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Estudante portuguesa queixa-se de agressões racistas na Polónia. “Pisavam-me, pisavam-me”

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Uma estudante portuguesa de origem guineense queixa-se de agressões com motivação racista na Polónia, adiantando que ela e os amigos foram espancados num bar sem que ninguém os ajudasse.

Uma estudante portuguesa de origem guineense queixa-se de agressões com motivação racista na localidade de Sosnowiec, região polaca da Silésia, contando que ela e os amigos, espanhóis e italianos, foram espancados num bar sem que ninguém os ajudasse.

“Pisavam-me, pisavam-me. Se as espanholas não tivessem descido, acho que teria sido muito pior. Eu mal conseguia levantar-me, ele continuava a pisar-me, a pisar-me, a dar-me socos, pontapés. Ninguém o parava”, contou Linda Pereira à Lusa.

A agressão começou por ser dirigida a si, por parte de um alegado segurança do bar. Depois de os amigos intervirem também foram agredidos, juntando-se mais homens à agressão, perante a passividade das pessoas que “continuaram a dançar”, enquanto “as empregadas riam”.

Assim que conseguiu escapar para fora do bar, gritando por ajuda em inglês, deparou-se com a mesma passividade: “Ninguém nos ajudava.”

Depois de chamarem o 112 e de a polícia chegar, também a atitude das autoridades a deixou “chocada, estupefacta”, referiu Linda Pereira, em lágrimas: “Pediram-nos a identificação, mas a mim, particularmente, parecia que o meu bilhete de identidade português não era suficiente para justificar que era portuguesa. Enquanto os outros mostraram o seu BI, a mim estavam a exigir o passaporte”.

Linda Pereira tem 25 anos, é estudante de Sociologia, já licenciada pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, e está na Polónia ao abrigo do programa Erasmus + e também como voluntária do Corpo Solidário Europeu, lidando com crianças em situação de vulnerabilidade emocional e social.

Depois deste episódio, em que os cinco jovens receberam tratamento médico e uma das jovens espanholas teve de ser hospitalizada, Linda tentou contactar a embaixada de Portugal em Varsóvia, mas não conseguia falar com ninguém.

Expôs a situação nas redes sociais, tendo conseguido a ajuda da Associação Mulheres sem Fronteiras e da SOS Racismo. Posteriormente recebeu o apoio do cônsul português, que se deslocou a sua casa para se inteirar da situação.

Linda Pereira contou que houve outros pequenos episódios de racismo ao longo da sua estadia em Sosnowiec, que foi tentando ignorar: num centro comercial, puxaram-lhe o cabelo; num elétrico apinhado, um homem insultou-a e simulou um tiro com gestos, perante a passividade dos restantes passageiros.

Após o episódio no bar, que despoletou a solidariedade de associações locais, também recebeu mensagens racistas pelas redes sociais, que conseguiu perceber através do sistema de tradução automática. Uma dessas mensagens dizia: “Preta, o que é que estás aqui a fazer? Se não tens a pele tão branca como a bandeira da Polónia não devias cá ter vindo”.

Linda Pereira está a ponderar regressar a Portugal: “Os meus familiares obviamente estão com medo. Se eu um dia estiver sozinha, posso não ter a mesma sorte. Em cada uma dessas situações, eu não estava sozinha. Um dia pode acabar muito mal”.

É quando fala do trabalho voluntário no âmbito do Corpo Solidário Europeu que mais hesita na ideia de voltar a Portugal antes de concluir na Polónia os 11 meses do programa. “No meu trabalho com as crianças tenho percebido que tenho tido uma boa influência na vida delas. É uma boa influência ter alguém em termos culturais e mesmo em termos físicos diferente deles”, relatou.

O secretário de Estado das Comunidades disse à Lusa que os serviços consulares estão a prestar “todo o apoio” à jovem portuguesa.

“Está a ser prestado todo o apoio a esta jovem, que foi alvo de agressões num bar na Polónia. No domingo, o responsável da secção consular da embaixada realizou 300 quilómetros para se encontrar pessoalmente com ela e, além de lhe garantir todo o apoio dos serviços consulares, sugeriu-lhe que, para que houvesse eficácia, fosse apresentada queixa junto das autoridades”, afirmou José Luís Carneiro.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Pelos vistos estamos perante um caso de puro racismo que é intolerável, se não costumo estar de acordo por vezes com alguma comunicação social encobrindo muitas vezes malfeitores só porque são de raça negra ou de certa etnia como se fossem alguma espécie desprotegida também não posso estar de acordo que alguém seja molestado seja de que maneira for só porque a cor da pele é diferente.

  2. “Uma estudante portuguesa de origem guineense”
    Mas então é portuguesa ou é guineense com nacionalidade portuguesa? Esta experiência social do multiculturalismo deixa as pessoas confusas… Provavelmente é portuguesa para os direitos que Portugal lhe dá mas é guineense para o lado da vitimização. Hoje em dia sofrer de “racismo” abre muitas portas.
    Quanto aos eternamente ofendidos que aqui comentam. Pensem um bocado antes de papaguear falsas virtudes com frases feitas de moral infantil. A Polónia é dos polacos, e estes, legitimamente, não querem ver o país invadido por outras populações. Bem fazem eles…
    Ninguém é obrigado a aceitar estrangeiros no seu território, tal como também não aceitam brancos em diversos países não ocidentais. Ainda há bem pouco tempo decapitaram duas jovens turistas brancas em Marrocos. Mas isso já não interessa…
    Se esta pobre “vítima” não gosta do tratamento que lhe dão em países onde não pertence, que se mude para a Guiné. De certeza absoluta que lá, entre os restantes guineenses, não sofria deste maldito “racismo”. Mas a busca por “uma vida melhor” tem destas coisas…
    Não se pode ter tudo.

    • Uma pessoa foi agredida violentamente e sua preocupação é na nacionalidade da pessoa? Isto te deixa mais indignado do que a moça ser agredida? Que tipo de pessoa tu és? Tu és cristão?

      • Uma pessoa foi agredida como tantas outras são todos os dias. O único motivo para ser notícia foi tratar-se de uma guineense na Polónia. O que está aqui em causa é o culto às vítimas do racismo, que só serve para moldar as políticas nacionalistas como as da Polónia em função do um globalismo da migração desregulada.
        Ser cristão ou não nada acrescenta aos factos do sucedido. Esteve lá? Viu quem iniciou o desentendimento? Ou é inocente ao ponto de acreditar que estas coisas acontecem só porque alguém é racista e resolve agredir sem mais nem menos?
        Pessoalmente já assisti a situações semelhantes, onde certos indivíduos se julgam no direito de receber tratamento especial simplesmente por serem de uma determinada etnia. Originam o desacato e rapidamente se refugiam nas acusações de racismo para se justificarem.
        Não vou afirmar que foi o caso do relatado nesta notícia, porque também não estive lá para ver. Mas continua a ser uma possibilidade.
        Se quer um sincero conselho, deixe de exibir as suas virtudes cristãs onde não fazem falta nenhuma. Use-as onde fazem sentido e servem para alguma coisa. Por exemplo, na ajuda a quem está mais próximo de si, no seu país! Não se preocupe com esta jovem porque ela ainda vai lucrar à conta disto, especificamente por questões políticas e não por questões de necessidade humanitária.

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