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Como o “prudente” Costa fortaleceu a confiança mundial na economia portuguesa

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A crise política instalada em Portugal, com o anúncio de demissão de António Costa, no âmbito da recuperação do tempo de carreira congelado aos professores, não abalou a confiança dos mercados financeiros no Governo socialista. Pelo contrário, a estratégia “prudente” até a reforçou.

Esta análise é feita na Alemanha pelo segundo maior banco do país, o Commerzbank, num relatório sobre o leilão de obrigações que se realizou nesta quarta-feira, 8 de Maio.

A instituição financeira considera que a postura do primeiro-ministro português reflecte a “determinação” do Governo socialista em “manter uma trajectória orçamental prudente”, como cita o Jornal de Negócios.

Desta forma, a crise política passou ao lado dos mercados financeiros, com os juros portugueses a 10 anos a situarem-se em mínimos históricos, “negociando agora abaixo dos 1,1% pela primeira vez”, como destaca a publicação económica.

“Houve um impacto muito limitado nos mercados, o que mostra a confiança que os mercados têm no Governo socialista”, destaca em declarações ao Negócios o analista-chefe do Danske Bank, Jens Peter Sørensen.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, já tinha afirmado que Costa manteve “uma posição sábia e firme” que contribui para manter uma “opinião confiante sobre a economia portuguesa”.

“Vemos mais valor em Portugal”

O relatório do Commerzbank também previa que a emissão da dívida pública portuguesa teria bons resultados no leilão desta quarta-feira, realçando que “todas as ‘yields‘ das obrigações acabam de atingir níveis baixos recorde”.

“Vemos mais valor em Portugal”, apontava ainda o relatório citado pelo Negócios.

Nesta quarta-feira, Portugal colocou 1.250 milhões de euros, montante máximo anunciado, em Obrigações do Tesouro (OT) a 10 e 15 anos, com juros a caírem e de novo para mínimos de sempre no prazo mais curto.

Segundo a página do IGCP, agência que gere a dívida pública, na agência Bloomberg, foram colocados 800 milhões de euros em OT com maturidade em 15 de Junho de 2029 (cerca de 10 anos) à taxa de juro de 1,059%, um novo mínimo de sempre, abaixo da registada em 10 de Abril, 1,143%, anterior mínimo histórico.

A procura das OT a 10 anos cifrou-se em 1.502 milhões de euros, 1,88 vezes o montante colocado.

No anterior leilão a 10 anos, realizado em 10 de Abril, Portugal colocou 600 milhões de euros à taxa de juro de 1,143%, o anterior mínimo de sempre, abaixo da taxa registada em 13 de Março, de 1,298%.

Em OT com maturidade em 18 de Abril de 2034 (cerca de 15 anos) foram colocados hoje 450 milhões de euros à taxa de juro de 1,563%, tendo a procura atingido 855 milhões de euros, 1,90 vezes o montante colocado.

Em relação ao anterior leilão de OT a 15 anos, este realizou-se em 13 de Fevereiro deste ano, quando Portugal colocou 295 milhões de euros à taxa de juro de 2,045%, abaixo da do anterior leilão comparável de 11 de Julho de 2018 (2,257%). A procura atingiu 675 milhões de euros, 2,29 vezes o montante colocado.

ZAP // Lusa

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