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Angariações e recrutamentos. PCP luta para compensar perda de fundos e militantes

Miguel A. Lopes/ Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa

O ano não está a ser favorável para ninguém, e o PCP não é exceção. Já existem megaoperações em marcha e Jerónimo de Sousa alerta que é preciso “mobilizar todas as energias” para garantir independência financeira e angariar mais militantes para o partido.

Jerónimo de Sousa, no seu discurso de abertura do Congresso do PCP, referiu-se às dificuldades práticas – em termos de militância e de finanças – que o PCP atravessa.

É nestas duas dificuldades que assenta a preocupação do PCP. O partido referiu, durante o Congresso que se realizou no mês passado em Loures, que perdeu 4320 militantes em relação a 2016, e que os 3245 recrutamentos não são suficientes para compensar as perdas. Quanto às receitas não foi possível “superar a situação deficitária”, com um resultado financeiro negativo médio de 310 mil euros por ano.

Durante todo o congresso, foi notória essa preocupação, uma vez que os delegados foram ao palco prestar contas e falar dos resultados obtidos na mega-angariação de fundos e na campanha de “cinco mil contactos” para recrutar militantes que o PCP pôs em marcha por ocasião do centenário (que se cumpre em março de 2021).

Foi Jerónimo de Sousa quem começou por assumir as duas prioridades internas, ao lembrar o balanço que as teses fazem sobre a militância. O próprio congresso quis dar esses sinais, avança o Expresso.

Primeiro, ao escolher um delegado (João Norte, da indústria de moldes da Marinha Grande) que se juntou ao partido no âmbito da campanha para reforçar a influência nas empresas e locais de trabalho.

Depois, numa série de intervenções de delegados que focaram esses dois pontos. Neste sentido, uma congressista lembrava as dificuldades dos aposentados em aceitar um aumento de quotas e concluía que o partido vai juntando as “migalhinhas”, para se manter financeiramente independente.

Outra delegada, esta ligada ao sector dos transportes, assumia a dificuldade em reunir os militantes em mais do que “conversas individuais”, sendo necessário um esforço extra para “recolher quotas e cumprir tarefas”.

O alerta mais sério foi dado por Manuela Ângelo, membro do Comité Central e do mais restrito Secretariado (responsável pela parte logística e financeira).

A comunista pediu o “controlo financeiro e orçamental” das estruturas e apontou objetivos muito claros como “mobilizar todas as energias para garantir a independência” do PCP através da campanha de angariação de fundos, “a mais significativa que o partido promoveu”.

Para isso, será preciso “falar com cada membro do partido” para estabelecer um aumento das quotas em pelo menos um euro por mês, alargar a contribuição dos eleitos a cargos públicos, alargar a venda do “Avante!” e “prosseguir a política de rentabilização do património”.

A dirigente garantiu que foi cumprido, até agora, 60% do objetivo nacional, sem revelar valores.

Com as campanhas extraordinárias pelos 100 anos do partido, o PCP espera recuperar terreno, em militância e fundos.

ZAP //

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