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Português vai ser lecionado por professores de línguas estrangeiras (e Geografia por docentes de História)

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SESI SP / Flickr

Os professores de línguas estrangeiras vão poder lecionar português no 3.º Ciclo e Secundário, e as aulas de Geografia poderão ser dadas por docentes de História, no caso das turmas ainda sem professor, anunciou esta quarta-feira a Direção-Geral da Administração Escolar.

Numa nota enviada esta terça-feira às escolas, a direção-geral explica que a existência de horários ainda por preencher no início do 2.º período obriga a “reajustamentos no circuito delineado para a satisfação das necessidades ligadas à docência” de determinadas disciplinas, nomeadamente Português, Inglês, Geografia e Informática.

No caso da disciplina de Português e Inglês, as aulas vão poder ser dadas por professores de Francês, Alemão e Espanhol, desde que os docentes tenham “estágio pedagógico habilitante” ou “adequada formação científica” nestas áreas, à semelhança do que a Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) propõe para a disciplina de Geografia, que poderá ser lecionada por professores de História.

A Informática é a disciplina na qual se abrem mais exceções, uma vez que as aulas poderão ser dadas pelos professores com habilitações de grau superior no âmbito das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), mas também por docentes de qualquer outra área, desde que sejam formadores acreditados pelo Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua, nesta área de informática, ou que aí tenham concluído ações de formação.

Em comunicado, o Ministério da Educação explica que as instruções da DGAE vêm no sentido de resolver o problema da falta de professores, esclarecendo que não alteram o enquadramento legal no que respeita às competências exigidas aos professores.

“Estas medidas visam agilizar o processo de recrutamento de docentes, tratando-se de um conjunto de medidas exclusivamente gestionárias, inseridas predominantemente no domínio da distribuição de serviço docente, não modificando o enquadramento legal das competências concursais, garantindo sempre a habilitação profissional dos docentes”, lê-se no comunicado.

A DGAE apela também à colaboração entre as escolas, através da atribuição de mais horas aos professores contratados com horários incompletos, ou cujo horário seja inferior ao obrigatório.

No final de outubro, existiam 11.250 alunos à espera que professores fossem colocados para ficarem com os horários completos. Informática (31 horários a concurso), Geografia (26) e Inglês do primeiro ciclo (22), Educação Moral e Religiosa Católica (24) e Inglês do segundo e terceiro ciclo (15) eram as disciplinas com mais falta de docentes.

Em novembro, um estudo concluiu que mais de metade dos professores do quadro pode aposentar-se até 2030. Em dezembro, 1.409 professores do Ensino Público passaram à reforma. Desde 2014 que não havia tantos docentes a passarem à reforma como em 2019. Apenas 1,1% dos professores se situam abaixo dos 35 anos.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. A educação a bater no fundo!
    Qualquer dia voltam a chamar engenheiros para lecionar que não têm qualquer formação pedagógica nem a formação académica necessária para o fazerem!
    Tantos professores sem colocação e decidem isto???????

  2. 1 – Caros Senhores ZAP: o que faz no meio deste texto uma alusão à mudança das matriculas automóveis?

    2 – Quanto à notícia em si, durante anos o ME e a sociedade ocuparam-se na diabolização da classe (verdade que há muitos malandros, a começar por um professor primário que decerto há mais de 30 anos que não entra numa sala de aulas), em congelar quem investiu na formação e na profissão, em exigências absurdas, como qualificações profissionais que nada atestam, em sobrecarregar de trabalho burocrático e inútil…

    3 – Hoje não há professores? Pois é! É no futuro será pior. Basta lembrar que muitos vão reformar-se e que as Escolas Superiores de Educação estão às moscas. A profissão não atrai, a instabilidade é muito grande, o vencimento é baixo, a progressão na carreira uma miragem, e uma pessoa nunca está livre de levar uns tabefes (quando não pior) de alguma criancinha rebelde ou dos idiotas dos pais. Em suma: Hoje já ninguém quer ir para malandro…

  3. “(…)o enquadramento legal no que respeita às competências exigidas aos professores.
    Matrículas dos carros vão mudar”

    Deve haver alguma razão para no meio do artigo estar a mudança das matriculas dos carros mas confesso não perceber qual é…

  4. Ainda hoje há muitos engenheiros que se tornaram professores, depois de tirarem o seu estágio pedagógico, nas áreas mais diversas, como matemática, ciências da natureza, informática e em áreas tecnológicas de mecânica, construção civil e eletrotecnia. Os engenheiros são formados em universidades ou institutos superiores de engenharia e se forem novamente chamados para lecionarem com certeza que o farão com muito gosto e profissionalismo desde que vencimento seja adequado.

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