Por que é que o Chega não quer a PGR no Parlamento?

5

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O presidente do Chega, André Ventura, reage durante a sessão plenária no debate de urgência sobre “a situação provocada pelas declarações do Senhor Presidente da República em relação à reparação histórica das ex-províncias ultramarinas”

André Ventura denunciou a “perseguição política aos órgãos de justiça” depois de o Chega ter forçado o adiamento da audição da Procuradora-Geral da República (PGR) no Parlamento. Para o partido que considera que todas as instituições “estão cheias de corrupção”, o Ministério Público será “mágico”?

O líder do Chega não rejeitou a audição da PGR, Lucília Gago, no Parlamento, mas questionou “qual a razão para só se chamar ao Parlamento as instituições judiciais e policiais quando os políticos são envolvidos”.

Para Ventura estamos perante uma “perseguição política aos órgãos de justiça, com a conivência de parte da comunicação social”. O político falou ainda de uma “operação de branqueamento do ex-primeiro-ministro António Costa“.

O Bloco de Esquerda e o PAN querem ouvir Lucília Gago na Comissão de Assuntos Constitucionais depois da revelação de escutas da Operação Influencer que envolvem António Costa e que foram consideradas irrelevantes, por não terem indícios criminais.

“Relação suja entre Chega, comunicação social sensacionalista e o MP”

A postura do Chega contrasta com a habitual sede de inquirição e de análise que o partido costuma devotar a quase todas as instituições. É isso mesmo que reparou o comentador da SIC Notícias João Maria Jonet, militante do PSD.

Não sei se o André Ventura está com medo que, numa eventual audição da PGR, ela tenha que dizer quem são os amigos dele dentro do Ministério Público [MP], quem é que lhe conta as coisas”, apontou Jonet em comentários na SIC Notícias.

Jonet aponta como estranha esta tentativa do Chega de “beatificar o MP”.

“Todas as instituições em Portugal, são horríveis, funcionam mal e estão cheias de corrupção para o Chega, tirando uma, mágica, que é o MP e que, curiosamente, serve tudo o que interessa ao Chega”, apontou o comentador político.

Para Jonet, o MP até é a instituição “que funciona pior”, notando que trata “todos os políticos como se fossem corruptos, e todos os empresários como se fossem ladrões, e assim se faz justiça através da comunicação social”.

Mas deste modo “até se poupa um bocadinho de trabalho ao Chega”, analisou ainda, referindo que em vez de tentar “pensar” no que vai “propor no Parlamento”, “ouve os jornalistas, ouve as escutas que não têm relevância nenhuma para os casos”, e chama à Assembeia da República as pessoas envolvidas, “em vez de ir trabalhar” que é para isso que os “portugueses pagam” aos deputados

Jonet chegou a falar na SIC Notícias de um “conluio” e de uma “relação suja entre o Chega e a comunicação social sensacionalista, de pasquim, e o MP”. E recordou as escutas da Operação Tutti-Frutti, onde o próprio André Ventura foi apanhado, embora em situações sem relevância criminal.

Falando da “liberdade estranha” das escutas e da sua “entrega” a alguns meios de comunicação social, Jonet notou que o próprio Ventura foi alvo de “peças sensacionalistas que parecem séries da Netflix como se fizesse parte de um esquema de bandidagem”.

“Depois lê-se a transcrição e o André Ventura não está envolvido em nada que possa indiciar um crime”, destacou também.

Se [Ventura] tivesse vergonha na cara, preocupação consigo próprio e com os outros, percebia que isto não é maneira de funcionar“, realçou ainda o comentador da SIC Notícias. Como “não tem, perde o sistema político português e o cidadão que lhe paga o salário”, acrescentou.

PS e PSD chumbam audições de Costa e Galamba

Entretanto, o PSD e o PS chumbaram a audição parlamentar pedida pelo Chega a António Costa e o ex-ministro João Galamba sobre a demissão da ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener.

Uma escuta da Operação Influencer “apanhou” Costa a dizer a Galamba Ourmières-Widener tinha de sair da liderança da TAP para travar eventuais danos para o Governo.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. O André Desventura está preocupado com a “perseguição” à Justiça porque ainda não lhe tocou a ele ter problemas com a PGR, a PJ ou o MP. Isto porque nem ele nem nenhum dos seus acólitos ainda ocupa alguma posição relevante no sistema político-administrativo, incluindo autarquias. Estou curioso para ver o que o Chega vai defender quando as escutas do MP lhe sair na rifa – sim, porque se e quando o Chega chegar ao poder, nem que seja só autárquico ou regional, é provável que isso aconteça. Até lá, é aproveitar…

  2. Caso o ex-Primeiro-Ministro, António Costa, venha mesmo a integrar o conselho europeu, torna-se definitivamente impossível para a Sr.ª Procuradora-Geral, Lucília Gago, e o Sr.º Presidente da República, Marcelo Sousa, continuarem em funções devendo ambos demitirem-se ou ser demitidos dos cargos que ocupam, por terem provocado uma crise política que está a trazer consequências muito graves para Portugal e os Portugueses.

  3. O Caso Influencer foi encomendado pelo Costa, a fim de ter um motivo externo para se poder demitir do governo e ficar livre para ir para o lugar que tanto ambiciona, no Conselho Europeu. Será que ainda ninguém viu isto?!

  4. Deixem o MP trabalhar.
    Porque será que PS e PSD andam tão nervosos e assustados, ao ponto de colocarem em ação uma campanha de descredibilização e de manipulação de opinião?

  5. Tenho para mim que a demissão de A. Costa e a convocação de eleições legislativas antecipadas foi uma jogada de risco combinada entre o PM e o PR, perspectivando a nomeação de Costa para o CE. Se foi assim, há que lhes tirar o chapéu, pois correu tudo de feição.

    Editar – 

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.