O presidente do PSD anunciou esta terça-feira na reunião da Comissão Política Nacional que não se irá recandidatar ao cargo nas próximas eleições diretas, que propôs que se realizem já em dezembro, e sai mais cedo, se o partido quiser.
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, confirmou esta terça-feira, no Conselho Nacional do partido, que não se recandidata à liderança dos sociais-democratas. É a decisão que “faz sentido” depois da “surpresa” dos maus resultados para o PSD das eleições autárquicas.
“Não me tendo demitido, não significa que não deva mostrar total disponibilidade para não perpetuar, por mera questão de calendário, a marcação de eleições internas e respectivo congresso. Se esse for o desejo do Conselho Nacional, podemos fazer directas em Dezembro”, disse Pedro Passos Coelho.
“Se eu permanecesse vitorioso à frente do PSD, como líder do PSD, em vez de estar a construir uma alternativa de Governo, estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder do partido e de que estava a resistir ceder o lugar a quem tem melhores ideias, melhores estratégias para levar o partido a melhor porto”, justificou Passos Coelho, em intervenção aberta à comunicação social.
Segundo o presidente do PSD, as eleições não podem ser marcadas para mais cedo porque “é preciso respeitar as nossas regras democráticas, que estão muito testadas, que as eleições decorram com transparência, que todos tenham tempo para pagar quotas, angariar apoios e fazer listas, e dois meses e meio é tempo para se fazer bem as coisas”.
Na noite das eleições autárquicas, no domingo, nas quais o PSD obteve o seu pior resultado de sempre, Pedro Passos Coelho reiterou que não se iria demitir na sequência de resultados de eleições locais, mas prometeu uma “reflexão ponderada” sobre se iria ou não recandidatar-se ao cargo nas diretas previstas para o início do próximo ano.
Naqueles que terão sido os piores resultados de sempre do PSD em eleições autárquicas, os socias-democratas asseguraram a presidência de 98 câmaras municipais – uma perda de 8 autarquias em relação a 2013, que já tinha sido o pior resultado de sempre do partido em autárquicas, com 106 presidências.
À cabeça dos eventuais candidatos à sucessão do ainda líder do PSD perfilam-se agora o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, e ex-líder do grupo parlamentar do PSD, parlamentar Luís Montenegro.
Segundo garantem fontes sociais democratas, “não há margem de recuo” para o ex-autarca: Rui Rio, que tem intensificado contactos políticos dentro do partido nas últimas semanas, vai avançar já, à espera que Passos se demita.
De acordo com as mesmas fontes, “o timing de Montenegro seria outro. Jogava num confronto Rio/Passos, com um deles a ir às legislativas de 2019 e só depois avançaria”. Agora consideram também inevitável que Montenegro avance.
Entretanto, em declarações ao Falar Claro, da Renascença, Nuno Morais Sarmento defendeu que no PSD há três figuras incontornáveis quando se pensa em eleições internas: Luís Marques Mendes, Pedro Santana Lopes e Rui Rio.
“É necessário conhecer a vontade destes três nomes, que serão, à partida, os primeiros candidatos às directas caso se confirme que Passos Coelho não se recandidata”, afirmou o ex-ministro de Durão Barroso.
“No próximo congresso do PSD, Nuno Morais Sarmento não será um dos candidatos“, adiantou entretanto o ex-ministro.
Santana admite poder avançar
O ex-presidente do PSD Pedro Santana Lopes admitiu esta terça-feira estar a ponderar uma candidatura à liderança do partido, na sequência da decisão de Passos Coelho de não se apresentar, afirmando que tem recebido muitas mensagens de incentivo.
“Estou a ponderar, obviamente”, admitiu o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, na Sic-Notícias, no seu habitual espaço de debate com o socialista António Vitorino.
O ex-líder social-democrata, que chegou a chefiar o executivo na sequência da ida de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, assegurou que apoiaria Passos Coelho, se este tivesse decidido voltar a candidatar-se à liderança.
Santana Lopes deixou uma mensagem aos que pretendem “consensos fabricados” em torno de potenciais líderes ou que se pretendem apresentar somente com apoios dos barões do partido.
“Esses consensos fabricados antes de tempo, nunca gostei, nem gosto”, acentuou, deixando ainda um recado: “mesmo que alguém corra a apresentar-se com nomes de barões e baronetes, quem vota são os militantes”.
Conselho Nacional reúne para marcar diretas
O secretário-geral do PSD propôs hoje no Conselho Nacional a realização de um nova reunião daquele órgão na próxima segunda-feira para marcação de eleições diretas internas e do Congresso social-democrata.
A proposta feita por José Matos Rosa na reunião do Conselho Nacional do PSD que decorre num hotel de Lisboa desde cerca das 21:25 surgiu na sequência da ideia avançada pelo presidente do partido, Pedro Passos Coelho, em antecipar o calendário previsto para as eleições diretas e o Congresso do partido.
Esse calendário previa a realização de um Conselho Nacional a meio de novembro para marcar as diretas e a reunião magna do partido, com as eleições internas a decorrerem entre o final de janeiro e o início de fevereiro e o Congresso um mês depois.
ZAP // Lusa