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Os planos de João para o “dia final”. Incidente de plágio pode ter sido gatilho para ataque na FCUL

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O jovem suspeito de planear um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) foi levado para o Hospital Prisional de Caxias, onde vai ficar em prisão preventiva. Entretanto, são revelados novos dados sobre os planos que teria para matar colegas e um professor em particular.

O jovem tinha sido levado a meio da tarde para o Estabelecimento Prisional de Lisboa, depois de ter passado grande parte do dia no Campus da Justiça, mas ficou lá por poucas horas.

Indiciado pelos crimes de terrorismo e detenção de arma proibida, o jovem de 18 anos, identificado como João na comunicação social, foi presente a juiz no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) na sexta-feira.

Não prestou declarações durante o interrogatório e a juíza decretou a sua prisão preventiva.

Antes da detenção do jovem, a Polícia Judiciária (PJ) fez buscas ao quarto alugado onde o jovem vivia, nos Olivais, em Lisboa, encontrando, além de armas brancas, vários engenhos que poderiam ser usados para fabricar explosivos, bem como “um plano escrito com os detalhes da acção criminal a desencadear”.

Os planos do jovem para o “dia final”

A comunicação social revela, neste sábado, vários detalhes sobre o alegado plano de atentado do jovem de 18 anos.

Nesse plano, João falava desta sexta-feira passada como o “dia final”, aquele onde planearia perpetrar o ataque na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

O suposto plano de ataque, escrito num papel A4, tinha “tarefas preparatórias e acções a executar, em português e em inglês, para os dias 10 e 11 de Fevereiro”, como apurou o Expresso.

João terá, inclusive, anotado “até as horas das refeições”, segundo refere o Correio da Manhã (CM), relatando que “o massacre estava marcado para as 13h20 de sexta-feira, no bloco C3, piso 1, salas 9, 11, 15 ou 16, onde decorreriam os exames de melhoria de nota na cadeira de Programação” do curso de Engenharia Informática.

A matança devia durar apenas 5 minutos e o jovem planearia fugir de autocarro, ainda segundo o CM.

Nas buscas ao quarto onde o jovem vivia foi apreendido diverso material suspeito, incluindo “isqueiros, maçaricos, duas latas de gás em spray, duas latas de gás butano e quatro latas de combustível”, além de “quatro facas, 25 setas e uma besta”, como reporta o Expresso.

O jovem planearia usar engenhos artesanais explosivos ou incendiários para levar as pessoas a fugirem para os corredores, onde esperava levar a cabo uma chacina com recurso a armas brancas, segundo descreve o CM.

Queria ser “primeiro assassino em massa português”

O Jornal de Notícias (JN) acrescenta que João “ambicionava ser o primeiro assassino em massa português”, mas que, embora visasse matar o maior número de pessoas possível, tinha como “alvo principal” um “professor de uma cadeira de licenciatura em Informática que odiaria”.

Esse ódio poderá, ou não, estar relacionado com um alegado incidente de plágio que pode ter sido o gatilho para o plano de atentado do jovem, segundo informação apurada pelo Expresso.

João terá falado desse incidente de plágio ao jovem norte-americano que o denunciou ao FBI, numa conversa na rede social Discord que é muito usada por fãs de videojogos e onde tinha o nickname “PsychoticNerd#6116”.

Contudo, uma fonte da investigação garante ao Público que “não havia um plano de vingança contra ninguém em específico” e que “a ideia era atacar de forma indiscriminada”.

João terá síndrome de Asperger

Na sequência do alerta dado pelo FBI à Polícia Judiciária (PJ), esta accionou a Unidade de Combate ao Terrorismo e “João foi vigiado e esteve sob escuta”, segundo o Expresso que apurou, junto de fonte judicial, que o jovem “chegou a ser filmado com comportamentos bizarros em plena rua“.

Além disso, a PJ também apurou que ele terá sido “vítima de bullying na escola e que sofre de síndrome de Asperger [perturbação do espectro do autismo]”, ainda de acordo com o semanário.

Contudo, colegas de escola do jovem, na Faculdade e no Secundário, asseguram ao Público que nunca tiveram conhecimento de que tenha sofrido de bullying.

Colegas do curso de Engenharia Informática descrevem-no como “reservado” e notam que “não dava nas vistas”, assumindo, porém, que pouco tiveram contacto com ele.

Uma antiga colega do 11º e do 12º anos revela ao Público que ele “era simpático, apesar de ter os seus problemas”, uma vez que falava de uma forma “diferente” e as pessoas tinham “consciência que era um menino especial“.

Contudo, esta colega dá ideia de que ele era sociável, realçando que chegou a ganhar um prémio no baile de finalistas, no ano passado, e que “toda a gente gostava do espírito dele” porque era “engraçado”, “um menino doce” e “uma pessoa com quem se podia conviver, falar“.

“Armas a mais para quem tinha medo de moscas”

O avô de João confirma ao CM que o neto “tem uma doença” que lhe afecta a fala e que, por isso, “falava menos com as outras pessoas”.

O jovem era natural da aldeia Lapa Furada, no concelho da Batalha, em Leiria, onde vive a família. A casa dos pais terá também sido alvo de buscas, mas o avô do rapaz garante ao CM que a polícia não encontrou lá nada de suspeito.

O homem de 89 anos ainda revela ao jornal que a mãe ia “de 15 em 15 dias fazer limpeza” à casa onde o filho vivia em Lisboa. “Andava sempre a zelar por aquilo e de um momento para o outro aparecem lá armas”, lamenta o avô, incrédulo com a situação.

Ele nem sabia pegar numa arma, nem uma enxada ou um serrote, como é que aparece com armamento”, refere ainda o avô de João, caracterizando-o como “tranquilo, caseiro e bom estudante”.

São armas a mais para um rapaz que tinha medo de duas ou três moscas, de qualquer bichinho”, diz ainda o idoso.

“Passava noites e dias a ver vídeos violentos”

A PJ também encontrou vários vídeos violentos, no seu computador, de massacres em massa levados a cabo em escolas em outros países. João teria “uma obsessão com este tipo de vídeos, partilhando-os nas redes sociais”, segundo o que apurou a PJ e revela o Expresso.

O JN destaca que João “passava noites e dias a visualizar vídeos violentos, de tal forma que as imagens de morte e sangue lhe moldaram a personalidade, já de si introvertida, antissocial”.

A ida para Lisboa, quando entrou no primeiro ano do curso de Engenharia Informática, no ano passado, “terá contribuído para aumentar o seu isolamento do mundo“, refere também o Público.

O jovem que entrou na FCUL com média de 19 valores viveria “isolado” no quarto alugado e não manteria contactos com os outros estudantes que viveriam na mesma casa.

João terá assumido, perante os inspectores da PJ, que estaria a planear o ataque há meses, como constata ainda o Público.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Parece… Que além de uma personalidade diferente, consumia o veneno que está ao serviço de qualquer um.
    A mistura só poderia ser explosiva.

    Anos e anos de cultura de violência, a maior parte toda vinda dos USA, sejam jogos ou filmes.
    CSI, Crimes, Fortenites GTAs e afins
    Os pais, em parte, são responsáveis pela formação e educação dos filhos.
    Vamos ver como sai a próxima geração

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