Ministra sugere uma novidade, horas depois é contrariada por um comunicado do seu ministério. Paulo Rangel tem uma opinião particular.
Foi um caso de “desautorização”, repetindo palavras de Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
No mesmo dia (domingo passado), a ministra da Administração Interna sugeriu uma novidade que, horas depois, foi desmentida num comunicado do seu próprio ministério.
À tarde, Margarida Blasco disse que o direito dos polícias à greve é um ponto que “estará com certeza em cima da mesa” no conjunto de revisões que será feito a partir de Janeiro.
Contudo, à noite, um esclarecimento do Ministério da Administração Interna assegura que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.
Esta confusão “é mais do que uma gafe”, avisa Bruno Vieira Amaral. “O silêncio da ministra, noutras situações, deve ser concertado. Porque o Governo já deve ter medo do que a ministra possa dizer”.
Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, disse entretanto que nem todos os ministros têm de ter grande capacidade de comunicação.
Os conhecimentos, a capacidade técnica, o conhecimento da área são importantes – mas a comunicação “faz parte das funções. Não é apenas um acessório, um ornamento”, indica o comentador.
Claro que falar muito bem não salva uma pessoa incompetente. “Mas pode disfarçar”, acrescentou Paulo Ferreira, no mesmo programa da rádio Observador.
“É uma questão de clareza, de lucidez. É algo concreto, substantivo, é o conteúdo”, continua Bruno, recordando que Luís Montenegro, há uns meses, disse que o direito dos polícias à greve nem era uma opção.
Para Pedro Nuno Santos, “no trabalho de qualquer político e de um ministro em particular é fundamental saber comunicar com as pessoas, com a população”.
Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, disse nesta segunda-feira que se tornou evidente que a ministra da Administração Interna “tem dificuldades na comunicação”.
Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, comentou: “Não sei, não faço ideia se há algum problema de comunicação ou não com a senhora ministra da Administração Interna”.
Bruno Vieira Amaral sugere que a primeira ministra deste Governo a ser despedida deve ser Margarida Blasco.
A comunicação é um problema interno – e visível – no PSD há algum tempo. Especificamente neste PSD de Luís Montenegro.
Já deixámos aqui os exemplos do “não precisamos” em relação ao Chega, o famoso Orçamento do Estado “pipi”, a comunicação “péssima” de Montenegro depois da demissão de António Costa, ou até a confusão com o ADN nas eleições.
Claro, sem esquecer, a grande confusão que quase inaugurou esta legislatura, à volta do corte real do IRS para este ano.