Há passageiros que circulam nos comboios Intercidades sem pagar bilhete, sobretudo nas viagens entre Lisboa e Faro, por problemas de cobrança a bordo.
Segundo o Diário de Notícias, os problemas na cobrança a bordo dos comboios Intercidades estão a permitir que muitos passageiros consigam viajar sem pagar bilhete. A CP assume que esta situação se tem repetido nas últimas semanas, sobretudo no troço entre Lisboa e Faro, que passa por várias estações sem bilheteira.
“A CP tem conhecimento de que, em dias de maior procura, se verificam situações com clientes que, não tendo comprado a sua viagem antecipadamente num dos diversos canais disponíveis, entram nos comboios sem previamente validarem com o revisor do comboio se existem lugares disponíveis e sem adquirirem a viagem junto dele, como deveriam fazer em cumprimento da regulamentação em vigor”, refere fonte oficial ao Dinheiro Vivo.
Os utentes apenas podem utilizar os serviços de longo curso (Alfa Pendular e Intercidades) se reservarem lugar com até 60 dias de antecedência, o que significa que a empresa está a perder receitas devido a estes episódios.
O jornal recorda que os bilhetes para os Intercidades podem ser comprados através dos serviços da CP (site, app, linha de atendimento e bilheteiras), através das caixas de multibanco e de agências de viagem.
No entanto, como a empresa “não tem presença de meios para a compra de bilhetes em algumas das estações“, “é obrigatório que o passageiro se dirija ao agente da CP, antes ou imediatamente após embarque e antes de ocupar lugar, para solicitar a aquisição do respetivo título de transporte” que só pode ser feito em numerário, refere o documento das condições gerais de transporte da CP.
Só que, como explica o DN, no interior da viatura, o revisor acaba por não chegar a estes passageiros que não compraram o bilhete antes de entrarem no comboio.
A CP alega que “tendo em consideração o movimento de passageiros nestas estações e a quantidade de comboios que efetuam paragem nas mesmas, não se justifica a abertura de bilheteiras”. Em declarações ao diário, o coordenador da comissão de trabalhadores, José Reizinho, lamenta o facto de a empresa estar “a trabalhar abaixo dos recursos mínimos”.
No início de julho, foi noticiado que a CP está “à beira do colapso”, tendo sido obrigada a reformular os horários neste mês de agosto, ou seja, passando inevitavelmente por uma redução da oferta, com menos comboios em praticamente todas as linhas e serviços.
Em causa está o facto de as viaturas estarem avariados ou em muito mau estado, tendo de substituir alguns comboios por autocarros e, noutras situações, por outros comboios de categoria inferior.
Esta terça-feira, a imprensa nacional avança que a administração da CP está de saída. O conselho de administração, composto por Carlos Nogueira, Abrantes Machado e Ana Malhó, vai sair do cargo e a tutela já está à procura de uma nova equipa.