O PAN vê convergência em algumas das medidas emblemáticas do programa do Governo, mas defende que o documento tem “lacunas significativas em áreas chave”.
O PAN apontou este domingo uma convergência em algumas das medidas emblemáticas do programa do Governo, aprovado no sábado, mas em comunicado defende que o documento tem “lacunas significativas em áreas chave”.
Em comunicado, o PAN afirma que “o programa apresentado inclui algumas das principais reivindicações” do partido.
“O programa do Governo tem alguns pontos que se cruzam com o programa do PAN, o que significa que existe convergência para fazer avançar algumas matérias relevantes para o país, no entanto, existem lacunas significativas em áreas chave”, defende o partido que elegeu a 6 de outubro quatro deputados.
Entre as convergências que o PAN identifica estão, por exemplo, a antecipação do encerramento das centrais termoelétricas do Pego para 2021 e de Sines para 2023, a proibição dos plásticos de uso único até final de 2020, o aumento do salário mínimo nacional, ainda que não para os 800 euros que o partido pretende, ou o aumento da idade mínima para poder assistir a uma tourada, acolhendo “recomendações do Comité dos Direitos das Criança da ONU que instou Portugal a afastar as crianças e jovens da violência da tauromaquia”.
Destacam ainda os objetivos de dar mais autonomia às escolas e um modelo de gestão democrática, a redução dos quadros de zona pedagógica nos concursos de professores, que determinam a extensão da área geográfica em que um docente pode ser colocado, maior investimento em cuidados de saúde primários e a manutenção da CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública).
“O PAN reporta como positivo o compromisso do Governo de manter a CRESAP, mas entende que fica a faltar ainda garantir a sua verdadeira autonomia e um papel mais preponderante no recrutamento”, defende o partido de André Silva.
No entanto, “apesar de se reconhecer como positiva esta aproximação”, o PAN defende que “ainda há um caminho importante a fazer, designadamente em matérias fundamentais como o combate à corrupção”.
Acrescenta ainda “o reforço dos meios afetos à Polícia Judiciária e Ministério Público” e a necessidade de “uma real monitorização da aplicação da lei de bases de habitação e do arrendamento acessível com vista a acompanhar as efetivas necessidades das famílias, dos estudantes, dos jovens, dos idosos e das pessoas em situação de sem abrigo, assumindo, efetivamente, a habitação como o primeiro direito”.
Sobre animais, o PAN diz que o programa do Governo “continua aquém do que é necessário fazer”, pedindo a abolição da tauromaquia, o alargamento do crime de maus-tratos a outros animais que não apenas os de companhia e a redução da taxa de IVA para serviços médicos veterinários e alimentação.
Em matéria ambiental e energética, o PAN quer os privados e as comunidades a produzirem a sua própria energia e um compromisso do Governo para pressionar Espanha a encerrar a central nuclear de Almaraz, perto da fronteira com Portugal.
Em termos de carreiras na administração pública, defende que é preciso valorizar os profissionais da educação e da saúde e de garantir resposta a necessidades permanentes.
O Programa do XXII Governo Constitucional aprovado no sábado em Conselho de Ministros apresenta uma estrutura semelhante à do programa eleitoral do PS, mas diferente da tradicional organização temática por ministérios que caracterizou programas de outros executivos.
ZAP // Lusa