao chegar ao Canadá”.
Para a jovem saudita, fugir da sua família e do seu país “valeu a pena” e espera que o seu exemplo traga atenção para a condição das mulheres na Arábia Saudita.
O caso de Rahaf teve atenção mediática internacional quando a jovem viu negada a entrada na Tailândia, onde tentou fazer escala e seguir viagem para a Austrália, país para o qual tinha um visto turístico de três meses e onde disse procurar asilo.
Para evitar a sua detenção, a saudita barricou-se num quarto de hotel tailandês para impedir que os agentes de imigração a colocassem num avião, de forma a ser devolvida à sua família e transportada para a Arábia Saudita.
Barricada, Rahaf tomou de assalto as redes sociais para alertar a comunidade internacional e para pedir socorro ao Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur), que acedeu à sua solicitação.
As autoridades tailandesas acabaram por renunciaram à ideia de deportá-la e a organização facilitou a sua viagem para o Canadá, país que lhe concedeu asilo. Desde sábado, que a jovem iniciou uma nova vida em Toronto.
“A minha família não me tratou respeitosamente e não me permitiu ser eu mesma, nem quem eu queria ser. Na Arábia Saudita, é o mesmo para todas as mulheres, salvo para as que têm pais compreensivos”, afirmou a jovem, citada pela Sapo24.
Considerando-se “uma das afortunadas”, a jovem denunciou a falta de liberdade das mulheres naquele país, que são “tratadas como escravas“. “Não são independentes e precisam da aprovação do seu guardião (pai, marido ou outro parente) para tudo.”
Na balança, Rahaf chegou a colocar a hipótese de se suicidar. “Fiquei trancada durante seis meses, porque cortei o cabelo”, explicou, acrescentando que sofria regularmente “violência física” por parte do irmão e da mãe.
Já no Canadá, a jovem saudita recebeu uma carta da família, informando-a de que tinha sido renegada como filha. Por este motivo, a adolescente pediu para ser chamada apenas de Rahaf Mohammed e, assim, eliminar o seu apelido.
Agora, iniciando a sua nova vida, a jovem quer aprender inglês e encontrar um emprego no Canadá. “Quero ser independente, tomar as minhas próprias decisões e decidir eu mesma se um dia me caso e com quem.”
ZAP // Lusa