Portugal com 287 surtos. Utilização de testes rápidos ainda está sob avaliação

A ministra da Saúde, Marta Temido

Portugal tem 287 surtos ativos da doença covid-19 e a região Norte é a que regista mais casos (124), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (93).

Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, precisou que, dos 287 surtos ativos, 124 são na região Norte e 93 são na região de Lisboa e Vale do Tejo. Há ainda 31 surtos ativos na região Centro, 22 no Algarve e 17 no Alentejo.

Segundo a ministra, na região Norte destacam-se surtos associados a restaurantes na Póvoa de Varzim e em Vila do Conde e um surto associado a uma viagem turística em Vila Nova de Gaia.

A governante disse que está identificada a ligação epidemiológica “em mais de 60% dos casos” ativos de covid-19 detetados nos últimos dias e muitos destes correspondem e estão “associados a surtos”.

Atualmente, a taxa de incidência de covid-19 calculada a sete dias é de 47,4 e a calculada a 14 dias é de 89,8 novos casos por 100 mil habitantes, informou ainda.

O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge atualizou os seus números para a estimativa de cálculo do risco de transmissibilidade (RT) da covid-19 e “estima agora o valor médio do RT efetivo para os dias 16 a 20 setembro em 1,09, uma vez mais um pouco mais baixo do que nos dias anteriores”, disse Marta Temido.

No entanto, a ministra sublinhou que se deve “ler sempre conjugadamente o RT com o número de novos casos, dado pela incidência, e que, provavelmente, a conjugação deste dois indicadores é a melhor forma de aferirmos a situação” relativa à covid-19 em Portugal, “independentemente de outros aspetos, como a utilização de serviços de saúde e a letalidade”. Portanto, “apesar de a incidência continuar elevada”, o RT em Portugal “está, de facto, a baixar um pouco“, frisou.

Na mesma conferência, a ministra anunciou que o Ministério da Saúde baixou para 65 euros o preço dos testes de diagnóstico do novo coronavírus pago pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) às entidades convencionadas da área de análises clínicas.

A ministra disse que o novo preço definido “está em linha com a evolução dos preços” dos testes a nível europeu e “resulta da informação técnica elaborada por várias entidades do ministério e também da redução de custos que se tem verificado, em particular no que se refere à componente analítica”.

Segundo a governante, desde o início deste mês e até hoje, foram feitos, em média, 18.238 testes de despiste de covid-19 por dia em Portugal e o dia 16 deste mês foi, até agora, o dia em que se fizeram mais testes, num total de 23.453.

Sobre a situação nos lares de idosos, Temido revelou que há 76 instituições com casos positivos, havendo, neste momento, 47 surtos ativos nestas estruturas residenciais.

Utilização dos testes rápidos ainda sob avaliação

Presente na mesma conferência de imprensa, Raquel Guiomar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios, informou que a utilização de testes rápidos de diagnóstico ainda está sob avaliação do Instituto de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

A responsável reconheceu que estes testes “trazem algumas vantagens para a deteção de casos suspeitos” e que podem permitir uma “rápida implementação de medidas que impeçam as cadeias de transmissão”, mas não transmitiu uma decisão final sobre o tema, depois de a ministra da Saúde ter chegado a anunciar para o “final da semana” uma posição.

“Neste momento, estamos a avaliar uma nova geração destes testes rápidos e o grupo de peritos vai reunir-se para fazer a avaliação”, afirmou Raquel Guiomar, notando que os “testes devem ser sempre realizados no contexto do historial do doente”, tanto físico como epidemiológico: “Têm critérios específicos de seleção e utilização. Esta é ainda uma situação que está a ser avaliada pela comissão de avaliação dos testes”.

Contudo, a responsável do INSA vincou que eventuais lacunas dos testes rápidos “serão colmatadas pelo encaminhamento para o método de referência”, sem deixar de destacar a expectativa positiva perante a utilização noutros países europeus e que indiciam “uma boa concordância” com o RT-PCR.

O tema dos testes serviu também para a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, reiterar que a realização de testes devem estender-se a pessoas assintomáticas, caso sejam considerados pelas autoridades de saúde como contactos de alto risco.

“Os contactos de alto risco assintomáticos devem fazer teste, especialmente em contexto de surto. E não é o teste que determina o isolamento profilático destas pessoas; no momento em que uma autoridade de saúde identifica um indivíduo como um contacto de alto risco, determina o isolamento profilático, segue-se um teste e depois o resultado desse teste. Não é o teste nem o resultado que determinam que a pessoa fique em quarentena”, explicou.

Já sobre o período de isolamento profilático, atualmente preconizado em 14 dias em Portugal e que nas últimas semanas registou uma redução para 10 dias em alguns países, Graça Freitas notou que o tema está a ser alvo de análise pelas autoridades de saúde nacionais.

Questionada sobre a iniciativa promovida pelo Benfica que, segundo a imprensa desportiva, vai convidar 20 sócios para a tribuna presidencial, à semelhança do que também já foi anunciado pelo Vitória de Guimarães, com parecer negativo da ARS Norte, a diretora-geral da Saúde disse que não deu entrada nem na Direção-Geral da Saúde, nem nas autoridades locais ou regionais “nenhum pedido de parecer”.

 

Em Portugal, morreram 1936 pessoas dos 72.055 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

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