O presidente da Câmara de Cascais voltou a criticar a liderança do líder do PSD e, em sentido contrário, deixou rasgados elogios ao seu antecessor.
Numa entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença, Carlos Carreiras voltou a fazer rasgados elogios ao ex-líder do PSD, Passos Coelho, tendo afirmado que estaria na “primeira fila” para o receber.
“Disse que estaria na primeira fila, quando, e a que lugar, Passos Coelho quiser concorrer, porque acho que lhe devo isso, não enquanto militante do PSD, mas enquanto português”, começou por dizer o social-democrata, acrescentando que “foi um grande estadista”, que “teve de ultrapassar dificuldades monstruosas, sempre na defesa dos superiores interesses da República”, mas também “dificuldades na sua vida pessoal”.
Porém, o presidente da Câmara de Cascais considerou que “não é justo pressionar”, até porque “no caso dele seria contraproducente”. “Passos Coelho responde pela sua cabeça e pela sua consciência. Depende muito da própria análise que ele faz, porque é um ato de vontade. Nunca acreditei em ‘Dom Sebastiões’, nem ele acredita. Agora, se tiver essa vontade, esse ensejo, acho que o país não pode desperdiçar um homem com as capacidades dele”, declarou.
“Passos Coelho não é o passado, é o presente. Não tenhamos dúvidas sobre isso. (…) Seria desejável que houvesse uma geração mais nova que se apresentasse, porque o mundo está diferente”, disse ainda o autarca.
Apesar de serem muitos os elogios aos ex-líder, o mesmo não se pode dizer da relação que mantém com o atual. Carreiras considerou que a liderança de Rui Rio tem tido vários indicadores “negativos” e que “tem havido uma preocupação maior em fazer oposição a militantes do PSD do que uma oposição maior ao próprio Governo”.
Há uns dias, numa entrevista ao jornal online Observador, o líder social-democrata afirmou que o autarca de Cascais foi o “principal responsável” pela “desgraça” do resultado do PSD nas eleições autárquicas de 2017, em que foi o coordenador autárquico.
Questionado sobre essas declarações, o presidente da Câmara disse concordar que, “de facto, há quatro anos, o resultado foi mau, péssimo”, mas destacou que “esse resultado não é só fruto do coordenador autárquico”, mas também dos “dirigentes concelhios, que têm de escolher os candidatos” e das “estruturas distritais, que têm de os validar”.
O social-democrata devolveu as críticas a Rio, considerando que também é preciso ter essa análise por parte do líder “em relação aos resultados das últimas legislativas e europeias, porque foram dos piores resultados que o PSD teve“.
Apesar desta relação tensa, Carreiras espera voltar a ser o candidato validado pela direção nacional para Cascais, embora aqui volte a criticar o líder por “desrespeitar” os estatutos do partido, acusando-o de tentar impor candidatos autárquicos.
“Ao que parece, e posso estar a ser injusto porque ainda vai sair muita coisa, o líder do partido disse que nomeava um conjunto de candidatos. Ora, isso não está previsto nos estatutos do partido. Nem sequer é o líder, é a própria comissão política nacional que não pode impor candidatos. Pode homologar ou não o que vem proposto da distrital”, respondeu, referindo-se ao caso de Coimbra.
“A ficar provado que o candidato não é o doutor Nuno Freitas e que é um nome imposto, é muito perigoso o líder do partido ou a comissão política fazerem opções dessa natureza de desrespeito dos próprios regulamentos internos. Ou tinha alterado os estatutos ou então ir em incumprimento dos estatutos é complicado”, acrescentou.
Sobre qual seria, para si, uma vitória do PSD nas próximas autárquicas, Carreiras disse que, “enquanto laranjinha”, “era ganhar e ganhar a maioria das câmaras municipais”, no entanto, também disse ter os “pés no chão”.
“Aí estou de acordo com o líder do partido. Ele colocou como objetivo aumentar o número de câmaras, aumentar o número de eleitos e estabelecer uma maior afirmação do partido em certas zonas.”
“Na noite das eleições não haverá nenhum partido que perca as eleições. O grande confronto é entre o PS e o PCP. O PCP teve uma hecatombe nas autárquicas e vai necessitar de recuperar alguma dessa força”, lembrou ainda.
Ainda sobre Rui Rio, o autarca afirmou não estar em desacordo “com o conteúdo que tem sido transmitido pela liderança”, mas sim estar em “profundo desacordo com muitas das formas como essa liderança se tenta afirmar”. “Não acredito que se consiga afirmar lideranças daquela forma”, destacou.
No entanto, a seu ver, “é mais ou menos óbvio” que Rio vai estar no cargo até às legislativas, uma vez que “os mandatos são para cumprir”. “O mandato do doutor Rui Rio acabará no princípio do próximo ano. Num país e num partido democrático, sujeitar-se-á a votos. Já o ouvi dizer que, consoante essa avaliação das autárquicas não está agarrado ao lugar e que se vai embora. É uma avaliação que ele terá de fazer”.
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