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Que economia esteve melhor em 2023? Há um campeão improvável e Portugal no top 10

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O aumento das taxas de juro para controlar a inflação galopante levou a receios de uma recessão global em 2023, mas os dados económicos revelam um cenário um pouco diferente e há um país que se destaca, de forma surpreendente, com o melhor desempenho – e Portugal aparece no oitavo lugar.

A revista The Economist compilou dados relativos a cinco indicadores económicos – a inflação, o índice de preços no consumidor, o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a performance do mercado de acções – em 35 países do chamado “primeiro mundo”, para chegar a uma pontuação geral que indica o ranking das economias que melhor prestação tiveram em 2023.

Os dados recolhidos indicam que o PIB global cresceu 3% e que o mercado de trabalho aguentou-se, com os mercados de acções a “subiram 20%” e a inflação a descer. Conclusões que contrariam as previsões de recessão global que havia para 2023 e que colocam a Grécia como a economia com o melhor desempenho no ano findo.

É “um resultado notável” para a Grécia, “uma economia que até recentemente era sinónimo de má gestão”, aponta a The Economist.

Destaque ainda para a Coreia do Sul no segundo lugar com os EUA a fecharem o pódio à frente de Israel, do Luxemburgo, do Canadá e do Chile.

Portugal aparece no oitavo lugar a par de Espanha e à frente de Polónia, Irlanda, Dinamarca, Japão e Suíça.

Muitos dos países “preguiçosos”, segundo a designação da publicação, estão no norte da Europa, incluindo a Grã-Bretanha, a Alemanha, a Suécia e, no último lugar do ranking, a Finlândia.

1 – Grécia
2 – Coreia do Sul
3 – EUA
4 – Israel
5 – Luxemburgo
6 – Canadá
7 – Chile
8 – Portugal
— Espanha
10 – Polónia
11 – Irlanda
12 – Dinamarca
13 – Japão
—- Suíça
15 – Estónia
—- Turquia
17 – Itália
18 – México
19 – França
20 – Eslovénia
21 – Austrália
22 – Colômbia
—- Países Baixos
24 – Letónia
25 – Noruega
26 – República Checa
27 – Alemanha
28 – Bélgica
29 – Hungria
30 – Reino Unido
—- Eslováquia
—- Suécia
33 – Áustria
34 – Islândia
35 – Finlândia.

A inflação foi o desafio global

A inflação foi o grande desafio global em 2023 e, por isso mesmo, o primeiro indicador analisado pela The Economist foi a chamada “inflação núcleo” que não tem em conta as variáveis voláteis como os preços da energia e dos bens alimentares.

Neste campo, o país que melhor controlou os preços subjacentes foi a Suíça, onde aumentaram apenas 1,3% em termos anuais.

Em Portugal, o aumento foi de 3,5% e em Espanha, de 3,8%. Valores semelhantes aos registados em países como Luxemburgo (3,7%), Itália (3,5%) e França (3,1%), enquanto Alemanha (4,2%), Reino Unido (5,6%) e Irlanda (6,1%) estiveram um pouco mais acima.

Na Turquia, a inflação subjacente chegou aos 69,5%, na Hungria aos 11% e na Suécia aos 9,1%.

Quanto ao índice de preços no consumidor (IPC), ou seja, a amplitude da inflação, a The Economist destaca que países como o Chile e a Coreia do Sul que aumentaram agressivamente as taxas de juro em 2022, mais cedo do que muitos dos seus pares mundiais, registaram melhores resultados.

“Na Coreia do Sul, a amplitude da inflação caiu de 73% para 60%“, o que constitui uma queda percentual de 13,3%, aponta a revista.

No Chile, a queda foi de 6,7%, tal como em Portugal. Luxemburgo (-26,7%), EUA (-18,8%) e Canadá (15,4%) conseguiram quedas ainda mais acentuadas.

Por outro lado, não desceu em países como Alemanha (18,8%), Japão (17,6%), Espanha (13,3%) e França (6,7%), onde a inflação parece “mais enraizada”, segundo a The Economist.

“Crescimento da produtividade é fraco” em todo o mundo

Quanto ao crescimento do emprego e do PIB, os dados indicam que nenhum dos 35 países analisados “se saiu espectacularmente bem” nestas áreas que contribuem directamente para o cidadão comum, sublinha a referida publicação.

“Em todo o mundo, o crescimento da produtividade é fraco, limitando potenciais aumentos do PIB”, conclui a The Economist, realçando que também se verificaram poucas melhorias quanto ao emprego.

Os indicadores apontam para o declínio do PIB em vários países, com a Irlanda a destacar-se com o pior desempenho, com uma queda de 4,1%.

Portugal assinala um crescimento de 1,4% no PIB e Espanha de 1,3%, conseguindo melhor performance do que França (0,6%), Reino Unido (0,5%) e Alemanha (0%).

No âmbito do emprego, Portugal registou um crescimento de 0,9%, ficando abaixo de Espanha (2,4%), Suíça (1,6%) e Itália (1,4%), mas à frente de França (0,7%), Alemanha (0,7%) e Reino Unido (0,4%).

O “desempenho inferior” da Alemanha no âmbito do PIB e do emprego resulta das “consequências do choque dos preços da energia e da crescente concorrência dos automóveis chineses importados”, sublinha a The Economist, frisando que, no caso do Reino, estão ainda em causa as “consequências do Brexit“.

Nos EUA, o crescimento foi de 2,3% no PIB e de 1,3% no emprego, com o país a beneficiar de “um nível recorde de produção de energia, bem como de um estímulo fiscal generoso implementado em 2020 e 2021″, frisa a revista económica.

“A maior economia do mundo pode ter puxado outros países”, nomeadamente o Canadá, onde o emprego cresceu 1,6% e Israel que registou um crescimento de 2,4%, constata ainda.

Valor das acções aumentou 43,8% na Grécia

Já no âmbito do mercado de acções, os EUA tiveram um “desempenho mediano”. Mas também não houve boas notícias, neste capítulo, noutros países, nomeadamente na Finlândia, com a Nokia como figura de proa da queda do preço das acções.

Em sentido contrário, as empresas japonesas “estão a viver uma espécie de renascimento” depois de “reformas da governação corporativa” que foram implementadas, com o Japão a revelar “um dos melhores desempenhos em 2023, subindo em termos reais quase 20%”, analisa a The Economist.

Mas o campeão deste parâmetro foi a Grécia com o valor real do mercado de acções a aumentar 43,8%.

“Os investidores voltaram a olhar para as empresas gregas à medida que o governo implementa uma série de reformas pró-mercado”, sublinha a publicação, frisando que “embora o país ainda seja muito mais pobre do que era antes da sua poderosa crise no início da década de 2010″, o FMI “elogiou “a transformação digital da economia” e o “aumento da concorrência no mercado””.

Quanto a Portugal, o mercado de acções registou um crescimento de 1,3%, muito aquém dos 14,6% de Espanha ou dos 20,6% da Irlanda.

Susana Valente, ZAP //

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5 Comments

  1. Esquecem que Portugal foi dos Paises que mais houve corrupção e onde muitos Portugueses perderam as casas para pagar ao Estado e que muitos vivem no limite da Pobreza para poderem pagar ao Estado, ou seja um Governo que esmifrou os contribuintes, assim qualquer um Governa bem , estrangular o seu Povo para pagar o mesmo e ajudar os amigos.

  2. Pois … noticias muito más para a oposição… não gostam, é natural , não querem bons comentários sobre nós , desvalorizando o que de bom foi feito até agora … o que de bom se escreve sobre o desempenho dos portugueses … Velhos do restelo

  3. Quando se é pequeno, qualquer pequena subida é significativa, mas em termos absolutos não implica nenhuma melhoria de qualidade de vida para os cidadãos porque o que era pequeno, pequeno contínua.
    A estatística dá aquilo que se quer. Na prática, pouco ou nenhum significado tem.

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