Palestiniano amarrado a capô de jipe por soldados israelitas. Tudo o que sabemos

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As imagens de homem ferido amarrado em veículo militar causaram indignação nas redes sociais.

“Riam-se” enquanto tudo acontecia. Exército de Israel admitiu o incidente e afirmou que a conduta dos soldados violou as normas da instituição. ONU acusa israelitas de usarem homem ferido como escudo humano.

As imagens provocaram indignação pelo mundo fora no passado sábado, depois de soldados israelitas amarraram um palestiniano ferido no capô de um veículo militar durante uma operação militar em Jenin, na Cisjordânia ocupada. O Exército de Israel admitiu o incidente e mencionou que os seus soldados violaram as normas da instituição.

As imagens da cena tornaram-se virais e mostram um homem, visivelmente ferido, amarrado ao capô de um jipe militar enquanto o veículo percorre uma rua relativamente estreita. Apesar de transportar um ferido, o veículo militar passou sem parar por duas ambulâncias da organização Crescente Vermelho.

As imagens causaram indignação nas redes sociais. Vários utilizadores acusaram Israel de cometer crimes de guerra, e uma relatora das Nações Unidas sugeriu que os israelitas usaram o ferido como um escudo humano.

“É impressionante como um Estado fundado há 76 anos conseguiu virar o direito internacional literalmente do avesso”, escreveu Francesca Albanese, líder da relatoria especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, na rede social X.

Abdulraouf Mustafa, um motorista de ambulância palestiniano, disse que os soldados israelitas se recusaram a entregar-lhes o ferido. “O jipe passou e o homem ferido estava no capô”, disse Mustafa à Al Jazeera. “Um braço estava amarrado ao para-brisas e o outro ao abdómen. Passaram por nós. Recusaram-se a entregar-nos o paciente.”

De acordo com fontes médicas, o homem é Mujahed Azmi, de 24 anos, natural do campo de refugiados de Jenin. Encontrava-se na casa de amigos em Jabriyat, entre Burin e Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada.

“Riam-se enquanto pisavam a minha cabeça”

O Exército afirmou que o homem ficou ferido durante uma “operação antiterrorista” que procurava suspeitos na área.

“Em violação às ordens e protocolos operacionais, o suspeito foi levado pelas forças e amarrado ao veículo”, confirmou o Exército de Israel, admitindo que este modo de atuação “não está de acordo” com os seus valores e que investigará o ocorrido.

O homem ferido foi depois entregue ao Crescente Vermelho palestiniano.

Azmi contou à agência AFP que foi ferido por disparos e permaneceu mais de duas horas sem conseguir mover-se atrás de um veículo militar israelita. “Quando (os soldados) chegaram, pisaram a minha cabeça, agrediram-me no rosto, nas pernas e nas mãos, que estavam feridas. Riam-se“, relatou.

Os militares “lançaram-no sobre o capô do jipe”, que estava com a superfície extremamente quente, segundo o palestiniano.

De acordo com os soldados das IDF envolvidos no incidente, Azmi concordou em ser transportado daquela maneira por não haver mais espaço no jipe. As mesmas tropas sublinham que a distância que seria percorrida era de apenas 70 metros, afirmam, de acordo com a Ynetnews.

Médicos do hospital Ibn Sina de Jenin confirmaram que Azmi continua internado no local, com “uma fratura e lesões”, e foi submetido a uma cirurgia de emergência e terá que ser sujeito a outras operações, afirmou Bahaa Abu Hamad, cirurgião do hospital. “Tem uma queimadura nas costas, desde a nuca até à parte inferior das costas“, acrescentou.

Jenin é um bastião de grupos armados palestinianos, e o Exército israelita realiza operações frequentes na região.

Mais de 500 mortos na Cisjordânia

A violência na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, intensificou-se desde o início da guerra entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro.

Pelo menos 553 palestinianos morreram na Cisjordânia em ações das tropas e dos colonos israelitas desde o início da guerra de Gaza, segundo as autoridades palestinianas. Além disso, pelo menos 14 israelitas morreram em ataques executados por palestinianos no mesmo período, de acordo com dados divulgados pelas autoridades israelitas.

Guerra vai continuar (mesmo com cessar-fogo)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo que os combates intensos contra o grupo islamita palestiniano Hamas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde o exército israelita lidera uma ofensiva terrestre, estão “prestes a terminar”.

“A fase intensa da luta contra o Hamas está prestes a terminar. Está prestes a terminar. Isto não significa que a guerra esteja prestes a terminar, mas a guerra na sua fase intensa está prestes a terminar em Rafah”, afirmou Netanyahu numa entrevista ao canal israelita 14.

Segundo a Al Jazeera, o líder israelita reiterou que não aceitaria qualquer acordo que exigisse o fim da guerra no Médio Oriente e indicou também que não aceitará qualquer acordo “parcial”. “O objetivo é recuperar os reféns e desenraizar o regime do Hamas em Gaza”, reforçou, naquela que foi a sua primeira entrevista a um canal de televisão israelita desde o início da guerra contra o Hamas, em 7 de outubro

O primeiro-ministro de Israel acrescentou que, depois do final da fase intensa, se poderá “redistribuir algumas forças para norte”. “Fá-lo-emos, principalmente para fins defensivos, mas também para trazer os habitantes (deslocados) de volta às suas casas”, acrescentou.

ZAP // Lusa / DW

8 Comments

  1. Ai se fossem os Russos, ai se fosse o Hamas. Estes fazem tudo e a comunicação social caladinha. Isto é só uma fração daquilo que o ISD faz. Quando foi sobre os bebés decapitados, era dia e noite a crucificação do Hamas, e mais tarde veio-se a provar que era mentira. Israel está acima de tudo.

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  2. Nada diferente a que os soldados Israelitas estao sujeitos as maos do Hamas, isto tudo, se nao forem expostos pelas ruas de Gaza…, antes de serem mortos e desmembrados por esses terroristas, com o tal “inocente” Povo de Gaza a aplaudir, claro esta, e como sempre, os terroristas do Hamas rodeados de criancas!!!!!!

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  3. Luis Pedro, ate parece que estas a ler a Noticia porque a Imprensa esta caladinha…, a tal Imprensa que diariamente Crucifica Israel, e tenta inocentar, e banalizar, um Grupo TERRORISTA!!!!!!

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  4. Tolerância zero para soldados que não dignificam a farda que usam, seja de que exército forem. Mas esta posição da onu nem sei se é para chorar ou para rir. O seu silêncio insurdecedor face aos crimes cometidos a 7 de Outubro, onde se inclui o assassinato brutal de crianças e a violação de centenas de crianças e mulheres, face ao assassinato e à violação de reféns, face ao uso da população palestina como escudo humano pelo Hamas, face à recusa dos terroristas em devolverem os reféns que ainda estão vivos, face ao roubo dos camiões com assistência humanitária por parte do Hamas e face a tantos outros crimes a serem cometidos diariamente é absolutamente repugnante.

  5. Luis Pedro – Mentira?!!!! Onde?!!! Eu vi!!! Infelizmente!!! Gostaria muito, mas mesmo muito de não ter visto. Nas horas a seguir ao massacre, antes da internet limpar os videos publicados pelo Hamas, tive a infelicidade de ver tal crime. Quando me apercebi do horror do que estava a acontecer e fechei o video, era tarde de mais. Já tinha visto e nunca, mas nunca vou conseguir esquecer da cabeça da criança cortada pendurada pelos cabelos na mão de um terrorista. Além disso, há relatos de muitos jornalistas de todo o mundo que viram os videos do massacre. Onde raio leu que era mentira?!!!! É indigno que alguém na europa civilizada se deixe enganar pela propaganda pró-hamas.

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  6. Quando os nossos familiares e amigos são violentados, violados, cortados às postas (literalmente), expostos em romaria e motivo de festa e comemorações, como aconteceu e deflagrou este conflito, como ficamos?
    Cheios de “paz e amor”? de medo? de revolta? remete-mo-nos à “conformação”?
    Sinceramente…
    E o que é relatado neste artigo, é um “puxão de orelhas”, não está cortado às postas…
    É muito bonito comentar, do lado de fora, sem enfretar a violência bárbara de seres humanos sem escrúpulos.

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