PS tem “dois amores” para Presidente da República

Mário Cruz/Lusa/Ministério dos Negócios Estrangeiros

Governador do Banco de Portugal não é militante do partido, mas será o nome mais consensual. Socialistas ainda não têm a certeza de qual gostam mais.

O Partido Socialista (PS) já prepara com força as eleições presidenciais de 2026, ano em que espera pôr fim a uma ‘seca’ de 20 anos sem um Presidente da República socialista — o último foi Jorge Sampaio, cujo mandato terminou em 2006.

A promessa chegou da boca do secretário-geral Pedro Nuno Santos no início do ano, que deu uma garantia: o PS vai apoiar um candidato nas presidenciais de 2026, 15 anos depois do apoio ao histórico socialista Manuel Alegre – que obteve 20% dos votos.

 

Atualmente, há dois grandes nomes em cima da mesa: um é o mais consensual, mas um veterano também faz parte da short list de alternativas.

O consensual Centeno e o veterano Vitorino

Apesar de não ser sequer militante do PS, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é o nome mais popular entre os socialistas para tentar suceder Marcelo Rebelo de Sousa, segundo vários dirigentes do Partido, avança o Público esta quarta-feira.

Centeno já anunciou que não vai continuar como Governador do Banco de Portugal e com António Costa oficialmente fora da corrida — vai ser presidente do Conselho Europeu — ganhou terreno no PS para ocupar o lugar de chefe de Estado.

Desde que se tornou ministro das Finanças em 2015, conseguiu conquistar a simpatia das bases socialistas com a sua gestão marcada pelas “contas certas”.

Algumas figuras influentes do PS, como Adalberto Campos Fernandes, já manifestaram publicamente o seu apoio a Centeno: “daria um excelente Presidente da República“, disse o ex-ministro da Saúde em entrevista à Rádio Observador.

A verdade é que se é bem visto pela ala moderada do PS, Centeno não é assim tão bem-vindo mais à esquerda. A alternativa não deve resolver esse problema.

Veterano conhecido pela sua longa carreira política e presença assídua nas discussões partidárias, António Vitorino é, tal como Centeno, mal visto pela ala esquerda, mas a sua experiência pode colocá-lo na frente da corrida. Mas Centeno e Vitorino não estão sozinhos.

Ainda há outros nomes…

Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República, também foi considerado um possível candidato, embora não tenha abordado o assunto recentemente. No entanto, terá “perdido gás” na corrida. Espera-se dentro do PS que um Presidente da República tenha um papel mais apaziguador do que confrontativo, ao contrário do que Santos Silva fez à frente da Assembleia.

Ana Gomes, que concorreu contra Marcelo Rebelo de Sousa em 2021 e foi apoiada por Pedro Nuno Santos, não excluiu ainda a possibilidade de uma nova candidatura.

António José Seguro, ex-líder do PS, é outro nome referido nas discussões, mas a sua ausência do espaço público nos últimos anos pode ser um obstáculo.

António Guterres vem sendo citado como um hipotético candidato socialista a Belém. Há um ano, uma sondagem colocava o secretário-geral da Organização das Nações Unidas no topo das preferências dos portugueses, 15,1% das intenções de voto, apesar de estar afastado da política nacional há duas décadas.

E do outro lado?

Vários conhecidos nomes têm sido apontados ao ‘trono’ de Belém. No entanto, só um teve confirmada a sua candidatura: André Ventura.

A decisão foi tomada internamente no Chega já em janeiro de 2023 e o líder do partido deverá recandidatar-se, depois de ficar no terceiro lugar em 2021, com 11,9% dos votos, atrás de Marcelo Rebelo de Sousa (60,7%) e de Ana Gomes (13%).

O comentador Luís Marques Mendes admitiu, em agosto de 2023, uma candidatura presidencial, “se houver utilidade para o país” e “um mínimo de condições para avançar”.

 

 

Paulo Portas, ex-líder do CDS, também estaria de olho nas Presidenciais de 2026.

Pedro Santana Lopes já fez várias vezes “cócegas” a uma  candidatura.

O antigo primeiro-ministro admite concorrer contra Marques Mendes e Paulo Portas e só um nome o levará a recuar dessa intenção: Pedro Passos Coelho, que tem vencido sondagens que antecipam a corrida à Presidência.

Passos é um nome que deve ser apoiado por Marcelo, também com um objetivo: travar o Almirante Henrique Gouveia e Melo, que tem sido apontado com frequência à sucessão de Marcelo desde a sua gestão da vacinação durante a pandemia.

 

Tomás Guimarães, ZAP //

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