O receio que uma quarta vaga provoque um aumento descontrolado de infeções, especialmente durante as férias da Páscoa, levou vários países europeus a considerar medidas mais restritivas. Na Sérvia, por outro lado, há uma oferta maior do que procura por vacinas.
Em Itália, a partir desta segunda-feira 10 regiões italianas estão na zona “vermelha”, aquela com maiores restrições, e assim vão continuar para os três dias festivos da Semana Santa (3, 4 e 5 de abril), quando todo o país estará em confinamento.
A indústria hoteleira italiana está indignada devido à confirmação da permissão de realizar viagens ao exterior durante essa semana, enquanto o país está praticamente confinado com as atividades encerradas e a proibição de circulação entre regiões.
“Não posso sair da minha cidade, mas posso voar para as ilhas Canárias. É um absurdo que 85% dos hotéis italianos se vejam obrigados a permanecer encerrados”, indicou Bernabò Bocca, presidente da Federalberghi, a associação que reúne os hoteleiros do país, numa entrevista ao jornal Corriere della Sera.
Itália contabilizou 417 mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas e a pressão hospitalar aumentou, enquanto 12.916 novas infeções foram registadas, menos em comparação com os últimos dias devido a menos testes realizados, segundo o Ministério da Saúde.
Em França, a saturação nas Unidades de Cuidados Intensivos tem levado o setor da saúde a levantar a voz para exigir ao Presidente Emmanuel Macron um “verdadeiro confinamento” que permita reduzir a pressão a que estão submetidos.
Enquanto aguardam que a estratégia de vacinação se traduza numa desaceleração da epidemia, a sua constatação é clara: sem medidas mais restritivas, só terão a opção de transferir pacientes para regiões menos afetadas, abrir novas camas de reanimação ou selecionar os doentes que podem cuidar.
A taxa de incidência em sete dias chegou aos 362 casos por cada 100 mil habitantes, muito acima do nível de alerta de 50.
Mais a norte, a Alemanha vai exigir, a partir de agora, um teste negativo à covid-19 para quem entre no país através da via aérea, enquanto a chanceler Angela Merkel defende a restrição de movimentos internos e estuda como os ministros-presidentes das regiões implementam consistentemente as medidas acordadas.
A obrigatoriedade do teste foi introduzida como resposta às muitas reservas em Maiorca, em Espanha, quando as ilhas Baleares deixaram de ser consideradas como zona de risco e tem como objetivo garantir que os viajantes regressem saudáveis ao país, segundo o comissário para o Turismo do governo alemão, Thomas Bareiss.
O aumento da procura de viagens para Maiorca obrigou o Executivo a apelar à população a prescindir de viagens desnecessárias e a companhias aéreas e operadores turísticos a não oferecer voos adicionais, mas teve pouco sucesso.
A chanceler disse que uma medida estrita de limitação de movimentos da população, que até ao momento ainda não foi imposta na Alemanha, poderia ser eficaz.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Governo, Steffen Seibert, destacou que as medidas acordadas entre o governo federal e os responsáveis regionais oferecem “instrumentos eficazes” para o combate à pandemia.
Entre estas novas ferramentas, destacou o “travão de emergência” a ser aplicado a nível regional quando a incidência semanal ultrapassar os 100 novos casos por cada 100 mil habitantes: recolher obrigatório, redução de contactos e teletrabalho, que está a ser utilizado menos do que o desejado.
A incidência cumulativa na Alemanha continua a aumentar e é agora de 134,3 novos casos por 100.000 habitantes, com cerca de 211.500 casos ativos.
Em Espanha, foi prolongado, até 30 de abril, a restrição temporária de viagens não essenciais de países terceiros para a União Europeia e países associados ao espaço Schengen.
O país roça o alto risco de transmissão da doença (mais de 150 infeções por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) ao aumentar a incidência média cumulativa para 149,2 casos.
Sérvia tem mais oferta de vacinas do que procura
Milhares de cidadãos da região dos Balcãs vão ser vacinados contra a covid-19 na Sérvia, único país europeu que tem uma oferta maior do que a procura de vacinas, informaram os meios de comunicação social locais.
Desde a madrugada de domingo, formaram-se longas filas de pessoas em frente aos postos de vacinação de Belgrado, relatou a televisão N1.
“Não temos vacinas. Esta tem sido a única possibilidade de me vacinar”, declarou um cidadão da Bósnia-Herzegovina.
Muitas pessoas viajaram durante horas, sobretudo da Bósnia-Herzegovina, do Montenegro e da Macedónia do Norte, enquanto outros chegaram no sábado e passaram a noite nos seus carros.
As autoridades informaram que estão disponíveis 10 mil doses da vacina da AstraZeneca.
Cerca de 6500 cidadãos, na sua maioria estrangeiros, foram vacinados no sábado num centro de inoculação improvisado na Feira de Belgrado, informou o vice-presidente da câmara da capital, Goran Vesic.
Durante o fim de semana, cerca de 7500 empresários da região também já foram vacinados, a convite da Câmara de Comércio da Sérvia.
A Sérvia, com cerca de sete milhões de habitantes, já administrou mais de dois milhões de vacinas, segundo dados da plataforma Our World in Data, e cerca de 810 mil pessoas já foram inoculadas com as duas doses, o que o torna o país mais avançado da Europa Continental em imunizações.
No país, são administradas a vacina chinesa Sinopharm e a russa Sputnik V, além da americana-alemã Pfizer/BioNTech e a anglo-sueca AstraZeneca.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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