Manuel de Almeida / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino de Morais
Isaltino Morais e Maria das Dores Meira são os únicos independentes na lista mais recente para as autárquicas. Vale tudo?
O PSD aprovou nesta semana a mais recente lista de candidatos para as eleições autárquicas deste ano, que estão marcadas para o dia 12 de Outubro.
Entre os nomes anunciados pela Comissão Política Nacional do partido, destacam-se os únicos dois independentes: Isaltino Morais (Oeiras) e Maria das Dores Meira (Setúbal).
Isaltino Morais já esteve no PSD. Mas há 24 anos que não tinha o apoio dos sociais-democratas. Entretanto viu-se envolvido em várias questões delicadas, entre branqueamento de capitais, fraude fiscal e corrupção passiva. Foi mesmo condenado por fraude fiscal.
Saiu da prisão em 2014, voltou a ser candidato à Câmara Municipal de Oeiras – porque “o povo praticamente exigiu” – e voltou a ser eleito. Em 2021 ainda surgiu a possibilidade de ter o apoio do PSD, mas Rui Rio rejeitou esse cenário.
Maria das Dores Meira era comunista. Defendia a CDU quando era presidente da Câmara Municipal de Setúbal – e quando terá recebido pagamentos de despesas com valores invulgares. A inclusão do seu nome nas listas dos sociais-democratas criou grande incómodo dentro do PSD.
Ao apoiar estes dois nomes, o PSD “perdeu completamente a noção da bússola ética em nome de vencer, vencer, vencer”, avisa Rui Pedro Antunes.
O comentador na rádio Observador admite que Isaltino é genuíno ao falar com os habitantes de Oeiras, tem o seu toque peculiar, mas “há aqui um perder de vergonha” por parte do PSD.
Rui também considera que o partido falhou ao não apresentar lista própria para um concelho como Oeiras.
Já sobre Maria das Dores, as dúvidas à volta da ex-autarca também são muitas: “Há ali muita estranheza, muitas dúvidas éticas. Também aí há um risco”.
“Não vale tudo”, acrescentou José Manuel Fernandes.
O apoio a Isaltino Morais tem outra particularidade dentro do PSD: é que Marques Mendes, agora apoiado pelo PSD para presidente da República, foi quem “empurrou” Isaltino para fora do partido em 2005. O partido não o apoiou nas autárquicas desse ano, preferindo Teresa Zambujo. Isaltino Morais já era arguido na altura, devido a suspeitas à volta de contas bancárias na Suíça.