O Estado português vai apresentar uma queixa formal contra Espanha à Comissão Europeia, depois de o vizinho ibérico ter dado luz verde à construção de armazéns de resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa.
“Reajo com uma enorme surpresa a esta decisão por parte do Governo espanhol”, transmitiu ontem o ministro do Ambiente João Matos Fernandes à agência Lusa, considerando haver incumprimento de legalidade e lealdade entre os dois países.
Segundo o jornal Público, a notificação a Bruxelas será entregue nos próximos dias e centra-se no facto de Espanha avançar com o projeto sem ter feito antes uma avaliação do impacto ambiental transfronteiriço. “Isto é uma questão de legalidade”, afirmou o ministro.
Além disso, o Governo português considera que “a questão da confiança” entre os dois países foi manchada.
“Ao longo dos últimos meses, de todos os contactos que tivemos com Espanha sobre Almaraz, resultou um compromisso: Madrid não tomaria nenhuma decisão sem antes falar com Lisboa. Está marcada uma reunião entre os dois ministros para 12 de Janeiro. Decidirem sozinhos não é concebível nem é aceitável“, explicou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Nos últimos meses, a central nuclear registou sete incidentes, tendo voltado à agenda dos dois países.
A funcionar desde o início da década de 80, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
ZAP // Lusa
Central Nuclear de Almaraz
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