Elementos da PSP e da GNR realizam esta terça-feira protestos em simultâneo em Braga, Lisboa e Faro, numa ação convocada pelos sindicatos, enquanto o Movimento Zero (M0) inicia uma vigília nos aeroportos portugueses.
Organizadas por sete sindicatos da PSP e pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), as concentrações vão acontecer em frente do estádio de Braga, onde vai decorrer a ‘Final Four’ da Taça da Liga em futebol, junto do Ministério das Finanças, em Lisboa, e no jardim Manuel Bívar, em Faro.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícias (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que o protesto “terá mais força em Braga”, onde, além da concentração, um grupo de cerca de 20 polícias vai entrar no estádio juntamente com os restantes adeptos e estender uma faixa que terá a inscrição “Polícias exigem respeito”.
Na concentração em Lisboa, que vai decorrer a partir das 16:00, os elementos das forças de segurança pretendem entregar no Ministério das Finanças um documento, no qual explicam as reivindicações e solicitam “uma vez mais” a resolução dos problemas.
Sem o apoio dos sindicatos, o M0, um movimento social inorgânico criado em maio de 2019 por elementos da PSP e da GNR e bastante visível na última manifestação de forças de segurança, em novembro de 2019, vai realizar a partir das 10:00 vigílias em todos os aeroportos portugueses, num protesto que deverá estender-se por vários dias.
Na segunda-feira, a PSP indicou à Lusa que não foram recebidos pedidos de autorização para a realização de concentrações nas zonas dos aeroportos, nomeadamente acessos, estacionamentos e interior destas infraestruturas.
Através das redes sociais, o Movimento Zero está a apelar para a participação dos polícias e civis e a divulgar os cartazes que devem ser levados para a concentração nos aeroportos, sublinhando que “o comportamento exemplar é marca registada do M0″.
O M0 está ainda a pedir aos polícias para levarem um bem alimentar ou um brinquedo para depois serem “doados aos mais carenciados”.
Entre as reivindicações na base dos protestos estão o pagamento do subsídio de risco, atualização salarial e dos suplementos remuneratórios, criação de legislação relacionada com higiene e saúde, aumento do efetivo e mais e melhor equipamento de proteção.
Polícias esperam um sinal de apoio de Marcelo
Em entrevista ao semanário Expresso, Paulo Rodrigues deixa claro que o protesto desta segunda-feira é contra o Governo, dizendo ainda que as forças de segurança esperam um sinal de apoio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“[O protesto dos polícias] é contra o Governo. Pois este comprometeu-se com um conjunto de soluções mas que não foram cumpridas. O senhor primeiro-ministro António Costa tem grande responsabilidade no que se passa já que estas medidas foram faladas na última campanha eleitoral. E o próprio Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que agora iria ser o momento das forças de segurança”.
“Marcelo Rebelo de Sousa fez umas declarações sobre este ser o momento das forças de segurança na altura da atualização salarial e o estatuto dos juízes e da Polícia Judiciária. Gostaríamos que o senhor Presidente da República dissesse agora que este é o momento das forças de segurança. E que tivesse uma palavra de apreço sobre o papel dos polícias e se mostrasse solidário pela nossa luta. Tenho esperança que ele fale sobre o assunto”.
Paulo Rodrigues disse que um eventual sinal do Chefe de Estado seria “um sinal de grande apoio e cairia muito bem entre os profissionais (…) Perceberíamos que a nossa mensagem estaria a ser escutada pelo Presidente. E pelo menos não nos sentíamos completamente abandonados. Este é o sentimento dos polícias em relação ao poder político”.
Na mesma entrevista, o presidente da ASPP/PSP lamentou ainda que o ministro das Finanças, Mário Centeno, não tenha por hábito receber sindicatos. “Tenho dúvidas [de que nos receba no ministério]. Até porque ele nunca o fez. Não tem por norma receber os sindicatos. O que é mau. Porque lhe poderíamos explicar em primeira mão aquilo que nos vai na alma. E talvez ele percebesse melhor qual o sentimento atual das polícias. E esse sentimento é de responsabilidade”, disse.
“Não queremos que daqui a dois ou três anos, caso o país esteja numa situação de insegurança e de maior criminalidade, ficarmos com a responsabilidade de não ter alertado o Governo. E queremos mostrar aos cidadãos que fizemos tudo para alertar o poder político”, acrescentou Paulo Rodrigues.
ZAP // Lusa