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Presidente e primeiro-ministro do Mali detidos por militares

minusma / Flickr

O Presidente do Mali, Bah Ndaw

Bah Ndaw e Moctar Ouané, Presidente e primeiro-ministro do Mali, respetivamente, foram detidos e transportados para um campo militar perto de Bamako. Foi nesse local que o antigo Presidente eleito foi obrigado a renunciar ao cargo. 

O Presidente do Mali, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouané, foram detidos esta segunda-feira e transportados para um campo militar perto de Bamako, capital do país, por um grupo de soldados insatisfeitos com o novo Governo.

“O Presidente e o primeiro-ministro estão aqui em Kati para tratar de assuntos que lhes dizem respeito”, disse um alto funcionário militar à France-Presse (AFP), que confirmou esta informação junto de outra fonte, sob condição de anonimato.

O campo de Kati é considerado a maior instalação militar maliana e foi neste local que o antigo Presidente eleito, Ibrahim Boubacar Keïta, foi obrigado a renunciar ao cargo por um grupo de coronéis golpistas, em 18 de agosto de 2020.

Será este mesmo grupo que está a levar a cabo o aparente golpe de Estado, nove meses depois, de acordo com a AFP. No entanto, as intenções do grupo ainda são desconhecidas.

Em 2012, também o então primeiro-ministro, Modibo Diarra, foi detido por golpistas e forçado a renunciar.

O atual chefe do Governo também confirmou à AFP que estava a ser detido.

Esta alegada tentativa de golpe de Estado está a ocorrer poucas horas depois do anúncio do novo Governo, ainda maioritariamente dominado por militares, mas do qual foram demitidos os oficiais próximos da Junta Militar que tinha conquistado o poder depois do golpe de 2020, e do qual Assimi Goïta era líder.

“Confirmo. Homens de (Assimi) Goïta vieram buscar-me para me levar até ao Presidente, que mora não muito longe da minha residência”, disse Ouané através de uma curta chamada telefónica com a AFP, que acabou por ser interrompida.

Líderes europeus condenam “rapto”

O Conselho Europeu condena “o rapto do Presidente e do primeiro-ministro” do Mali por militares, apela ao regresso a uma transição política “civil” e adverte que tomará as “medidas necessárias”, disse Charles Michel.

Falando numa conferência de imprensa no final da primeira sessão de trabalhos da cimeira de líderes da UE iniciada na segunda-feira em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, dando conta dos diversos assuntos abordados pelos 27 em matéria de política externa, apontou que, “em paralelo”, os líderes acompanharam os últimos desenvolvimentos no Mali, que classificou como “graves”.

Condenamos o que se passou no Mali nas últimas horas, o rapto do Presidente e do primeiro-ministro, e apoiamos a comunicação que foi feita pela CEDEAO e pela União Africana. Apelamos ao regresso à transição, que deve ser civil. O que se passou foi grave. Estamos também prontos a considerar medidas necessárias”, declarou, já de madrugada.

Em comunicado conjunto, também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana e a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA), assim como outros países, como, por exemplo, França, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Alemanha e a União Europeia expressaram “profunda preocupação” pela situação no Mali.

A detenção das duas principais figuras do Estado maliano ocorreu poucas horas depois de anunciados os titulares das pastas do Governo e cada vez mais se assemelha a uma tentativa de golpe de Estado.

Estes países e organizações “condenam veementemente a tentativa” de golpe e “reafirmam o firme apoio às autoridades de transição”, exortando, por isso, para que a “transição seja retomada e concluída dentro do prazo”.

A comunidade internacional rejeita qualquer ato imposto por coerção, incluindo demissões forçadas”, prosseguem.

Na nota, a comunidade internacional também se congratulou com a “chegada de uma delegação da CEDEAO”, esta terça-feira, e pedem “total cooperação” para que seja retomado “de imediato o curso normal da transição” política no Mali.

// Lusa

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