“Nunca vi nada assim.” Pandemia faz disparar pedidos de ajuda ao Banco Alimentar

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Têm chegado todos os dias pedidos desesperados ao Banco Alimentar Contra a Fome. “Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca vi nada assim”, lamenta a presidente.

Em entrevista à Rádio Renascença, Isabel Jonet confessou que, em 27 anos de carreira, nunca viu nada assim, referindo-se ao aumento dos pedidos de ajuda ao Banco Alimentar Contra a Fome no contexto da pandemia de covid-19.

“Estamos a falar de 11.500 novos pedidos de apoio alimentar só este domingo de manhã. E isto são agregados familiares. Portanto, estimo que sejam à volta de 55 mil pessoas que se dirigiram à rede de emergência” desde a chegada do novo coronavírus a Portugal, disse.

A responsável referiu que os pedidos “desesperados” chegam de pessoas que viram as suas vidas prejudicadas com a pandemia. Desde dentistas a motoristas, estes são os novos pobre que o novo coronavírus criou.

“São pessoas de profissões muito, muito diversas. Desde os motoristas de táxi ou de Uber, pessoas que trabalham em ginásios, fisioterapeutas, dentistas, trabalhadores de circos ambulantes, feirantes, cabeleireiras, manicures, pessoas das profissões ligadas ao turismo. E aquilo que temos hoje é um grande número de pessoas que, de repente, não têm qualquer rendimento ou remuneração”, revelou a presidente.

“Graças às instituições de solidariedade social e às juntas de freguesia e autarquias, que no terreno têm apoiado com grande, grande solidariedade, penso que temos conseguido minorar o sofrimento destas pessoas. Mas há muitas pessoas que nos chegam hoje ao Banco Alimentar que dizem estar há mais de dois dias sem conseguir nada, no frigorífico têm apenas restos. São situações reais, muito, muito duras. Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca vi nada assim”, lamentou.

Para a responsável, enquanto não reabrirem os estabelecimentos de ensino, muitas destas pessoas não têm condições para regressar ao trabalho, continuando sem remuneração.

Isabel Jonet fez ainda um apelo à população, para que “não se esqueçam de que muitas pessoas não têm como alimentar os filhos”. Nesse sentido, o Banco Alimentar abriu um canal online para recolha de donativos, que pode ser consultado através deste link.