À medida que o mercado de pequenos satélites continua a florescer, Portugal pode tornar-se a inesperada sensação na corrida ao Espaço.
A vertente geográfica do nosso país pode desempenhar um papel crucial neste plano e a imprensa internacional está de olhos bem postos neste potencial.
Quando, no último verão, o furacão Dorian atingiu a Carolina do Sul, nos Estados Unidos, o rasto de destruição foi avassalador para a região. Como o OZY realça, a ajuda veio de um sítio totalmente inesperado: Portugal.
A startup portuguesa Tesselo vasculhou as imagens de satélite, com algoritmos à base de Inteligência Artificial, para que os estados norte-americanos soubessem como melhorar as suas infraestruturas para novas catástrofes no futuro.
“Ajudamos os estados a planear onde construir e não construir estruturas como moradias e estacionamentos, a fim de reduzir o risco de inundação“, explicou Rémi Charpentier, CEO da Tesselo.
O investimento de Portugal na corrida ao Espaço já começou, desde a criação da agência espacial portuguesa Portugal Space aos planos para construir um porto espacial nos Açores, pronto para lidar com pequenos satélites de empresas espaciais em crescimento.
“Queremos fazer mais na observação da Terra, tanto contribuindo para os grandes satélites como fornecedores como desenvolvendo sistemas mais pequenos, como nanossatélites, para complementar os dados que recebemos dos satélites maiores, que têm maiores períodos de revisita (observações mais espaçadas do mesmo ponto)”, disse Chiara Manfletti, a presidente da Portugal Space, em entrevista ao Jornal i.
“Lançar satélites mais pequenos, através da nossa atividade no porto espacial que temos nos Açores, é uma área em que Portugal pode trazer uma contribuição enorme para democratizar o acesso ao espaço. Mas também o poderá fazer noutras áreas que tenham a ver com as interações entre o espaço, a Terra, os oceanos, o clima, por causa da posição estratégica de Portugal no Atlântico, das indústrias e do conhecimento que temos dos oceanos”, acrescentou.
Quem também acredita no sucesso de Portugal é Claude Rousseau, diretor de investigação da Northern Sky Research, uma empresa de investigação da indústria espacial. “O Governo em Portugal será claramente um catalisador para empresas existentes e novas. Tenho praticamente seguro disso”, atirou.
É através de empresas como a Tesselo que Portugal pode prosperar neste mercado. No entanto, a empresa de Charpentier não se foca apenas no Espaço.
“Usamos a Tesselo para proteger e gerir florestas. Através dos nossos algoritmos em imagens de satélite, podemos observas as taxas de desflorestação em qualquer lugar do mundo”, explicou o CEO da startup portuguesa que emprega apenas oito pessoas.
Espera-se que o mercado de pequenos satélites cresça dos 514 milhões de dólares de 2018 para 2,9 mil milhões de dólares em 2030. Ainda assim, os portugueses podem contar com bastante competição: Reino Unido, Noruega, Estados Unidos e Índia são alguns dos países que querem uma fatia das receitas e estão no ataque ao mercado.