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Perante a pandemia, Irão suplica levantamento das sanções. EUA rejeitam

Sajed.ir / Wikimedia Commons

Ayatollah Ali Khamenei, Líder Supremo iraniano

Perante a pandemia de Covid-19, o Irão tem suplicado aos Estados Unidos que levantem as sanções económicas impostas pela administração Trump. Porém, os EUA rejeitam, insistindo mesmo na “pressão máxima”.

Este domingo, o balanço no Irão dava conta de 1.685 mortos e mais de 21 mil infectados, a uma média de quase 1000 novas infeções por dia. Segundo o ministro da Saúde iraniano, o vírus está a matar um iraniano a cada dez minutos e a infetar 50 iranianos por hora.

Porém, de acordo com o jornal Público, há rumores de que o número de vítimas é cinco vezes maior e foram captadas imagens aéreas que mostravam enormes valas comuns escavadas para enterrar os mortos. Nos hospitais, faltam médicos, material e equipamentos.

Nos últimos dias, perante o cenário catastrófico verificado no país, o Irão suplicou aos Estados Unidos que levantassem as sanções económicas que a administração Trump lhe vem impondo desde que o Presidente norte-americano decidiu rasgar unilateralmente o acordo nuclear de 2015 há dois anos.

Sem o peso das sanções, os responsáveis iranianos acreditam que será possível “mobilizar todos os recursos disponíveis” para o tratamento dos doentes e para evitar que um colapso total da economia.

No entanto, os Estados Unidos não cedem, “A nossa política de pressão máxima sobre o regime é para continuar”, afirmou Brian Hook, representante especial do Governo norte-americano para os Assuntos Iranianos.

Na quarta-feira, Washington tinha anunciado novas sanções sobre indivíduos e empresas envolvidas na “compra, aquisição, venda, transporte ou publicitação de produtos petroquímicos iranianos”. Segundo Hook, foi enviada uma nota diplomática para Teerão, em que se oferecia ajuda no combate à Covid-19, que foi, no entanto, “rapidamente rejeitada” pelo Governo iraniano, uma vez que não haveria suspensão das sanções.

Por outro lado, a República Islâmica rejeita esta versão. “Charlatães e mentirosos”, acusou, num discurso televisivo, o Ali Khamenei, Supremo Líder do Irão.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão também apontou o dedo a Washington. “A Administração dos EUA orgulha-se alegremente de matar cidadãos iranianos no Noruz [o Ano Novo persa]”, acusou Mohammad Javad Zarif. “A Casa Branca está a elevar a sua pressão máxima a novo nível de desumanidade, com o seu total desprezo pela vida humana”.

Mas não é só o Irão que pede o levantamento das sanções. Com ligações estreitas ao país, também a China e a Rússia têm feito o mesmo apelo.

Por outro lado, até o Reino Unido mostra que há aliados próximos preocupados, De acordo com o jornal britânico The Guardian, Londres tem feito esforços diplomáticos concretos para pressionar Donald Trump a tratar a ameaça da covid-19 como um problema global e a aliviar as sanções ao Irão.

A posição da Casa Branca, porém, é a de que as sanções não têm impacto no fluxo de ajuda humanitária e de bens médicos de primeira necessidade que podem entrar território iraniano.

ZAP //

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