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Vacina covid: “4.ª dose não faz muita coisa. Não sei se precisamos de andar aí aos gritos”

Rungroj Yongrit / EPA

Em Portugal haverá quarta dose para as pessoas idosas. Especialistas duvidam da necessidade do reforço para as pessoas mais novas.

As vacinas contra o coronavírus já não criam filas de dezenas ou centenas de metros e também já desapareceram os grandes centros de vacinação em Portugal. Mas as vacinas não desapareceram.

Praticamente seis milhões de pessoas em Portugal já tomaram três doses da vacina contra a COVID-19. Mas a “dose” ainda não acabou.

No início desta semana Marta Temido, ministra da Saúde, anunciou que as pessoas com mais de 80 anos vão começar a receber a quarta dose da vacina no final do próximo Verão.

Já nesta quinta-feira, Marta Temido acrescentou que as pessoas entre 60 e 80 anos também poderão receber a quarta dose, embora ainda não haja confirmação.

Para quem tem menos de 60 anos, não está previsto o reforço. E não deve ser preciso, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos da América.

A entidade tem estado cética em relação a nova dose da vacina para pessoas saudáveis com menos de 50 anos (já foi aprovada para maiores de 50 anos, nos EUA).

Um estudo realizado em Israel demonstrou que a quarta dose da vacina da Pfizer diminuía a sua eficácia contra infecções após o primeiro mês.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua sem recomendar oficialmente a quarta dose. “Ainda não há evidência científica suficiente. O reforço aumenta temporariamente os anticorpos neutralizantes; mas esses anticorpos diminuem rapidamente”, explicou Soumya Swaminathan, cientista da OMS, em entrevista à CNBC.

O professor de medicina Paul Goepfert duvida da necessidade desse reforço: “A quarta dose não faz muita coisa… Não tenho bem a certeza se precisamos de andar aí aos gritos, para todo o lado, a avisar as pessoas que precisam da quarta dose”.

Também tem sido abordada a possibilidade de haver vacina todos os anos, ou de dois em dois anos. Mas há uma questão: as novas variantes da COVID-19, que podem exigir vacinas diferentes das actuais, adequadas a cada cenário.

Swaminathan, da OMS, reforçou uma ideia que tem sido defendida por diversos especialistas: provavelmente as pessoas inseridas em grupos de risco vão precisar de uma vacina todos os anos, mas os adultos saudáveis… “Ainda não é claro”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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