A ex-jornalista da televisão estatal russa Marina Ovsyannikova, que o ano passado ganhou atenção internacional pelo seu protesto ao vivo contra a guerra na Ucrânia, afirmou em entrevista à Sky News que um Vladimir Putin “isolado” está a ficar sem Novichok para silenciar o seu crescente número de críticos.
O presidente russo Vladimir Putin “já não tem Novichok suficiente” para calar todos os seus críticos, diz a ex-jornalista da televisão estatal russa Marina Ovsyannikova.
Habitualmente associado aos serviços secretos da Rússia, o agente nervoso de grau militar Novichok foi usado nos envenenamentos de Salisbury em 2018 e contra o político da oposição russa Alexei Navalny em 2020.
Em entrevista à Sky News, a ex-jornalista russa manifestou esperanças de que Putin pudesse ser derrubado por alguém do seu círculo mais próximo, citando críticas recentes do líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, e do presidente da Tchetchénia, Ramzan Kadyrov.
Ovsyannikova acredita que, à medida que a Ucrânia avança na guerra, as divisões entre as elites russas vão aprofundar-se, e que, apesar de não haver atualmente nenhum líder capaz de congregar os russos, talvez alguém próximo de Putin lhe possa dizer que está na hora de renunciar.
Descrevendo Navalny como um herói, Ovsyannikova manifestou preocupação com a deterioração da saúde do opositor russo. No entanto, considera que nem mesmo a sua morte provocaria protestos em massa, dada a política de intimidação russa e a presença policial nas ruas do país.
Referindo-se ao seu protesto ao vivo na televisão estatal russa Canal 1, menos de um mês após a invasão da Ucrânia, Ovsyannikova explica que se sentiu impelida a agir devido ao forte contraste entre a realidade da guerra e a propaganda apresentada pelo regime “cada vez mais totalitário da Rússia”.
Em março de 2022, Ovsyannikova interrompeu o principal programa de notícias da estação televisiva, onde trabalhava, para denunciar a guerra russa contra a Ucrânia.
“Não à guerra. Parem a guerra. Não acreditem na propaganda. Estão a mentir-vos aqui”, podia ler-se em inglês e russo no cartaz mostrado por Ovsyannikova. A manifestante pôde ser vista e ouvida durante alguns segundos antes de o canal a retirar do ecrã, ao mesmo tempo que a pivot subia o tom de voz para a abafar.
A ex-jornalista foi na altura detida, e, após 14 horas de interrogatório, multada em 256 euros e libertada. Após o protesto em direto, as televisões russas deparam-se com um onda de demissões de jornalistas.
Guerra na Ucrânia
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