O Governo de Costa enfrenta, esta sexta-feira, a primeira greve geral da função pública. Os trabalhadores reclamam aumentos salariais e melhores condições de trabalho.
Pela primeira vez desde que António Costa assumiu funções, os sindicatos da função pública afetos à CGTP e à UGT decidiram unir esforços e cumprem, esta sexta-feira, um dia de greve. Serviços de saúde, educação e recolha de resíduos deverão ser os mais afetados, ainda que a perspetiva seja uma adesão generalizada em todos os setores.
O Orçamento do Estado para 2019 é uma das razões que terá motivado os trabalhadores a parar. A falta de resposta do Governo sobre os aumentos salariais foi, segundo o DN, a “gota de água” que acabou por juntar nesta greve a Frente Comum, a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).
A última greve assim aconteceu em marços de 2015, quando Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro, e, na altura, exigia-se o fim da requalificação e do horário das 40 horas.
Agora, o motivo principal é a atualização salarial, com os sindicatos a recusarem um aumento residual para todos ou um valor mais elevado para os que ganham menos. A greve ocorre antes da reunião pedida pelos sindicatos ao abrigo da negociação suplementar, que terá de acontecer até 2 de novembro.
Ana Avoila, da Frente Comum, diz que “as pessoas estão muito indignadas. Tinham expectativas, estavam à espera de que este Orçamento do Estado as tivesse em linha de conta. A sindicalista refere ainda, além da ausência de aumentos salariais, a nova proposta do Governo para as reformas antecipadas.
“Tinham muita expectativa de se reformar com menos cortes e agora percebem que não vai ser assim”, aponta. Por sua vez, o STE acredita que o eco de descontentamento que vai chegando ao sindicato faz antecipar que esta seja uma jornada de luta e com adesão significativa.
Escolas fechadas e hospitais a meio-gás
Escolas encerradas, hospitais a meio gás e lixo por recolher foi o cenário descrito pelas estruturas sindicais que convocaram a greve desta sexta-feira da função pública e que cerca das 08h30 estava com uma adesão “elevada”.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, disse que os primeiros sinais de “uma grande adesão chegaram da área das autarquias (transporte de resíduos sólidos e lixo), que está praticamente parado de Norte a Sul do país“.
“Na área da saúde, no turno da noite, estão sobretudo a funcionar os serviços mínimos, das escolas chegam-nos sinais de encerramentos em todo o país. Portanto nesta altura estamos a prever uma greve com alguma importância, com significado”, disse.
José Abraão diz que os trabalhadores “estão cansados da orientação de que estão a ser repostos rendimentos e direitos, mas não o sentem, por isso, é que a nossa exigência no sentido dos aumentos salariais para todos os trabalhadores sem distinção”.
“Esta greve é também um apelo claro ao Governo no sentido de dizer que não vale a pena manipular os números daquilo que o Orçamento do Estado contem para Administração Pública, porque governar é optar como diz o senhor primeiro-ministro. Então se é assim, é hora de optar pelos serviços públicos que estão degradados com falta de pessoal, onde cresce permanentemente a precariedade”, sublinhou.
No entendimento do dirigente sindical, é chegada a hora de com tempo o Governo “dar um sinal a estes trabalhadores mostrando que é possível aumentar os seus salários, motivando, induzindo confiança com vista ao futuro dos serviços públicos, desde a área da saúde, educação, da justiça em concreto onde se vivem problemas enormes”.
“Temos também de dizer que há também o problema das carreiras profissionais. Há cerca de 80 carreiras profissionais que não estão revistas como é o caso concreto das inspeções, da ACT, da Segurança Social e dos jogos e casinos, entre outras, que não veem as carreiras revistas desde 2009 e agora estão a tentar impor medidas e carreiras categoriais que não são aceites pelos trabalhadores”, disse.
José Abraão lembrou ainda que nos próximos dias vão continuar as greves na administração pública. “Na segunda-feira, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica têm uma manifestação que vai até ao parlamento. Temos cerca de 30 mil trabalhadores em contrato individual a quem foram atribuídas 35 horas e continuam a fazer 40 porque são impostas e não é refeito o seu percurso profissional”, disse.
José Abraão disse ainda que “este governo liderado por quem é e apoiado pelos partidos à esquerda vai decerto compreender este desconforto, descontentamento e procurar resolver alguns problemas celebrando acordos porque a nossa matriz enquanto FESAP e UGT é a da negociação. “Claro que quando isto não resulta as pessoas têm de protestar”, concluiu.
Também a vice-presidente da Federação Nacional de Educação (FNE) e presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, disse em declarações à Lusa que o nível e adesão das escolas em todo o país “é muito elevado”, com escolas encerradas. “Está em causa um desprezo total pela educação, pelos trabalhadores da educação e pelos trabalhadores da administração pública. Temos um OE que não vem ao encontro ao que seria o desejável”, disse.
Lucinda Dâmaso indicou também que todas as formas de luta estão em cima da mesa. “Não vamos desistir. Iremos continuar numa luta sem fim até que o governo ceda naquilo que é fundamental para a educação e para os trabalhadores em global, para administração publica”, frisou.
ZAP // Lusa
vergonhoso!
Nós os contribuintes do privado é que pagamos os ordenados mas nada mandamos.
com tanta insatisfação a melhor forma de protesto seria demitirem-se em bloco!
Mas isso não seria zelar pelo serviço publico!
é revoltante viver num pais onde uns têm tantos direitos e outros têm o direito de se demitirem.
Não se sinta sozinho! Eu também sou uma besta! E há muitos como eu, também contribuinte do privado mas que ao contrário de si, não ganham para escolas privadas para os filhos, nem para seguros de saúde que cubram a saúde nas clínicas particulares, que têm que usar transportes públicos em vez de BM’s ou Audis,
etc, etc, etc… É uma pena não sermos todos milionários! Para comprar tudo e todos…
Trabalho no privado…
O direito à greve é um direito de todos.
Ninguém gosta de ir ao hospital e ver a consulta adiada ou ir levar o filho à escola e esta estar fechada.
Mas uma greve que não cause transtornos a ninguém seria uma greve sem resultados.
A culpa está em “prometer muito” para se ganhar eleições e chegada a hora de cumprir como não se pode cumprir volta-se atrás. Agora à que arcar com as consequências dessas promessas…
Portugal parou?
Onde?
Antes do sismo de 1755?
Está na hora de acordar para a vida.
Enquanto Portugal se centrar só nas provínicias de Lisboa, Porto e a distância que os separa, estamos sempre na lama!