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Vem aí a “tempestade perfeita”. Plano do Governo não prepara SNS para o Inverno

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Giuseppe Lami / EPA

Figuras de destaque da Saúde apelam ao Governo para avançar já com as medidas que estão em falta, para garantir que o Serviço Nacional de Saúde é capaz de responder aos portugueses no Inverno, no “cenário de tempestade perfeita”.

O apelo surge depois de profissionais de saúde e bastonários terem criticado o Ministério da Saúde por não ouvir quem está no terreno.

A carta, assinada por Luís Campos, da Federação Europeia de Medicina Interna, Kamal Mansinho, infecciologista, Paulo Telles de Freitas, diretor de Medicina Intensiva do Hospital Amadora-Sintra, Victor Ramos, da Escola Nacional de Saúde Pública, e Constantino Sakellarides, ex-diretor-geral da Saúde, foi publicada na sexta-feira pelo Expresso e avisa o Governo que o pior ainda está para vir.

“Se até aqui não fomos sujeitos a um teste de stresse máximo e a resposta foi eficaz graças à dedicação dos profissionais, à paragem da atividade programada e à redução da procura, corremos o risco de o próximo inverno pôr a nu fragilidades críticas do SNS, como reduzida integração entre os cuidados, falta de recursos humanos e financeiros e excesso de centralismo nas decisões”, lê-se.

“As urgências hospitalares vão colapsar […] o internamento irá transbordar” e teremos “muitos médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e operacionais exaustos”, adianta ainda a missiva.

O frio, a gripe, as listas de espera, a eventual segunda vaga e a restante atividade vão colocar Portugal “perante circunstâncias excecionais e problemas complexos, que exigem medidas excecionais, atempadas, construídas de forma participada, com o acordo dos vários grupos profissionais”.

“A Saúde não planeou, não teve uma estratégia. Já pedimos o plano para o inverno e estamos à espera que nos chamem. O plano já devia estar feito há pelo menos um mês”, critica Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, em declarações ao semanário.

A responsável sublinha que a vacinação contra a gripe é uma das medidas essenciais e que o plano de vacinação anda não chegou. Por sua vez, Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, destaca que, no terreno, o receio de uma segunda vaga é grande.

“Temos de saber com tempo o que vamos fazer aos mais de 100 mil doentes crónicos institucionalizados e, no inverno – quando todos tiverem febre, tosse e dor de garganta -, saber como passar a mensagem de que é preciso presumir que todos têm covid e devem ficar em casa, exceto se tiverem falta de ar ou complicações de outras doenças”, disse.

Já a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, questionou se o Governo vai aproveitar os 3.500 farmacêuticos para administrarem vacinas e evitar a concentração nos centros de saúde. Para já, ainda não há uma resposta para esta pergunta.

ZAP //

8 Comments

  1. Com os governos portugueses é tudo em cima do joelho e á ultima da hora. Quando as calamidades estão a cair em cima é que tentam fazer algo, que sai quase sempre uma valente M—- até lá andam a passear como se nada fosse. A desgraça só acontece aos outros… COITADOS do povo porque os politicos são a pior GENTALHA que existe. NÃo querem saber do povo para NADA, só para ir votar, até ver porque daqui a nada estamos num estado ditador e aí já nem p/ votos precisam do povo. Auto elegem-se… Acordem.

  2. Os profissionais de saúde tiveram o que pediram, a Champions em Portugal… votaram neles aguentem se com eles, eu não votei neles e tenho de aturar a merda que fazem durante os anos que lá estão…

    Se querem melhores resultados façam escolhas diferentes…

  3. SABIAM QUE…

    1 – De 1 a 26 Julho 2020 temos um excesso de mortalidade (NÃO Covid-19: 1738) +12x a mortalidade Covid-19 de Julho 2020 (143)
    2 – De 1 a 26 Julho 2020 MORRERAM EM EXCESSO (NÃO Covid-19) MAIS PESSOAS (1738) DO QUE AS QUE MORRERAM DE COVID-19 DESDE MARÇO ATÉ AGORA (1719)
    3- O excesso de mortalidade total (NÃO Covid-19) de Março 2020 a 26 Julho 2020 (em relação à média do mesmo período de 2015-2019) é de 3568

    Mais dados em https://www.facebook.com/MariaSpinola/posts/10224128755863916

    E a juntar a tudo isso, ainda temos isto (e NÃO é de agora): https://youtu.be/J7YogYD2JOg?t=5m7s

    • O problemas das pessoas é este tipo de desinformação. A taxa de mortalidade de Covid-19 é baixa porque houve e há medidas para ajudar a manter essa taxa de mortalidade baixa. Vejam a taxa de mortalidade no Brasil, EUA, Inglaterra, Holanda, Suécia… onde as medidas foram muito menores do que as adoptadas em Portugal.
      Se começarmos a ignorar as medidas de precaução, rapidamente vamos entupir os serviços de urgência do SNS e com isso a taxa de mortalidade irá disparar… afinal temos o exemplo do que aconteceu em Itália, onde inicialmente também foi ignorada a gravidade do Covid-19 e foi o que foi, nem as agências funerárias tinham mãos a medir para enterrar os mortos…
      Quanto mais rapidamente seguirem as medidas de prevenção, mais rapidamente conseguimos vencer o virus. Mas para isso é preciso que TODOS sigam as medidas de prevenção para acabarmos com as cadeias de transmissão…
      Virem com teorias de que as taxas de mortalidade são mais baixas que noutras doenças em nada nos vai ajudar a combater a pandemia…
      E caso não se lembrem, uma infecção por Covid-19, em 50% dos casos, deixa mazelas nos pulmões e cérebro, sendo que muitas mortes podem advir mais tarde após infecção pelo Covid-19: https://tvi24.iol.pt/tecnologia/estudo/o-que-a-covid-19-pode-fazer-ao-nosso-cerebro

      • Mike,

        Primeiro, o que foi feito é passado. Agora é hora de olhar para o futuro e não deixar morrer pessoas em excesso por outras causas que não o Covid-19. Ou seja, não deixar a taxa de mortalidade disparar, quer seja covid-19, ou não.
        Neste momento, a taxa de mortalidade NÂO Covid-19 já disparou!!!
        O que estamos a fazer para reverter isso?

        Nota: No entanto, existem muitas imprecisões em relação ao que escreveu, e apenas vou mencionar a maior imprecisão: “Quanto mais rapidamente seguirem as medidas de prevenção, mais rapidamente conseguimos vencer o virus. Mas para isso é preciso que TODOS sigam as medidas de prevenção para acabarmos com as cadeias de transmissão…” –> o vírus só se vence quando ficar endémico e não irá desaparecer tão rápido https://www.facebook.com/falaportugal/videos/922204144929270

        Ou seja, temos de saber viver com ele, e proteger os grupos de risco, que NÃO é isso que temos feito. Por exemplo, nos lares. Porque andaram testar a tordo e a direito à caça de assintomáticos, e porquê deixaram de testar sistematicamente os lares?

  4. Pois, no início não faltaram gabarolices de que tudo marchava sobre rodas, quando demos por ela, estávamos nos primeiros lugares europeus como dos piores, o outono/inverno aproximam-se a passos largos, o caos nos hospitais de todos os invernos é bem conhecido, imagine-se agora com o Covid 19 à mistura, muitos de nós iremos ser rejeitados e as condições de trabalho dos nossos profissionais de saúde nem é bom pensar e no final o resultado será o mesmo que acontece todos os anos com os fogos, muitas promessas e no final tudo na mesma. A prevenção em qualquer dos casos será a arma mais eficaz, mas os políticos não se dão a tal trabalho que até ficaria mais barato.

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