Apesar da tensão vivida entre os Estados Unidos (EUA) e o Irão, o petróleo não tem registado alterações significativas de preço, revelando ser um mercado tão seguro que nem mesmo a morte de pessoas o consegue abalar, segundo demonstrou um artigo do Raw Story.
O assassinato de Qassem Soleimani, principal comandante militar do Irão e chefe da Guarda Revolucionária, ocorreu em solo iraquiano sem a permissão do Iraque. Esse ataque norte-americano, que matou 10 funcionários iranianos e iraquianos, transgrediu a soberania de duas nações, o que poderia ser entendido como um ato de guerra, referiu o Raw Story.
O Irão respondeu, lançando mísseis balísticos em duas bases dos EUA no Iraque, sem causar vítimas. Enquanto isso, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo rejeitou o pedido do Iraque para retirar as tropas norte-americanas do seu território, uma semana após aviões de guerra dos EUA terem realizado ataques letais às milícias apoiadas pelo Irão, também sem autorização do Iraque.
Mas estes eventos, ocorridos numa região essencial ao suprimento global de petróleo, não tiveram impacto nos preços do produto. No espaço de alguns dias, os preços passaram de 66 dólares por barril para 69 (de 59 para 62 euros), tendo depois baixado para 65 (cerca de 58 euros).
Apesar de o Presidente norte-americano ter optado apenas por aplicar novas sanções ao Irão – ao invés de novos ataques – Donald Trump é conhecido por tomar decisões impulsivas. Por seu lado, o Irão pode estar a planear uma vingança a longo prazo.
Pelo meio, o Irão confundiu um avião comercial com um avião de guerra e acabou por atingi-lo com dois misseís, vitimando as 176 pessoas que iam a bordo.
Segundo o Raw Story, um dos motivos pelos quais o preço do petróleo não tem aumentado em meio às tensões entre os dois países, prende-se com o facto de o mercado global de petróleo ter uma oferta abundante, alimentada pela crescente produção dos EUA.
Em menos de uma década, o país passou de um grande importador para um novo grande exportador. Essas exportações aumentaram de 0,6 milhão de barris por dia no início de 2017 para mais de quatro milhões em dezembro de 2019.
Por vários anos, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia reduziram a sua própria produção para impedir a queda dos preços, devido à oferta dos EUA. Além disso, a demanda por petróleo enfraqueceu com a desaceleração económica global, causada pela guerra comercial entre os EUA e a China e pela queda da indústria automobilística, entre outros fatores.
Isso apoiou a perceção de que o mercado de petróleo pode absorver qualquer choque, até mesmo a perda de vidas numa disputa ou ataque militar, notou o Raw Story. Contudo, para alguns especialistas, a estabilidade desse mercado esconde incertezas.
De acordo com o Raw Story, preços mais altos aplicado ao petróleo levariam à uma diminuição do consumo global e das emissões de carbono, e impulsionaria uma mudança na área dos transportes elétricos.