Quem manda no PS, cansados de ataques, destruir o SNS de forma cobarde. Foi feriado

// Paulo Novais, António Pedro Santos, Hugo Delgado / Lusa

O candidato da AD às eleições europeias desafiou hoje o PS a decidir o que quer dizer aos democratas portugueses, apontando contradições entre António Costa, Pedro Nuno Santos e Francisco Assis.

Ao intervir num comício da Guarda, Sebastião Bugalho disse que “o PS tem um compromisso e uma dívida de verdade” para com os democratas, “sejam eles de esquerda ou de direita, de centro direita ou centro esquerda”.

“O PS tem de decidir o que é que quer dizer à democracia e tem de decidir rapidamente, porque de duas uma: ou a AD é igual ao Chega, que é o que o líder do PS tem dito, ou a direita é igual à extrema-direita, que é o que a doutora Marta Temido tem dito”.

“Ou então a AD é a AD e governa com a AD ao serviço dos portugueses que é o que todos temos visto”, afirmou, citando declarações do candidato a eurodeputado Francisco Assis, em que ele diz que o PSD não tem nada que ver com a extrema direita racista.

Na sua opinião, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, “entre estas duas alternativas, entre a mais próxima da realidade e a mais próxima da ilusão, prefere a segunda”.

“Em quê é que ficamos? Quem é que manda no PS? O que é que o PS pensa e decide? Qual é que é a versão da democracia portuguesa que vigora no PS”, questionou. E continuou: “a AD é de extrema direita ou a AD é moderada e construiu a democracia ao lado do PS, em alternância ao PS? O PS não se decide”.

Bugalho aproveitou a sua intervenção para saudar a participação da presidente da Comissão Europeia na campanha da Aliança Democrática, em 6 de junho, apontando mais contradições ao PS.

“Dizia o dr. António Costa ainda primeiro-ministro sobre Ursula Von der Leyen: ‘fez um excelente mandato nos últimos cinco anos, só tenho a dizer bem’. Mas a dra. Marta Temido vem dizer agora que a sra. Von der Leyen é cúmplice da extrema-direita putinista, em que é que ficamos, o PS tem de se decidir”, exortou.

Bugalho foi mais longe: “Em que é que os portugueses acreditam? No PS do dr. Costa, no PS do dr. Pedro Nuno Santos, no PS da gerigonça, no PS do dr. Soares? Qual é o PS que vai a votos?”, questionou.

“Enquanto deu jeito o PS não esqueceu o legado de Ursula Von der Leyen, mas agora como vamos a eleições a amnésia coletiva surgiu na cabeça dos socialistas”, acusou, dizendo que “para o PS parece que subitamente a presidente da Comissão que defendeu a Europa de uma invasão se converteu numa aliada do invasor”.

Bugalho questionou igualmente o apoio do PS a Nicolas Schmit para presidir à Comissão Europeia, dizendo que o luxemburguês conta com o apoio de países com políticas que Marta Temido tem criticado, como Dinamarca, Malta ou Espanha.

Portugueses cansados de ataques

O secretário-geral do PS considerou hoje que “os portugueses estão cansados das campanhas de ataques” sobretudo de “quem nem sequer tem um percurso político”, recusando entrar numa troca de palavras entre a candidatura socialista e a da AD.

Pedro Nuno Santos juntou-se esta quinta-feira à cabeça de lista do PS, Marta Temido, na campanha para as europeias de 9 de junho na última ação do dia, uma arruada pelo centro de Évora, durante a qual manteve a linha da candidata socialista de não responder aos ataques do opositor da AD, Sebastião Bugalho.

“Os portugueses estão cansados das campanhas de ataques e ataques desses de quem nem sequer tem um percurso político”, considerou o líder socialista, num aparente ataque ao percurso do cabeça de lista da AD, o jornalista Sebastião Bugalho.

Segundo Pedro Nuno Santos, “Marta Temido tem um percurso político, de Estado, confirmado, verificado por todos os portugueses que a conhecem”, apontando a forma como as pessoas na rua têm reagido à forma como lidou com a pandemia enquanto ministra da Saúde.

Foi testada nesse seu trabalho. Isso é que deve ser reafirmado e lembrado e sinceramente não entrarmos numa troca de palavras entre candidaturas, entre a AD e a nossa candidatura. Não é assim que nós estamos na vida, não é assim que nós estamos na política e não é assim que nós queremos estar em campanha”, enfatizou.

O cabeça de lista da AD às europeias acusou na quarta-feira Marta Temido e o PS de “irresponsabilidade democrática”, por criticarem o plano de emergência para a saúde depois do estado a que deixarem chegar o setor.

Bloco não perdoa erros do PS na saúde

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou esta quinta-feira o PS e Marta Temido de terem cometido erros crassos na saúde aproveitados agora pelo Governo PSD/CDS-PP para “destruir o Serviço Nacional de Saúde de forma cobarde“.

“Nenhum governante tem a coragem de dizer que quer acabar com o SNS. Mas é precisamente isso que o Governo está a fazer de forma cobarde. O que o Governo do PSD está a fazer de forma cobarde é acabar com o SNS. Aproveitando um erro crasso da maioria absoluta do PS”, considerou Mariana Mortágua, que intervinha numa ação de campanha do BE para as eleições europeias, em Coimbra.

A bloquista afirmou que o BE “não perdoa” ao PS e a Marta Temido, cabeça de lista do PS às eleições europeias do dia 9 de junho e ex-ministra da Saúde, ter “criado uma guerra contra os profissionais” deste setor.

Lembrando que os anteriores governos socialistas deixaram “1,7 milhões de utentes sem médico de família“, Mortágua recorreu às figuras do fundador do Partido Socialista, António Arnaut, e o bloquista João Semedo para atacar os socialistas.

“Não abandonamos a generosidade da resposta e de Arnaut e Semedo ao contrário do que fez o PS. A verdade é que o PS recusou esse legado que Arnaut nos deixou, desprezou esse testamento. Esse erro é o que se torna a oportunidade da direita”, argumentou.

Um dia depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter apresentado o seu programa de emergência para a saúde, Mariana Mortágua fez vários ataques ao governo minoritário, considerando que viu “muito ‘powerpoint‘, poucos compromissos e nenhuma conta”.

“Ao melhor estilo da consultoria privada, o ‘powerpoint’ é na verdade um plano de negócios para o setor da saúde privada em Portugal. Um roteiro de promessas e benesses clientelares, uma distribuição de verbas para empresas dos apoiantes da direita, uma promoção da cartilha liberal e mais uma demonstração do desprezo que a direita tem por quem aguenta os hospitais, quem trabalha no SNS”, acusou.

ZAP // Lusa

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